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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O protocolo de Kyoto

Você, certamente, já ouviu falar na mídia ou leu na imprensa sobre o protocolo de Kyoto. Mas será que sabe, realmente, do que se trata? Redigido no Japão, na cidade que determinou o seu nome, em 1997, o protocolo de Kyoto é um tratado internacional, pelo qual os países industrializados, membros da Organização das Nações Unidas, comprometem-se a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. A finalidade é reduzir o aquecimento global e buscar amenizar os impactos ao meio ambiente devido ao modelo de desenvoolvimento industrial e de consumo em voga no mundo atual.

Uma das principais diretrizes do protocolo de Kyoto é justamente que os países dito desenvolvidos busquem reduzir as emissões de gás carbônico em 5,2%, em relação qo que fora emitido em 1990,  no máximo até 2012. Este prazo que era, na época da assinatura do protocolo de 15 anos, agora é de apenas um ano! Uma coisa, porém, nesse aspecto dos tratados internacionais, é redigir um acordo, outra coisa é conseguir a sua ratificação entre os países para possibilitar a sua entrada em vigor. Podemos recordar o que ocorreu com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (http://alfabeta-zacharias.blogspot.com/2010/05/acordo-ortografico.html). As assinaturas para ratificar o protocolo de Kyoto começaram a ser colhidas em 1998, mas a entrada em vigor só foi possível em 2004, com a ratificação do protocolo por 55 países.

Até o momento, um total aproximado de 100 países já procederam à ratificação do documento. Muitos ainda não assinaram, pois alegam que as exigências do protocolo poderiam afetar o "desenvolvimento" dos seus países e acarretar uma recessão. Outros ainda questionam a validade das teorias sobre aquecimento global. Os Estados Unidos, o maior emissor de gases poluentes do mundo, e que atravessa uma crise de recessão, todavia, não assinaram o dito protocolo.

Até quando o Planeta suportará tamanho descaso? Fica a pergunta para a nossa reflexão.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cabo Verde: uma nação bilíngue

A língua é, seguramente, um dos elementos fundamentadores e estruturantes da identidade cabo-verdiana. Por isso, não se aborda este tema sem que se dê àquela um destaque especial. Cabo Verde tem a feliz ventura de possuir uma língua materna – o crioulo – falada por todo o seu povo, quer dentro, quer fora das ilhas. O crioulo é o principal elo de ligação e o melhor instrumento identidário do povo cabo-verdiano. Apesar das diferenças dialectais que possam existir entre as diversas variantes, de ilha para ilha, em geral, entendem-se em crioulo, seja qual for a ilha de que seja oriundo o falante ou o seu interlocutor. Em qualquer parte do mundo em que se encontre, o caboverdiano pode falar a língua do país em que reside ou que o acolhe, mas, seguramente, fala a sua língua materna. Enfim! O que une, indelevelmente, os cabo-verdianos (de Angola, de Cabo Verde, dos Estados Unidos da América, de França, da Guiné Bissau, da Holanda, da Itália, do Luxemburgo, de Moçambique, de Portugal, do Senegal, de S. Tomé e Príncipe, etc., etc.) é, antes de mais e sobretudo, a sua língua comum, a sua língua materna – o crioulo. Não há dúvidas, pois, que o crioulo está na essência da identidade do cabo-verdiano. Por isso mesmo, não se compreendem algumas interrogações ou, mesmo, alguma resistência que se opõe ao reconhecimento ou assumpção do crioulo como uma das línguas oficiais de Cabo Verde (ALMADA, 2006, p. 17).

O ethos cultural caboverdiano e a globalização econômica, política e cultural faz de Cabo Verde uma nação bilíngüe. No aeroporto de Fortaleza, por exemplo, nas chegadas e partidas dos vôos da Companhia de Transportes Aéreos Cabo Verde (TACV), é comum escutar cidadãos e cidadãs expressando-se com garbo no idioma crioulo. Muitos brasileiros ficam curiosos para saber que língua eles estão falando. É o idioma nacional. É isso que lhes dá uma identidade enquanto povo, enquanto nação.

Na verdade, se o rio é a certeza de que existe o lugar geográfico, como bem frisa Manoel Fernandes de Sousa Neto (1996), parafraseando Adélia Prado, podemos afirmar que a língua é a garantia de que um povo existe enquanto nação. No País Basco, por exemplo, povo que sobresiste, apesar de estar inserido em territórios geográficos da Espanha e da França, é considerado nacional Euskaldun aquele que fala a língua basca, como bem o diz a própria acepção da palavra. Podem, assim, todos os caboverdianos, ser considerados uma grande nação, pois estão consagrados pelo uso comum de um língua que a todos une como Pátria, Mátria, Frátria (GOMES, 2008, p. 43).

Embora não esteja ainda oficializado, do ponto de vista formal e gramatical, o crioulo é uma língua de tradição oral e já é ensinada até nos Estados Unidos, especialmente na região da Nova Inglaterra, onde vivem milhares de caboverdianos (2006, p. 19). No entanto, o alfabeto unificado para a escrita do crioulo (ALUPEC) já se encontra dotado de um alfabeto próprio com gramáticas, dicionários e livros de lição publicados. Pode-se dizer, portanto, que em Cabo Verde existem duas línguas oficiais: o Português e o Crioulo. O bilingüismo em Cabo Verde ainda está, é verdade, em processo de construção, mas, por sua natureza e circunstância histórica de colonização, o caboverdiano pode ser considerado desde já um povo bilíngüe.

O crioulo, a língua materna, une angolanos, caboverdianos, guineenses, moçambicanos, senegaleses, tomeenses e nacionais destes países nascidos além-mar e os transformam em povos de uma só nação. O português é a língua oficial, fruto da colonização por Portugal. Obviamente que em algumas nações e também para os que nasceram e se criaram em países de fala não portuguesa o bilingüismo pode ser crioulo-francês, crioulo-inglês ou crioulo-holandês. “O crioulo está de tal forma entranhado na identidade cabo-verdiana, que não é possível pensar o cabo-verdiano sem a sua língua materna, como ele próprio não se pensa e não existe sem a sua língua” (2006, p. 25).

Apesar da colonização por Portugal, são muitas as razões históricas e culturais que aproximam Cabo Verde dos Estados Unidos da América e do Brasil, até mesmo mais que da Europa. No país norteamericano vivem tantos caboverdianos quanto em Cabo Verde, podendo-se viver culturalmente em certas regiões, notadamente na Nova Inglaterra, em muitos aspectos como se estivesse vivendo em Cabo Verde. Já com o Brasil, além da proximidade geográfica, há laços históricos, culturais e de civilização que ligam os dois povos.

“Os cabo-verdianos sentem-se tão próximos, culturalmente e por características psicossomáticas, dos brasileiros, que os nossos poetas e cantores já chamaram Cabo Verde de “Brasilinho”, assim como hoje, já há brasileiros dizendo que o “Brasil é um grande Cabo Verde” (2006, p. 39). Do ponto de vista da economia, esta proximidade com o Brasil atrai muitos empresários, notadamente do ramo comercial, de Cabo Verde para o Brasil. Neste aspecto, o Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Ceará (Sebrae) mantém um serviço de apoio e cooperação com Cabo Verde.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Descartes e o modelo de desenvolvimento

Vivemos, atualmente, uma crise ambiental sem precedentes. Essa crise, pode-se dizer, vem sendo construída desde a época dos descobrimentos começou a ser urdida com mais intensidade no período da Revolução Industrial (século XIX) e passou a ser mais evidenciada e discutida a partir da segunda metade do século passado. Na realidade, as alterações ambientais acompanham a história da humanidade desde as sociedades mais primitivas, pois o homem sempre procurou adaptar o ambiente às suas necessidades, apropriando-se dos recursos naturais sem levar em conta a necessidade de estabelecer limites para esta exploração.

A antropocentrização do mundo, estabelecida por um modelo cartesiano de desenvolvimento que perdura até hoje, é o que tem determinbado o desenvolvimento econômico, que tem causado um impacto negativo significativo sobre o meio ambiente, deixando a humanidade à beira do colapso, pondo em risco a própria sobrevivência humana.

Atualmente, as atividades econômicas têm buscado satisfazer as ilimitadas necessidades do homem, através da utilização dos recursos naturais, em nome do maior bem-estar social. Mas é paradoxal, que o desenvolvimento atual deixe de pensar nas gerações futuras e promova, para a geração atual, melhores condições de vida sem considerar o equilíbrio ambiental. Nenhuma atividade econômica pode ser viável se a natureza, fornecedora dos insumos e receptora dos resíduos, estiver comprometida. É necessário, pois, uma radical mudança em nosso modelo de produção e consumo. Não basta, agora, portanto, reciclar, reutilizar, repor, é preciso consumir menos e também produzir menos.

Descartes e o modelo de ensino

O modelo cartesiano de ensino é aquele que privilegia a transmissão rígida dos saberes como a única maneira de ensinar, transformando os alunos em meros receptores passivos do conhecimento. Esse modelo de ensino utiliza-se de recursos tecnológicos, mas apenas como um meio para aplicação de exercícios mecânicos e de repetição.

René Descartes (1596-1650), Filósofo francês, cientista e matemático, é considerado o fundador da filosofia moderna e que acabou estabelecendo as bases da ciência moderna. Descartes criou um sistema de pensamento, no qual ele questiona a própria existência do mundo. Descartes desconfiava dos sentidos. Segundo ele, todas as ideias do mundo são falsas e, por isso, é preciso rejeitá-las. É o racionalismo (razão) em oposição ao empirismo (experimentação).

Penso, logo existo é a base da filosofia Cartesiana. Para Descartes, a dúvida é natural, própria dos seres racionais, ou seja, aqueles que pensam. Através da razão, é possível estabelecer a dúvida metódica e até revisar todos os conhecimentos adquiridos ou por adquirir.

O método da dúvida cartesiana apoia-se em quatro princípios:

1º) Não aceitar como verdade nada que não seja claro e distinto, ou seja, eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias; o certo ´se só aquilo que é irrefutável;

2º) Decompor os problemas em suas partes mínimas, isto é, todos os problemas devem ser propostos à investigação científica;

3º) Deixar o pensamento ir do simples ao complexo e não acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar;

4º) Revisar o processo para ter certeza de que não ocorreu erro para chegar ao verdadeiro conhecimento de tudo.

As principais obras de Descartes são:

1628 - Regras para a orientação do espírito, que traz conceitos do método cartesiano.
1637 - Geometria, com reflexões sobre a matemática, a física e a geometria.
1637 - Discurso do Método, mostra a razão como busca da verdade na ciência.
1641 - Meditações, com reflexões do discurso do método.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Desenvolvimento Sustentavel

Enrique Leff (2000), em seu estudo sobre ecologia, capital e cultura acredita que o desenvolvimento sustentável é possível se tiver como base uma perspectiva ecossistêmica, na qual o crescimento se dá a partir de um processo “ecologicamente sustentável, economicamente sustentado e socialmente justo e eqüitativo” (LEFF, 2000, p. 140). Mas o autor adverte que o desenvolvimento sustentável somente será viável com o avanço dos direitos de apropriação de comunidades rurais e do incremento da capacidade de autogestão deste setor. Leff, coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e Caribe, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), considera o ambiente como a visão de relações complexas e sinérgicas entre processos de ordem física, biológica, termodinâmica, econômica, política e cultural. O hábitat é o suporte ecológico do habitar ou a inscrição da cultura no espaço geográfico, onde o fator urbano torna-se insustentável.

O capital assumiu tal poder no atual modelo de desenvolvimento, de produção e de consumo que acabou transformando a cidade em um amontoado de pessoas, onde se congestiona o consumo, degrada-se a energia e acumula-se o lixo. A superexploração dos recursos naturais acontece no campo e na cidade e as consequências são: a desestruturação do entorno ecológico, o dessecamento dos lençóis freáticos, a extração dos recursos hídricos além da capacidade de suporte dos aquíferos e a saturação do ar. Tráfico, violência, turismo sexual, desigualdade social, pedintes, sem terra, sem escola, sem teto, sem comida, sem o mínimo necessário a uma vida digna são um “contrassenso da ideologia do progresso” (BOEIRA, 2002, p. 2). O “inchaço” das cidades está se dando porque o homem está sendo expulso do campo por falta de infraestrutura básica e, essencialmente, de políticas públicas adequadas para mantê-lo ali.

O saber ambiental é um processo complexo e em construção porque envolve aspectos variados e mudança de paradigma, tanto de quem consome, quanto de quem produz. Mas nem todos parecem dispostos a fazer esta mudança de hábito. A lógica do capital é o dinheiro, porém a capacidade de suporte do planeta é limitada. Por isso, talvez, haja uma tendência a condenar, por princípio, a modernidade e o liberalismo. Leff, de certa forma, parece permitir a compreensão da complexidade do saber ambiental, sem deixar ver que relação existe entre o saber e a modernidade. O pesquisador Genebaldo Freire, doutor em Ecologia, analista ambiental do IBAMA e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), em palestra no Ceará, em 2007, intitulada "Desenvolvimento Sustentável – Arrogância e Utopia", declarou:

Mantidos o cinismo das formas de produção, crescimento populacional, aumento do consumo e políticas totalmente afastadas da relação ser humano-ambiente, não há a menor possibilidade de desenvolvimento sustentável. Nem teoricamente. Esse termo é extremamente arrogante. O que precisamos é de "Desenvolvimento de Sociedades Sustentáveis". Essa história de "salvar o planeta" é bobagem. Primeiro porque o planeta não está em risco, segundo porque não teríamos condições de salvá-lo, nem ele precisa disso. O planeta sempre esquentou, passou por períodos de glaciação e vai continuar sua escalada. Daqui a sete e meio bilhões de anos o sol apaga, congela... (entrevista à repórter Natercia Rocha, Diário do Nordeste, 25/11/2007).
No Brasil a discussão sobre desenvolvimento sustentável ganha ênfase na mídia a partir da Conferência da ONU em Estocolmo, Suécia, em 1972, como discurso político-ecológico da relação do homem com a natureza. Foi, inclusive, a partir da década de 1970 que a “acumulação de capital tomou forte impulso em escala mundial com o desenvolvimento técnico, científico, dos meios de comunicação e de transporte” (MARTINEZ, 2006, p. 12).

A mídia tem papel relevante na construção da Agenda 21 local e, portanto, deve contribuir mais para informar a população sobre a existência de políticas públicas para o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. André Trigueiro (2003) diz que os jornalistas precisam da transversalidade para transformar conhecimento em experiências e vice-versa. O autor explica que, além de informar, a imprensa deve adotar papel educacional, esclarecedor e orientador das políticas governamentais e das ações ambientais que devem ser aplicadas pelo homem para evitar prejuízos ao meio ambiente.

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, é sempre celebrado com muitas ações por organizações ambientais, educacionais e governamentais. Livros sobre o tema são lançados, conferências são realizadas. Mas que não nos percamos todos pela efeméride e nos esqueçamos do meio ambiente no resto do ano. Todo dia é dia do meio ambiente. E, só lembrando, nós também fazemos parte do meio ambiente. Portanto, é preciso cuidar de cada um, em particular.

sábado, 11 de setembro de 2010

A Escola Vila

Os amigos costumam avaliar a qualidade de vida em Fortaleza pela proximidade do mar e de acesso às belas praias que nos oferece o Estado do Ceará. Mas para mim essa qualidade se manifesta pela qualidade de ensino que a Escola Vila tem para oferecer desde o maternal ao ensino fundamental. Quando nos mudamos para Fortaleza em 1994, nossa maior preocupação era essa: encontrar uma escola para nossa filha, então no maternal, com a qualidade oferecida pela que ela frequentava em Brasília. Foi uma surpresa. Encontramos uma melhor.

Por quê? A Escola Vila sempre leva em consideração o perfil do aluno e não enfoca seu ensino na preparação para o ENEM ou para o Vestibular. Na Escola Vila tem importância verdadeira o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento criativo e do senso crítico de cada um. É uma escola humana, onde todos se conhecem e são considerados como parte da teia da vida. E, apesar de ser uma escola paga, os alunos têm oportunidade de conviver com alunos bolsistas, pertencentes a classes de poder aquisitivo distintos e os amigos e amigas são escolhidos por afinidade.

Na Escola Vila, desde pequenos, os alunos são colocados em contato com a natureza, aprendendo, na convivência e na prática a respeitar os animais, que co-habitam em seu pomar, a plantar e colher plantas medicinais; são apresentados à economia solidária, estimulando o consumo à base de troca e não da compra; a solidariedade e o respeito aos mais velhos são trabalhados todos os anos com a visita a abrigos de idosos e distribuição de produtos não perecíveis arrecadados.

As artes, a cultura, a filosofia são trabalhados em todos os níveis do ensino e a inclusão social, com o atendimento e a aceitação de crianças especiais, que são inseridas nas salas junto com todos os outros alunos. Lembro-me de um período de hiperatividade de nosso filho, Nabar, na Vila desde que completou seu primeiro ano e começou a dar seus primeiros passos, em que ele estava constantemente na sala da diretora “danação”. A diretora, Fátima Limaverde, tranquilizou-nos com estas palavras: “Não se preocupem, essa geração de crianças índigos é mesmo assim inquieta e nós temos que aprender a aceitá-la”.

A Escola Vila, que acolheu nossa filha Nahia desde os seus 2 anos de idade, preparou-a tão bem que ela passou na prova de acesso para estudar Filologia Inglesa na Universidade do País Basco, Espanha, com disciplinas que iam desde português e história até filosofia e língua espanhola. Desde lá, Nahia enviou o seguinte depoimento:

Ainda que só tenha reconhecido depois de ter saído dessa escola, a Vila foi, principalmente durante minha infância, como uma segunda casa. Lá, aprendi valores que não esqueci, conheci pessoas das quais até hoje sou amiga e formei parte da minha personalidade e caráter. Gosto de que, diferente de outros colégios de Fortaleza, a Vila mantenha um contato mais próximo entre professores, direção e alunos, fazendo com que os alunos se sintam parte da escola. Além disso, o sistema de ensino também me agrada, pois não prepara os alunos apenas para enfrentar o vestibular, mas também a vida, coisa que o colégio tem como prioridade, em vez da citada prova. Reconheço que enquanto estudava lá, não dava à escola o devido valor, mas, agora que saí, percebo quão bons e proveitosos foram os anos que passei lá (Nahia Uribe de Oliveira, Donosti, Espanha).

Aos que pensam que a Escola Vila não prepara para a vida, esse depoimento pessoal de nossa filha, agora com 18 anos, não deixa margem a dúvidas. A Escola Vila prepara os alunos para o ENEM, para o Vestibular e, principalmente, para a vida. E isso é o que eu considero mais importante em uma escola.

Zacharias Bezerra de Oliveira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Avaliação

De repente, na Grécia Antiga, na Polis, naquelas homéricas assembleias que discutem, discutem e nada decidem, mas que iniciam ao que se veio a conhecer como Democracia. Tal qual o presepeiro Macunaíma diante de dismantelados desafios acompanho Zeus na subida dos três mil metros do Monte Olimpo, o ponto mais alto do país, situado ao norte, às margens do mar Egeu. Chego ao cimo bufando e com meio palmo de língua para fora. Com a baladeira enfrento o Minotauro e qual Teseu encontro a saída do Labirinto cretense com a ajuda de Ariadne. Com a (pré) tensão de enfrentar os Ciclopes transformo-me em Hades e sigo o caminho montado em Cérbero.

Montado em Pégaso sou Belerofonte e enfrento Amazonas com lamparina na mão; mato a Quimera e abro a caixa de Pandora, onde está encerrada a esperança. Na hora de pega pra capar, ajeito os cambitos e saio correndo. Não quero dar uma de Ícaro e escapo, assim, de morrer afogado nas águas do mar Egeu, como o filho de Dédalo. Moleque, safado, sacana, tal qual Macunaíma travestido de Hermes roubo o tridente de Poseidon, dou sumiço nas flechas de Apolo, engulo as espadas de Ares e resolvo honestar com o cinto de Afrodite.

Da Grécia passo à civilização Romana e apaixono-me por Vênus. Caio doente e quase morro de febre virulenta. Tal qual Fênix, ressurjo em forma de Pã e mergulho no lago Paranoá com a ninfa Salmácis, não consigo abraçá-la e imploro aos deuses do Planalto que nossos corpos não se separem jamais arriscando a terminar os dias Hermafrodito. Posso ter assumido a postura denominada pelos filósofos gregos de “admiração” pelos meus pares e ímpares. Em contrapartida, a proximidade ajuda-me na observação do objeto e a vê-lo também não apenas pelo que me parece, mas pelo que é; a ver com método e com mais precisão o quanto aprendi e ensinei na disciplina Didática no Ensino Superior. Agora, sim, sei que estou preparado para o desafio de ensinar e de aprender. Parabéns, parabéns e abraços a todos e todas. Esta é a minha forma de estar presente nesta festa. Um abraço, do Zacka.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Magri e o neologismo

O ex-sindicalista Antônio Rogério Magri, nascido em Guarulhos, São Paulo, a 26 de outubro de 1940, foi ministro do Trabalho durante o governo Fernando Collor de Mello. Magri foi eleito presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo para o período de 1978 a 1990. Em maio de 1989 foi eleito presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Essa posição de destaque na CGT e o apoio pessoal durante a campanha, fizeram com que, após a vitória eleitoral, ele fosse chamado a compor a lista de ministros do novo governo. Envolvido nas acusações de corrupção que atingiram todo o entorno de Collor, Magri foi acusado de ter recebido 30 mil dólares. Foi demitido em janeiro de 1992, afastando-se definitivamente da política e do sindicalismo atuante. O principal feito de Magri em sua passagem pelo Ministério, além da pecha de ter sido acusado de receber propina, foi ter criado um neologismo na década de 1990, quando se referiu ao plano Collor (plano econômico do governo Collor) como sendo "imexível".

1. Por que o ministro foi criticado pelas elites e pela mídia ao dizer que o Plano Collor era “imexível”?
2. Poderia existir esta palavra no léxico da língua portuguesa? Como se dá a sua formação?
3. Que outros exemplos de neologismos criados você conhece na história?
4. Em que situações e de que maneira você poderia criar neologismos?
5. Explique: como se dá o processo de criação de novas palavras?

NEOLEXIA

Utilizando sufixos, prefixos e termos gregos e latinos, bem como os elementos de outras línguas, qualquer um pode “criar” novas palavras. A palavra “criar” não deve ser confundida com inventar. Pode-se inventar um neologismo grotesco, ilógico e sem nenhum sentido. Mas o que se propõe é um trabalho intelectual e criterioso de combinação de elementos léxicos, como prefixos e sufixos, dentro de uma lógica que dá sentido à nova palavra criada. A neolexia, do grego neo = novo, + lexia, de lexis = palavra, é uma parte da linguística que trata da criação de palavras. Você pode não se tornar um destacado neologista, mas poderá, com este exercício, passar a melhor compreender neologismos encontrados e a decifrar palavras clássicas de raro uso, à primeira vista, incompreensíveis, mas que podem ser decifradas a partir da separação dos elementos de que se compõem. O que, às vezes, não é tão difícil, mas implica em certo conhecimento e reflexão. A neolexia que também é chamada onomaturgia = trabalho de fazer nomes, é uma atividade antiquíssima. Platão em Crátilo, já faz referência a ela, dizendo ser uma arte cada vez mais raramente encontrável entre os homens.

Palavras criadas por escritores clássicos e modernos

Foram muitos os escritores clássicos e modernos que criaram palavras. Homero, de tão embevecido com o belo amanhecer na Grécia, escreveu: “Quando apareceu a filha da manhã, a Aurora rododáctila...” (Ilíada 1,477 e Odisseia 2,1) et passim. Nesse trecho ele cria o termo “rododáctila”, unindo as palavras: “rodos” = rosa + dáctilo = dedo. Portanto ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia. Artistóteles em sua Retórica (1405 b) usa o termo e faz um acurado comentário sobre a beleza, a correção e a exatidão que o mesmo encerra. A Homero, também é atribuído um neologismo grego surgido no seu tempo, numa obra em forma de paródia intitulada: Batracomiomaquia. Esse termo é a simples junção de três nomes: Batráko+mio+maquia = “Batalha das rãs com os ratos”. A autoria nunca foi provada. É bom saber que o termo “mio” em grego, tem um homônimo que é “músculo”.

O escritor francês, François Rabelais *1494+1553, em Pantagruel, criou o personagem Panúrgio, nome composto de pan = tudo, mais urgio, de ergon = trabalho. O termo tem o sentido de esperto, malino, impossível... Panúrgio comprou caro o carneiro mais velho do rebanho de seu desafeto e ato contínuo, jogou-o no mar. Imediatamente todo o rebanho precipitou-se atrás dele. O inimigo perdeu seu rebanho. Por associação pode-se entender as palavras com mesmo final como: cirurgia, dramaturgia, liturgia, meliturgia, metalurgia. mineralurgia, siderurgia, taumaturgia... O economista francês Jean-Claude M. Vincent *1712+1759, em um momento de luminosa inspiração “criou” a palavra: bureaucratie, que é a união da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. Em português transformou-se em “burocracia”. Esta foi uma palavra muito bem aceita em todas as línguas ocidentais , o que demonstra ser este um problema universal. Esta palavra é uma feliz criação, pois retrata exatamente o que a burocracia representa: “o poder da mesa”. O sujeito senta-se atrás de uma mesa e tome ordens, exigências para chatear as pessoas... Aqui entre nós brasileiros esta palavra, às vezes, é também traduzida como “burrocracia”, em uma clara alusão de que seriam medidas tomadas por pessoas com poder, mas pouca inteligência.

No início dos anos 60 os russos criaram a palavra “cosmonauta” (que pela nova grafia pode ser “kosmonauta”, pois vem do grego kosmós = universo). No auge da guerra fria, os americanos, “revidaram” criando a palavra “astronauta”. Hoje as duas palavras são usadas igualmente. Em maio de 1998, quando os chineses começaram a explorar o espaço sideral. O chinês Chiew Lee Yih teve a ideia de “criar” um novo nome para designar “um chinês navegando no espaço”. Ele concebeu a palavra “taikonauta”, que é a junção de “taikong” = espaço em chinês (mandarino) + a palavra grega e também latina, “nauta”. É por isso que um chinês navegando no espaço não é um argonauta, não é um kosmonauta, nem um astronauta, mas sim, um “taikonauta”. E a palavra tem tudo para entrar no uso comum mesmo no ocidente.

O escritor palestino Imil Habibi *1922+1996, em livro publicado em 1974, “criou” o termo “pessotimista” com que designa uma pessoa que está num dilema entre o pessimismo e o otimismo, ou que avaliando a realidade concreta gostaria de ser otimista, mas o pessimismo barra-o a meio caminho. O livro foi traduzido para o espanhol e a palavra “pesoptimista” (em espanhol) bastante discutida e utilizada na década de 1990 na Espanha e em países de língua hispânica. O escritor indiano Jairam Ramesh, em 2005, publicou o livro Making Sense of Chindia, (India Research Press, Bangalore). Ele refere-se a um possível novo país CHINDIA, que seria a fusão da China com a Índia, cujos cidadãos seriam os “chindianos”. Esse país com o “software” da Índia e o “hardware” da China desequilibraria o mercado mundial da informática e periféricos.

Exemplos

01 – Os bebês são galactófagos, já os bisavós, em geral, tendem a ser galactófugos.
02 – Quase toda modelo, quando não sofre de anorexia, sofre de mogiorexia.
03 – Os anacoretas do deserto da Núbia eram austeros oligólogos.
04 – Hoje são muito poucos os países do mundo nos quais ainda existem cinódromos.
05 – A ablutomania é uma prática comum das pessoas escrupulosas para livrar-se da culpa.
06 – O candidato, antes das eleições, é um perfeito demófilo, depois das eleições, nem tanto.
07 – Jânio Quadros, um notório alectorófobo, enquanto presidente, proibiu a alectoromaquia.
08 – Os oncologistas aconselham aos habitantes das regiões equatoriais a serem heliófugos.
09 – A incomensurável filarquia dos ditadores, quase sempre, leva-os a cometer excessos.
10 – A moça era dotada de notável eutaxia, mas as amigas levaram-na a optar pela anarquia.
11 – A televisão promoveu uma verdadeira logomaquia entre os candidatos a presidente.
12 – De notória politopia, como era da família Pontes, apelidaram-no de “Saulo Ponteaérea”.
13 – Na Semana Santa, a perigosa piromaquia é a grande atração de Cruz das Almas (BA).
14 – A luta entre as religiões era tão acirrada, que um ateu sugeriu a criação de um teódromo.
15 – Após a lida diária vem a noite e o sertanejo extasia-se com a bela visão da panselene.

Solução

01 – Galactó, = leite, +fagos =beber; galató, = leite + fugos = que evita, foge.
02 – Anorexia = falta de apetite; mogiorexia = dificuldade para se alimentar.
03 – Oligólogo = de olígos, i. é, pouco + logos = palavra. (Eram silenciosos).
04 – Cinódromo = de cynos, i. é, cachorro + dromo= local de corrida.
05 – A ablutomania é a prática obsessiva de lavar as mãos. Do verbo latino abluere = lavar.
06 – Demófilo, de demos = povo, + filo = amigo.
07 – Alectorófobo, de aléctoro = galo, + fobo = medo; alectoromaquia, maquia = briga.
08 – Heliófugos, de hélios = sol, + fugo, do verbo grego, phugô = fugir.
09 – Filarquia, de phílos = amigo, + arquia de arxé = poder.
10 – Éutaxia, de eu = bem, + taxia = ordem; anarquia, de an = privativo, + arquia = norma, lei...
11 – Logomaquia, logos = palavra, + maquia = combate. (Guerra de palavras).
12 – Politopia, de poli = muitos, múltiplos + topos = lugares. (Que visita muitos países).
13 – Piromaquia, de píro = fogo, + maquía = combate. (Luta com fogos de artifício).
14 – Teódromo, de Téo = Deus, + drômo = lugar de corrida.
15 – Panselene, de pan = total, + selene = lua. (A visão da lua cheia).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

SARAMAGO

A vida é apenas uma passagem e nesse aspecto somos todos passageiros, inclusive o cobrador e o motorista. A falta que fazemos é temporal, mas a vida que vivemos é atemporal, se é que me entendem. Saramago acaba de fazer a sua passagem e deixou aqui na Terra um grande legado, que o leva, como a tantos outros à imortalidade.

No seu mais recente livro, cujo título é “Caim”, ele tem Caim, personagem bíblico que matou seu irmão Abel, como um dos protagonistas principais. Outro personagem é o próprio Deus e outro, ainda, somos nós, a própria humanidade nas suas diferentes expressões.

"Tanto neste livro, como nos anteriores, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, por exemplo, o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milênios, em todas as culturas e civilizações foi considerado intocável e não nomeável: a divindade e o conjunto de normas e preceitos que os homens estabelecem em torno a essa figura para exigir a si mesmos - ou talvez fosse melhor dizer para exigir a outros - uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus".

Morreu Saramago. Viva Saramago.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O ACORDO ORTOGRÁFICO E A ACENTUAÇÃO

• Trema: Não se usa mais o trema na letra u, para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que e qui: aguentar, arguir, frequência, tranquilo, lingüiça; mas o trema permanece nas palavras estrangeiras e em suas derivadas: Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.

• Ditongos abertos EI e OI de palavras paroxítonas: Não se usa mais o acento nos ditongos abertos tônicos EI e OI de palavras paroxítonas: ideia, colmeia, apoia, celuloide, mas continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em ÉIS, ÉU(S), ÓI(S): fiéis, papéis, troféu, herói.

• I e U tônicos depois de ditongos em palavras paroxítonas: Não se acentuam mais I e U tônicos que aparecem depois de um ditongo em palavras paroxítonas: baiuca, feiura, mas continuam a ser acentuadas as oxítonas com I e U na posição final depois de um ditongo: Piauí, teiú, tuiuiú.

• Palavras terminadas em EEM e OO(S): Não se usa mais o acento circunflexo: leem, creem, doo, enjoo, voos.

• Não se usa mais o acento diferencial em membros de alguns pares: para, pela, pelo, polo, pera, forma (opcional, para conferir clareza à frase), mas permanece o acento diferencial nos pares: pôde / pode, pôr / por, têm / tem, vêm / vem; derivados de ter e vir (mantém / mantêm, convém / convêm, detém / detêm).

• Presente do indicativo e do subjuntivo de arguir, redarguir: Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas rizotônicas do presente do indicativo e do subjuntivo: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam.

Zacharias Bezerra de Oliveira

domingo, 13 de junho de 2010

LIBERDADE DE EXPRESSÃO X RESPONSABILIDADE DE INFORMAÇÃO

Muitos transtornos ocorreram para que a liberdade de expressão fosse um direito de todos e de forma bastante ofensiva fomos conquistando nosso espaço parta expor nossos sentimentos representados em música, salmos, crônicas e artigos para jornal.

A Internet como meio de comunicação instantânea, o que deveria ser um apoio ao estudante passou a ser uma faca de dois gumes. A ferramenta de pesquisa mais completa, hoje, é uma verdadeira dor de cabeça para professores por conta de alunos metidos a espertos, que usam e abusam de forma indevida de informações já publicadas na Rede, sem dar os devidos créditos. Ou repassam informações, sem saber da real procedência e veracidade.

Isso mostra a insuficiência no desenvolvimento nos estudos dos alunos, a falta de pesquisa em livros,leva à busca fácil e ilegal. Textos sem autorias (anônimos) e publicados sem responsabilidade deveriam ser tratados como pirataria. Copiar textos da Internet e entregá-los ao professor ou divulgá-los como seu, deveria acarretar em uma punição maior ao aluno metido a esperto.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

ACRÔNIMO

A palavra formada pelas primeiras letras de uma locução ou frase ou pelas letras principais de uma palavra é denominada acrônimo, acrograma ou acrógrafo. Os acrônimos são comumente usados na comunicação pela Internet e também na aviação para etiquetar as bagagens despachadas nas viagens com o seu destino, como, por exemplo: BSB para Brasília e THE para Teresina (Piauí). Na aviação este acrônimo pode referir-se ao nome do aeroporto de destino: GIG indica o aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro e JFK, o aeroporto internacional John Fitzgerald Kennedy, em Nova Iorque (Estados Unidos da América).

Na Internet utiliza-se muito ABS para dizer abraços e, curiosamente, ABS é também o o acrônimo para a expressão alemã Antiblockier-Bremssystem, mais frequentemente traduzido para a inglesa Anti-lock Braking System, um sistema de frenagem que evita o bloqueio da roda ao se frear bruscamente e, consequente,  evitar a derrapagem. SAS ou SDS para saudações e BJ para beijo são outros acrônimos utilizados por nós lusófonos.

O Dicionário de Comunicação (2002), de Carlos Rabaça e Gustavo Barbosa, traz uma série de acrônimos utilizados por todos os que falam ou se comunicam na língua de Shakespeare, que predomina na etimologia das palavras que dominam a Internet:

AFAIK: as far as I know - até onde eu sei
BBL: be back later - estarei de volta mais tarde
CUL: see you later - vejo você mais tarde
IMHO: in my humble opinion - em minha humilde opinião
ISTM: it seems to me - parece-me
FAQ: frequently asked questions - dúvidas frequentemente perguntadas
HHOJ: ha, ha, only joking - ha, ha, estava brincando
WYSIWYG: what you see is what you get - o que você vê é o que você tem
TNX ou TKS: thanks - obrigado
TTYL: talk to you later - falo com você mais tarde
VC: virtual community - comunidade virtual
RUOK: are you OK? - você está bem?
ROFL: roll on floor laughing - rolar no chão de tanto rir
MOTOS: member of the opposite sex - membro do sexo oposto
MORF: male or female? - homem ou mulher?
JAM: just a minute - só um minuto
GA: go ahead - vá em frente
F2F: face to face - cara a cara
B4: before - antes
DWISNWID: do what I say, not waht I do - faça o que eu digo, não o que faço

Acrônimos dos estados brasileiros


AC: Acre
AL: Alagoas
AM: Amazonas
AP: Amapá
BA: Bahia
CE: Ceará
DF: Distrito Federal
ES: Espírito Santo
GO: Goiás
MA: Maranhão
MG: Minas Gerais
MS: Mato Grosso do Sul
MT: Mato Grosso
PA: Pará
PB: Paraíba
PE: Pernambuco
PI: Piauí
PR: Paraná
RJ: Rio de Janeiro
RN: Rio Grande do Norte
RO: Rondônia
RR: Roraima
RS: Rio Grande do Sul
SC: Santa Catarina
SE: Sergipe
SP: São Paulo
TO: Tocantins

sexta-feira, 28 de maio de 2010

GRANDEZES E LIMITES DA ECOLOGIA

A grande contribuição da ecologia foi e continua sendo nos fazer tomar consciência dos perigos que ameaçam o planeta como consequência do atual modelo de produção e consumo. O crescimento exponencial das agressões ao meio ambiente e a ameaça crescente de uma ruptura do equilíbrio ecológico configuram um quadro catastrófico que coloca em questão a própria sobrevivência da vida humana. Estamos diante de uma crise de civilização que exige mudanças radicais.

Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica marxiana do capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda.

Considerando os trabalhadores irremediavelmente destinados ao produtivismo, alguns ecologistas ignoram/descartam o movimento operário e inscrevem em suas bandeiras: “nem esquerda, nem direita”.

Ex-marxistas convertidos à ecologia declaram apressadamente “adeus à classe operária” (André Gorz), enquanto outros autores (Alain Lipietz) insistem na necessidade de abandonar o “vermelho” – isto é, o marxismo ou o socialismo – para aderir ao “verde”, novo paradigma que trará uma resposta a todos os problemas econômicos e sociais.

O ecossocialismo

O que é então o ecossocialismo? Trata-se de uma corrente de pensamento e ação ecológicos que toma como suas as aquisições fundamentais do marxismo – ao mesmo tempo que se livra de seus entulhos produtivistas.

Para os ecossocialistas a lógica do mercado e do lucro – bem como aquela do defunto do autoritarismo burocrático, o “socialismo real” – são incompatíveis com as exigências de preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo que criticam a ideologia das correntes dominantes do movimento operário, eles sabem que os trabalhadores e suas organizações são uma força essencial para uma transformação radical do sistema e para a construção de uma nova sociedade socialista e ecológica.

Essa corrente está longe de ser politicamente homogênea, mas a maior parte de seus representantes compartilha alguns temas. Rompendo com a ideologia produtivista do progresso – em sua forma capitalista e/ou burocrática – e oposta à expansão ao infinito de um modo de produção e consumo destruidor da natureza, o ecossocialismo representa uma tentativa original de articular as ideias fundamentais do socialismo marxista com as contribuições da crítica ecológica.

O raciocínio ecossocialista se apoia em dois argumentos essenciais:

1) o modo de produção e consumo atual dos países capitalistas avançados, fundado sobre uma lógica de acumulação ilimitada (do capital, dos lucros, das mercadorias), desperdício de recursos, consumo ostentatório e destruição acelerada do meio ambiente, não pode de forma alguma ser estendido para o conjunto do planeta, sob pena de uma crise ecológica maior. Segundo cálculos recentes, se o consumo médio de energia dos EUA fosse generalizado para o conjunto da população mundial, as reservas conhecidas de petróleo seriam esgotadas em 19 dias. Esse sistema está, portanto, necessariamente fundado na manutenção e agravamento da desigualdade entre o Norte e o Sul;

2) de qualquer maneira, a continuidade do “progresso” capitalista e a expansão da civilização fundada na economia de mercado – até mesmo sob esta forma brutalmente desigual – ameaça diretamente, a médio prazo (toda previsão seria arriscada), a própria sobrevivência da espécie humana, em especial por causa das consequências catastróficas da mudança climática.

A racionalidade limitada do mercado capitalista, com seu cálculo imediatista das perdas e lucros, é intrinsecamente contraditória com uma racionalidade ecológica, que leve em conta a temporalidade longa dos ciclos naturais.

Não se trata de opor os “maus” capitalistas ecocidas aos “bons” capitalistas verdes: é o próprio sistema, fundado na competição impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida pelo lucro rápido, que é destruidor dos equilíbrios naturais. O pretenso capitalismo verde não passa de uma manobra publicitária, uma etiqueta buscando vender uma mercadoria, ou, no melhor dos casos, uma iniciativa local equivalente a uma gota-d’água sobre o solo árido do deserto capitalista.

Contra o fetichismo da mercadoria e a autonomização reificada da economia pelo neoliberalismo, o que está em jogo no futuro para os ecossocialistas é pôr em prática uma “economia moral” no sentido dado por Edward P. Thompson a este termo, isto é, uma política econômica fundada em critérios não monetários e extraeconômicos: em outras palavras, a reconciliação do econômico no ecológico, no social e no político.

As reformas parciais são totalmente insuficientes: é preciso substituir a microrracionalidade do lucro pela macrorracionalidade social e ecológica, algo que exige uma verdadeira mudança de civilização . Isso é impossível sem uma profunda reorientação tecnológica, visando a substituição das fontes atuais de energia por outras não poluentes e renováveis, como a eólica ou solar . A primeira questão colocada é, portanto, a do controle sobre os meios de produção e, principalmente, sobre as decisões de investimento e transformação tecnológica, que devem ser arrancados dos bancos e empresas capitalistas para tornarem-se um bem comum da sociedade.

Certamente, a mudança radical se relaciona não só com a produção, mas também com o consumo. Entretanto, o problema da civilização burguês-industrial não é – como muitas vezes os ecologistas argumentam – “o consumo excessivo” pela população e a solução não é uma “limitação” geral do consumo, sobretudo nos países capitalistas avançados. É o tipo de consumo atual, fundado na ostentação, no desperdício, na alienação mercantil, na obsessão acumuladora, que deve ser colocado em questão.

Ecologia e altermundialismo

Sim, nos responderão, é simpática essa utopia, mas por enquanto é preciso ficar de braços cruzados? Certamente não! É preciso lutar por cada avanço, cada medida de regulamentação, cada ação de defesa do meio ambiente. Cada quilômetro de estrada bloqueado, cada medida favorável aos transportes coletivos é importante; não somente porque retarda a corrida em direção ao abismo, mas porque permite às pessoas, aos trabalhadores, aos indivíduos se organizar, lutar e tomar consciência do que está em jogo nesse combate, de compreender, por sua experiência coletiva, a falência do sistema capitalista e a necessidade de uma mudança de civilização.

É nesse espírito que as forças mais ativas da ecologia estão engajadas, desde o início, no movimento altermundialista. Tal engajamento corresponde à tomada de consciência de que os grandes embates da crise ecológica são planetários e, portanto, só podem ser enfrentados por uma démarche resolutamente cosmopolítica, supranacional, mundial. O movimento altermundialista é sem dúvida o mais importante fenômeno de resistência antisistêmica do início do século XXI.

Essa vasta nebulosa, espécie de “movimento dos movimentos” que se manifesta de forma visível nos Fóruns Sociais – regionais e mundiais – e nas grandes manifestações de protesto – contra a Organização Mundial do Comércio (OMC), o G8 ou a guerra imperial no Iraque – não corresponde às formas habituais de ação social ou política. Ampla rede descentralizada, ele é múltiplo, diverso e heterogêneo, associando sindicatos operários e movimentos camponeses, ONGs e organizações indígenas, movimentos de mulheres e associações ecológicas, intelectuais e jovens ativistas. Longe de ser uma fraqueza, essa pluralidade é uma das fontes da força, crescente e expansiva, do movimento.

Pode-se afirmar que o ato de nascimento do altermundialismo foi a grande manifestação popular que fez fracassar a reunião da OMC em Seattle, em 1999. A cabeça visível desse combate era a convergência surpreendente de duas forças: turtles and teamsters, ecologistas vestidos de tartarugas (espécie ameaçada de extinção) e sindicalistas do setor de transportes. Portanto, a questão ecológica estava presente, desde o início, no coração das mobilizações contra a globalização capitalista neoliberal. A palavra de ordem central desse movimento, “o mundo não é uma mercadoria”, visa também, evidentemente, o ar, a água, a terra, isto é, o ambiente natural, cada vez mais submetido aos ditames do capital.

Podemos afirmar que o altermundialismo comporta três momentos: 1) o protesto radical contra a ordem existente e suas sinistras instituições: o FMI, o Banco Mundial, a OMC, o G8; 2) um conjunto de medidas concretas, propostas passíveis de serem imediatamente realizadas: a taxação dos capitais financeiros, a supressão da dívida do Terceiro Mundo, o fim das guerras imperialistas; 3) a utopia de um “outro mundo possível”, fundado sobre valores comuns como liberdade, democracia participativa, justiça social e defesa do meio ambiente.

A dimensão ecológica está presente nesses três momentos: ela inspira tanto a revolta contra um sistema que conduz a humanidade a um trágico impasse, quanto um conjunto de propostas precisas – moratória sobre os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), desenvolvimento de transportes coletivos gratuitos –, bem como a utopia de uma sociedade vivendo em harmonia com os ecossistemas, esboçada pelos documentos do movimento. Isso não quer dizer que não existam contradições, fruto tanto da resistência de setores do sindicalismo às reivindicações ecológicas, percebidas como uma “ameaça ao emprego”, quanto da natureza míope e pouco social de algumas organizações ecológicas. Mas uma das características mais positivas dos Fóruns Sociais, e do altermundialismo em seu conjunto, é a possibilidade do encontro, debate, diálogo e da aprendizagem recíproca de diferentes tipos de movimentos.

É preciso acrescentar que o próprio movimento ecológico está longe de ser homogêneo: é muito diverso e contem um espectro que vai desde ONGs moderadas habituadas ao lobby como forma de pressão, até os movimentos combativos inseridos num trabalho de base militante; da gestão “realista” do Estado (no nível local ou nacional) às lutas que colocam em questão a lógica do sistema; da correção dos “excessos” da economia de mercado às iniciativas de orientação ecossocialista.

Essa heterogeneidade caracteriza, diga-se de passagem, todo o movimento altermundialista, mesmo com a predominância de uma sensibilidade anticapitalista, sobretudo na América Latina. É a razão pela qual o Fórum Social Mundial, precioso lugar de encontro – como explica tão bem nosso amigo Chico Whitaker – onde diferentes iniciativas podem fincar raízes, não pode se tornar um movimento sociopolítico estruturado, com uma “linha” comum, resoluções adotadas por maioria etc.

É importante sublinhar que a presença da ecologia no “movimento dos movimentos” não se limita às organizações ecológicas – Greenpeace, WWF, entre outras. Ela se torna cada vez mais uma dimensão levada em conta, na ação e reflexão, por diferentes movimentos sociais, camponeses, indígenas, feministas, religiosos (Teologia da Libertação).

Um exemplo impressionante dessa integração “orgânica” das questões ecológicas por outros movimentos é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, com seus camaradas da rede internacional Via Campesina, é um dos pilares do Fórum Social Mundial e do movimento altermundialista. Hostil desde sua origem ao capitalismo e sua expressão rural, o agronegócio, o MST integrou cada vez mais a dimensão ecológica no seu combate por uma reforma agrária radical e um outro modelo de agricultura. Durante a celebração do vigésimo aniversário do movimento, no Rio de Janeiro em 2005, o documento dos organizadores declarava: nosso sonho de “um mundo igualitário, que socialize as riquezas materiais e culturais”, um novo caminho para a sociedade, “fundado na igualdade entre os seres humanos e nos princípios ecológicos”.

Isto se traduziu nas ações – por diversas vezes à margem da “legalidade” – do MST contra os OGMs, o que é tanto um combate contra a tentativa das multinacionais – Monsanto, Syngenta – de controlar totalmente as sementes, submetendo os camponeses à sua dominação, como uma luta contra um fator de poluição e contaminação incontrolável do campo. Assim, graças a uma ocupação “selvagem”, o MST obteve em 2006 a expropriação do campo de milho e soja transgênicos da Syngenta Seeds no Estado do Paraná, que se tornou o assentamento camponês Terra Livre. É preciso mencionar também seu enfrentamento às multinacionais de celulose que multiplicam, sobre centenas de milhares de hectares, verdadeiros “desertos verdes”, florestas de eucaliptos (monocultura) que secam todas as fontes d’água e destroem toda a biodiversidade. Esses combates são inseparáveis, para os quadros e ativistas do MST, de uma perspectiva anticapitalista radical.

As cooperativas agrícolas do MST desenvolvem, cada vez mais, uma agricultura biologicamente preocupada com a biodiversidade e com o meio ambiente em geral, constituindo assim exemplos concretos de uma forma de produção alternativa. Em julho de 2007, o MST e seus parceiros do movimento Via Campesina organizaram em Curitiba uma Jornada de Agroecologia, com a presença de centenas de delegados, engenheiros agrônomos, universitários e teólogos da libertação (Leonardo Boff, Frei Betto).

Naturalmente, essas experiências de luta não se limitam ao Brasil, sendo encontradas sob formas diferentes em muitos outros países, não apenas no Terceiro Mundo, constituindo-se numa parte significativa do arsenal combativo do altermundialismo e da nova cultura cosmopolítica da qual ele é um dos portadores.

O fracasso retumbante da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, de dezembro de 2009, confirma mais uma vez, para quem ainda tinha dúvidas, a incapacidade de governos à serviço dos interesses do capital em enfrentar o problema. Em vez de um acordo internacional obrigatório, com reduções substanciais de emissões de gazes com efeito estufa nos países industrializados – um mínimo de 40% seria necessário – seguida de medidas mais modestas nos países emergentes (China, Índia, Brasil), os Estados Unidos impuseram, com o apoio da Europa e a cumplicidade da China, uma “declaração” completamente vazia, que faz senão reiterar o óbvio : precisamos impedir que a temperatura do planeta suba mais de 2°C.

A única esperança é o movimento social, altermundialista e ecológico, que se expressou em Copenhagen numa grande manifestação de rua – 100 mil pessoas – com o apoio de Evo Morales, cujas declarações anticapitalistas sem ambiguidades foram uma das poucas expressões criticas na conferencia “oficial”. Os manifestantes, assim como o Fórum alternativo KlimaForum, levantaram a palavra de ordem “Mudemos o sistema, não o clima!” Evo Morales convocou um encontro de governos progressistas e movimentos sociais em Cochabamba (abril de 2010) com o objetivo de organizar a luta para salvar a Mãe-Terra, a Pacha-Mama, da destruição capitalista.

Fonte: Revista Margem Esquerda

terça-feira, 25 de maio de 2010

EFEMÉRIDE: DIA DA ÁFRICA




Angop
África é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com cerca de 800 milhões de habitantes
África é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com cerca de 800 milhões de habitantes

Luanda – O "continente negro" celebra hoje , 25 de Maio, 47 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.

O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.

No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").

Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.

O dia representa também um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.

A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.

Entretanto, de todos esses pressupostos, é facto reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.

Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática.

A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto os golpes de estados e as guerras civis no continente.
 
Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.

Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.

Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.

Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que em 1963 criaram a OUA.

Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.

Apesar de se registarem actualmente em África alguns conflitos de carácter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.

De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Leshoto, Marrocos e Swazilândia.

Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.

A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra.  Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.
 
É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com  aproximadamente 800 milhões de habitantes.

Basicamente agrário, pois cerca de 63 porcento  da população habita no meio rural, enquanto somente 37 % mora em cidades. No geral, é um continente que  apresentando baixos índices de desenvolvimento económico.

O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um  porcento do produto mundial. Grande parte dos países possui parques industriais poucos desenvolvidos, enquanto outros nem sequer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.

O principal bloco económico é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), formada por 14 países: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Para saudar a data, que se comemora este ano sob o lema "2010, ano da paz e da segurança", realizam-se em Angola várias actividades, destacando-se o colóquio internacional, dedicado "A Paz e Segurança em África", a realizar-se  no Centro de Convenções Talatona, em Luanda.

Fonte: www.portalangop.co.ao

domingo, 23 de maio de 2010

COMUNICAÇÃO E JORNALISMO AMBIENTAL

Bruno Latour (1994) descreve a proliferação de híbridos na imprensa e comenta artigo que mistura reações químicas e políticas com ciências, ficção, esoterismo e globalização da ecologia. Trazendo esta situação para o tema da seca e desertificação no semiárido pode-se encontrar matérias e reportagens que colocam no mesmo patamar as queimadas, saques a prefeituras e armazéns, políticas públicas e políticas partidárias, a falta de chuva, distribuição da água em carros pipas, meteorologistas e adivinhos, mesclando conhecimento, interesse, poder e política com o tema ambiental.

Latour (1994) aponta para a crise da crítica, indicando três repertórios distintos para se falar do mundo: naturalização, socialização e desconstrução. O primeiro, segundo ele, ao falar de fatos naturalizados, exclui a sociedade, o sujeito e a forma de discurso. O segundo, quando se refere ao poder sociologizado, deixa de lado a ciência, a técnica, o texto e o conteúdo. E o terceiro, “... fala de efeitos de verdade, seria atestado de grande ingenuidade acreditar na existência real dos neurônios do cérebro ou dos jogos de poder” (Op. Cit. p. 11). Tal como a modernidade, indicada por Latour, o ser ambiental terá tantos sentidos quantos forem os jornalistas.

Uma das grandes preocupações dos participantes da Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais (RBJA) é justamente a definição do que é “jornalismo ambiental”. Um longo debate ocorrido na Rede Internet sobre a natureza do jornalismo ambiental trouxe à luz comparações e opiniões diversas.

Para o professor da Universidade Vale do Itajaí, Sérgio Luís Boeira, existe a parte do jornalismo ambiental que é marginalizada e a outra que é ressaltada. O "bom" jornalismo ambiental é, nesta ótica, o que faz os remendos institucionais e ensina os cidadãos a se comportarem direitinho (fusão com a educação ambiental convencional, acrítica, e também com o chamado "marketing verde"), enquanto o "mau" jornalismo ambiental é aquele que insiste em denúncias, investigações e ataques generalizados ao sistema ou às grandes corporações.

Boeira explica que “as limitações da expressão Jornalismo Ambiental estão fundamentalmente na ideia de que ela serve de campo (no sentido que Bourdieu dá ao termo), quando na realidade ela é subcampo do campo mais antigo denominado Jornalismo Científico”. Para o autor, o desafio do Jornalismo Ambiental é “não só defender o diálogo entre as ciências, mas também desfazer os nós institucionais que mantêm a disciplinaridade, o funcionalismo, o paradigma disjuntor-redutor literalmente ‘no poder’”. Enfim, ser ambiental no jornalismo está além das clássicas perguntas, o quê?, quem?, como?, onde? e por quê? Tempo, espaço e mudança de paradigmas são fundamentais para o bom jornalismo e o jornalismo ambiental deve perpassar todas as editorias do periódico.

O Diretor de Redação da Agência Envolverde, Adalberto Wodianer Marcondes, disse no I Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (2005), em Santos, São Paulo, que espera ver extinto o jornalismo ambiental, “uma vez que todas as pautas deveriam ter a transversalidade dos temas ambientais juntamente com os econômicos e sociais”:
Estamos mergulhados em uma era de transformações. A famosa e prevista sociedade da informação já está nos atravessando como uma imensa onda. O volume de dados e informações disponíveis para a sociedade e para os jornalistas nunca foi tão grande. O desafio para os jornalistas é atuar como um gestor desta informação e, ao mesmo tempo, ser capaz de buscar a relevância em seu trabalho cotidiano.
A pauta ambiental, pois, acompanha o jornalista para toda a vida. É consenso entre os jornalistas da RBJA que a matéria ambiental “reproduz o contexto, examina as relações, produz tensões e evidencia as desigualdades, escancarando as cumplicidades e as contradições”. Mas não é tão simples realizar o trabalho jornalístico quando se sabe que não existe sistema de produção neutro. “Tenho a absoluta convicção de que o jornalismo neutro, equidistante, o de ouvir equilibradamente os dois lados não existe”, costuma dizer e repetir o jornalista e professor de jornalismo da ECA/USP, Wilson da Costa Bueno.

Audálio Dantas em matéria sobre “catadores de caranguejos” usa o ponto de vista dos caranguejos. Exagero? Não. “O jornalismo ambiental, assim como a questão ambiental em si, abraça todas as variáveis, processos e estruturas e exige olhar mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais profundo”, diz Bernardo Heisler Mota.

O jornalismo ambiental é “multi, trans, interdisciplinar; é elaborado dentro do espírito crítico mais aguçado e traduz o jargão ecológico para o entendimento popular”, opina o secretário-geral do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, Roberto Villar Belmonte. A reportagem é mais ampla, abrangente e complexa, pois “leva em consideração, o saber tradicional, o povo da floresta”, complementa Wilson Bueno, da Rede Ethos de Jornalistas.

O advogado e jornalista Washington Novaes, quando é apresentado como “ambientalista” ou “jornalista especializado em meio ambiente” costuma dizer que é apenas “jornalista”. Uma coisa não deve, não pode estar dissociada da outra, pois “é preciso ver tudo nessa teia de relações”. A Década do Impasse (2002), série de artigos escritas por Novaes entre 1992 e 2002 e publicados em diferentes periódicos nacionais, é um verdadeiro manual de jornalismo ambiental. Para Novaes, “não é possível fazer de conta que a chamada problemática ambiental seja separada do econômico, do social, do cultural”.

André Trigueiro, jornalista e professor da PUC, Rio de Janeiro no livro Mundo Sustentável (2005) mostra como a problemática ambiental deve ser tratada na mídia (Rádio, TV, Jornal) trazendo ampla abordagem sobre o que é o “consumo consciente”.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O ACORDO ESSENCIAL

Normas de 1911


Portugal tomou a iniciativa de elaborar normas para se escrever a língua portuguesa nomeando em 1910 uma Comissão de 9 membros chefiada por Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, da qual faziam parte os dicionaristas: Cândido de Figueredo e Carolina Michaelis.

Aniceto dos Reis já escandalizara o país em 1904 publicando o livro ORTOGRAFIA NACIONAL, em vez de ter escrito: ORTHOGRAPHIA NACIONAL. A tese de Aniceto:

a) eliminar da escrita os grupos ph, rh, th e o “y”;
b) eliminar as consoantes dobradas, exceto “rr” e “ss” (se escrevia cavallo, gallo...);
c) eliminar as consoantes não pronunciada, se essas não influíssem na vogal anterior;
d) regularizar a acentuação gráfica.

Venceu a tese de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana e a grafia do português foi simplificada e oficializada em 01/09/1911. Em outra palavras: a grafia que se regia pela etimologia, passou a orientar-se pela fonética. O Brasil, que já tinha a ABL, fundada por Machado de Assis e um grupo de escritores em 20/01/1897, recebeu uma comunicação oficial do fato em 17/01/1912, portanto três meses depois da oficialização das regras.

Entre relutante e opositivo, o Brasil aderiu a essas normas em 1915, mas com resistências e reservas. Havia uma insatisfação em muitos setores. Em 1919 o poeta e membro da ABL, Osório Duque Estrada, o autor da letra do Hino Nacional, conseguiu que o Brasil revogasse a aprovação dada em 1915. Assim voltamos a escrever: aphérese, azymo, cavallo, choro, cylindro, cýmbalo, cýnico, cysne, glycerina, hydra, phalange, photo, phantasma, pharmácia, phósforo, labyrintho, lágryma, lymphoma, lyra, lynce, lyrio, theatro, myxoscopia, martyr, mýope, mytho, neóphito, nympha, orthodoxia, philosophia, protótypo, rhetórica, rhinite, rhombo, rhonco, rhýthmo, tyreoide, thema, theologia, thesouro, tohrax, tracheia, tricephalo, typho, typo, xysto, zygoto...

Acordo de 1931

A partir de 1929 começaram os entendimentos para se estabelecer um modelo ortográfico para a língua portuguesa que satisfizesse a todos os países lusófonos. Após longas e difíceis tratativas, o Acordo foi concluído em 30/04/1931, em Lisboa. Na prática, o Acordo ratificou a proposta de 1911, com pequenos ajustes. O Acordo tinha a resistência de diversos grupos dos vários países participantes.

Em 1932 aconteceu no Brasil a chamada Revolução Constitucionalista com Getúlio Vargas. Foi lançada uma nova Constituição, em 1934, que extinguiu o Acordo Ortográfico de 1931, restaurando a ortografia vigente em 1891, sob os protestos da Academia Brasileira de Letras, de Universidades, de professores, de juristas... Em 1938 foi estabelecido que voltaria a vigorar o Acordo de 1931. Vocês podem imaginar a confusão, sobretudo para os mais idosos e para as crianças.

Acordo de 1945

No início da década de quarenta, Portugal e Brasil decidiram estabelecer novo Acordo Ortográfico para o uso da língua portuguesa. Após três anos de trabalho, conseguiram organizar um vocabulário comum que, na realidade, não era tão completo e foi pouco divulgado. Na assinatura, em agosto de 1945, o que era para ser Acordo virou desacordo.

No centro da polêmica estavam as consoantes mudas, sobretudo o “c” e o “p”, que o Brasil queria retirar, seguindo a proposta de 1911 ratificada em 1931, mas Portugal não aceitava. Outro ponto de discórdia era o uso do trema em certas palavras, que, ao contrário das consoantes, o Brasil queria conservar e Portugal queria retirar.

O Acordo foi assinado em setembro de 1945, mas com a cláusula do respeito mútuo às opções divergentes. Em outras palavras: Houve um Acordo assinado mas não a tão desejada unificação da ortografia da língua portuguesa, antes o contrário.

Portugal adotou as consoantes não articuladas, mas o Brasil eliminou-as da escrita. Isso pode parecer secundário, mas representa, no contexto Geral da língua, uma grande diferença. Deu-se aí a consolidação da separação da língua entre os dois países. Parafraseando o dramaturgo, G. Bernard Shaw: “Brasil e Portugal são dois países separados pela mesma língua!”

O Acordo de 1990

Em 12/10/1990, após longas discussões foi assinado mais um Acordo para a unificação da língua portuguesa. Este é o primeiro que faz jus ao nome, pois na realidade foi o único em que houve anuência todos os participantes a todos os pontos propostos. Mas isso só foi conseguido com concessões de todas as partes. A rigor é só meio Acordo. O Documento final do Acordo, com cerca de 100 normas visando a sonhada unificação da língua, não pode ser considerado o Acordo ideal, mas é o melhor que já se conseguiu. É um grande passo para uma futura unificação total de nossa língua.

Aproveitando a experiência adquirida ao longo do século XX, após acaloradas discussões, todos aceitaram como fato inegável ser impossível unificar a variação fonética da nossa língua e encontrar a grafia que satisfaça plenamente a todas essas variações. O impasse foi resolvido com a aceitação da dupla grafia, tanto com relação ás consoantes mudas, (vide exemplos, na Base IV), como em relação ao uso do acento agudo ou circunflexo, (vide exemplos, na Base XI).

O Acordo previa a elaboração até 01/01/1993 de Vocabulário Ortográfico comum da Língua Portuguesa (VOLP), normalizador das terminologias técnicas e científicas. O Acordo entraria em vigor em 01/01/1994. No entusiasmo da assinatura do Acordo, a Comissão esqueceu a lentidão com que se aviam decisões em nossos países. O prazo da entrada em vigor extrapolou sem que os diversos governos tivessem conseguido organizar essa mudança. O início da entrada em vigor foi remarcado para 2007, depois para 2008 e, finalmente, para 2009. Em Portugal só iniciou em 01/01/2010.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CRASE SEM MISTÉRIOS

Crase é a combinação é a união da preposição a com o artigo a ou com o a dos demonstrativos aquele, aquilo, aquela transfrmando-os em um único a longo. O gramático Ernesto Ribeiro Carneiro, em sua Nova Gramática Portuguesa (1955) traz algumas expressões empregadas com o acento grave: vestir à francesa, sair à noite, à tarde; às avessas, às vezes; vir água à boca, a estes dei passas, queijo àquele; ir à quinta, à herdade, à caça, à chácara, à Bahia...

Ribeiro Carneiro explica que também utilizam crase as expressões: andar à toa, comprar à vista, comer à força, ir à rédea solta, fazer a barba à navalha, à matroca, à viva força, à revelia, à ufa...

É sempre bom lembrar que a crase é sempre utilizada diante de palavras femininas, exceto no caso de referir-se àquilo, àquele etc. Quando se refere a ir a alguma localidade, basta fazer a pergunta: quando você volta do lugar você diz ue volta de ou da? Se a resposta é da, então, coloca-se a crase. Exemplo: Você já foi à Bahia? Você voltou da Bahia? Você já foi a Brasília? Você voltou de Brasília?

A crase não tem mistérios e para utilizá-la bem, basta saber se existe a junção de um a com outro a!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

Sem educação não há liberdade. Somente conhecendo qual é o seu papel na sociedade é que o homem pode eivindicar os seus direitos. É com base nesses conceitos que Paulo Freire trabalhou na educação do homem e escreveu a obra "Pedagogia do Oprimido".

A violência dos opressores que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação - a dos ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. e esta luta somente tem sentido quando os primidos, ao buscar recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos. E aí está a grande tarefa humanista e histórica dos orprimidos - libertar-se a si e aos opressores. Estes que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, , a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. Por isto é que o poder dos opressores, quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos, não apenas quase sempre se expressa em faixa generosidade, como jamais a ultrapassa. Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade para que a sua "generosidade" continue tendo oportunidade de realizar-se da permanência da injustiça. A "ordem" social injusta  é a fonte geradora, permanente, desta "genrosidade" que se nutre da morte, do desalento  e da miséria.
O homem oprimido, pois, sobrevive das migalhas que lhes deixam cair os poderosos. É a busca permanente do saber que irá tirá-los do marasmo e libertá-los do jugo do opessor. É o conhecimento, a educação que irá diminuir a desigualdade social brutal e que subjuga os oprimidos. A pedagogia do oprimido é a pedagogia do homem. E uma verdadeira revolução sem armas. É o despertar do homem para saber ser humano, livre e independente da política, dos políticos e da corrupção. A educação é a busca permanente da sua libertação.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ARISTÓTELES E A TRANSDISCIPLINARIDADE

É curioso pensar que Aristóteles não foi um filósofo grego, mas um professor macedônico. Hoje sabemos que a Macedônia, um dos países que surgiu com a divisão da Iugoslávia, é distinta da Grécia, com quem faz divisa. E mesmo no Século IV a.C, era um reino independente, com seus próprios monarcas. O fato é que Aristóteles nasceu na Macedônia, em uma cidade chamada Estagira, perto da então capital macedônica, Pella, cerca de 400 km ao norte de Atenas. Não é errado, assim, chamar Aristóteles de “macedônico”.

Somente com 17 anos é que Aristóteles foi para Atenas, onde foi ser aluno de Platão. Lá ficou até a idade de 37 anos, quando então Platão morreu. Mas Aristóteles tinha profundas divergências com Espeusipo, sobrinho de Platão e que o sucedeu à frente da Academia. Por isso, saiu da Academia e instalou-se em Assos, cidade do Peloponeso, bem próxima a Corinto.

Pouco tempo depois, o rei macedônico Felipe II pediu para Aristóteles, com então 41 anos, voltar para a Macedônia para ser preceptor de seu filho, um garoto de 13 anos chamado Alexandre. Por sete anos, Aristóteles instruiu Alexandre. No “plano de ensino”, quase tudo, a natureza, a lógica, os animais, a sociedade, a matemática, a política, a poesia, a física e a ética. Aristóteles era um generalista, com grande visão e não há como negar sua influência nesse jovem, o qual, com a morte trágica do pai, tornou-se rei da Macedônia aos 20 anos e iniciou uma jornada que o transformaria em “Alexandre, o Grande”.

A grande lição que Aristóteles deixa a todos aqueles que escolheram a carreira do magistério é a mente aberta, a visão do todo. É o ensino amplo, eclético e holístico. É compreender que a divisão do conhecimento em especialidades cada vez menores é uma arbitrariedade humana e ensinar o aluno apenas pequenas peças, desconexas de um todo maior, é algo sem sentido, ou no mínimo ineficiente. É perceber que nossas modernas academias deixaram de valorizar esse professor mais amplo e passaram a prestigiar aqueles que cada vez sabem mais, sobre cada vez menos coisas, aqueles que Nietzsche viria a definir como “especialistas em rachar fios de cabelo ao meio”.

Antes que chegue o dia em que tais especialistas saibam tudo sobre nada, aproveitemos o exemplo vivo do “professor” Aristóteles, fazendo da transdisciplinaridade não somente um vazio discurso bonito, mas uma prática concreta no dia-a-dia de nossas aulas.

Prof. Dr. Maurício Garcia
Vice-Presidente de Planejamento e Ensino
DeVry Brasil
mgarcia@devrybrasil.com.br
Fonte: Flor do Mandacaru

sábado, 8 de maio de 2010

MÃE

DONA LUIZA BEZERRA.
Com ela eu aprendi o essencial para a vida

Falar sobre minha mãe é paradoxalmente fácil e difícil. Fácil porque são muitos os fatos que eu gostaria de relatar. Difícil porque devo escolher o que relatar.

De minha inesquecível, por que agradável, infância, eu guardo a imagem de uma mulher ativa, muito criativa e dinâmica. A figura de uma mãe enérgica, mas também carinhosa com os filhos, ao lado de um pai um pouco fechado, mais exigente e rígido do que ela.

Desde cedo eu senti a vida pelo lado duro do trabalho. A situação econômica de meus pais era difícil: pequenos agricultores na Caieira e no Riacho Seco; e depois pequenos comerciantes em Crateús, antes de fugirem, literalmente, da seca de 1958, do Ceará para Goiânia.

Meu pai, Miguel Fernandes de Oliveira, era tão econômico que nós catávamos com ele o arroz e ele se dava ao trabalho de descascar uma a uma as escolhas (grãos com casca), fossem, cem, duzentas, trezentas ou mais. Eu nunca entendi a sua atitude como miserabilidade ou coisa parecida, mas como senso de economia e parcimônia .

A mamãe até hoje, também junta toda e qualquer coisa que possa ser útil amanhã: um prego, um pedaço de arame ou de cordão, um retalho, um saquinho de papel ou de plástico, uma rolha...

Nessa realidade difícil, minha mãe fazia de tudo para completar o orçamento doméstico: cocadas, bolos, doces, tapiocas... e costurava roupas masculinas para a Dona Senhora do Sr. José do Vale, que ainda hoje lembra com estima, de sua costureira especial.

Eu, com oito anos de idade, ia ao interior comprar ovos e galinhas mais baratos, vendia frutas nas ruas especialmente maracujá. O doce de ovos que ela fazia era muito apreciado, eu sempre vendia todo rapidamente. Tudo isso acontecia por iniciativa de minha mãe.

Uma lembrança inesquecível foi a de quando ela me ensinou o ABC. Ainda hoje eu me lembro do meu incomensurável interesse em aprender a ler. A minha ansiedade era tanta, que uma vez, eu mostrei quatro nomes muito grandes, que estavam na contra capa do livro perguntei a ela:

- “Mamãe, quando a gente chegar no fim do livro eu saberei ler esses enormes nomes?”

- “Vai meu filho, com certeza.”

Eu me entusiasmei para aprender a ler. E realmente no fim do livro eu fui capaz de ler os enormes nomes: “Marca Registrada” e “Edições Melhoramentos”. Para mim, foi fantástico! E desde o dia em que fui capaz de ler aquelas quatro palavras, tornei-me um leitor voraz.

Mais ou menos em 1953 ou 1954 um vizinho nosso, de nome Clodoaldo, fez um cacimbão e a mamãe teve a iniciativa de pedir a ele as pedras e nós, entre 19 e 22 horas, quebrávamos as pedras e fazíamos concreto, papai, mamãe, o Gonzaga, o Antônio e eu. A Maria José, muito pequena ficava olhando até adormecer e ser levada para o berço. Eu passei a vender os doces e a oferecer concreto; onde eu encontrava uma construção, perguntava se eles queriam comprar concreto. O concreto era vendido medido em latas de querosene Jacaré.

Após uma missão dos frades franciscanos em Crateús em 1954, eu pedi à minha mãe para ser frade. Através de umas primas dela Julia e Julieta Bomfim, eu consegui uma vaga no Seminário de Messejana onde ingressei em 20 de janeiro de 1957. Elas foram sempre muito atenciosas conosco e sem o interesse delas dificilmente eu teria vindo para o Seminário Seráfico de Messejana. Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a Júlia e Julieta Bomfim.

Uma característica do sertanejo, que via na casa de meus avós e de minha mãe, era a abundância, mesmo na pobreza e na simplicidade. No final do ano de 1957 a mamãe levou para mim no Seminário em Messejana, um enorme vidro de doce de caju feito por ela, com mais de 40 centímetros e bastante largo, para admiração dos 80 seminaristas, que tiveram sobremesa para dois ou três dias.

Em abril de 1958, a mamãe visitou-me em Messejana e disse que ela e o papai tinham resolvido se mudar para Goiânia, em Goiás com os filhos e me perguntou se eu iria com eles. Eu falei que estava gostando do Seminário e que preferia ficar em Messejana. Eles foram e eu recebia e dava noticias ao menos duas vezes por ano. Em 1963, antes de ir para o noviciado, eu fui à casa de meus pais. Depois voltei lá em 1966, o Paulo Afonso tinha dois ou três anos de idade e eu não o conhecia. A mamãe me apresentou a ele dizendo:

- Paulo Afonso, esse é o Frei Hermínio, seu irmão, ao que ele respondeu:

- Meu irmão, como? Eu nunca vi esse cara!

A partir de 1969 eu passei a fazer Teologia em Salvador na Bahia e pude ir com mais freqüência a Brasília e fazer amizade com meus próprios irmãos, especialmente os mais novos.

Em 13 de janeiro de 1973 eu me ordenei na Igreja do Coração de Jesus, em Fortaleza, com a presença de meus pais. Fomos até à Vila Coutinho (hoje Quiterianópolis), onde celebrei a minha primeira missa.

A mamãe sempre foi uma pessoa aberta e dentro do possível atualizada. Após a minha ordenação as amigas, Fernanda Matos Brito e Irmã Marciana, convidaram a mim e a meus pais para um almoço numa casa de praia. A irmã Marciana, de mentalidade avançada, não usava hábito e me pediu: “não diga a sua mãe que eu sou freira, para ela não se escandalizar, pois toda mãe de padre é cafona”. Foi essa a primeira coisa que eu disse à mamãe ao apresentá-la e a mamãe elogiou a irmã por estar atualizada. A irmã Marciana me disse: “foi a primeira mãe de padre que eu conheci que não é conservadora”.

Meu pai faleceu no Natal de 1978, deixando a família consternada, mas como bons cristãos, conseguimos superar a imensa tristeza pela pesada perca que “desabou” sobre todos nós, e tocar a vida para frente.

A partir de 1983 a mamãe passou a morar no exterior: Alemanha, Bélgica, Inglaterra, México e Estados Unidos, sempre acompanhando filhos o Zacharias, a Lúcia de Fátima, o Paulo Afonso, o João Bosco e o Luis Bezerra.

Em julho de 1983, eu estudava em Lovaina, na Bélgica e a mamãe morava em Bonn com o Zacharias. Ele me pediu que eu a acompanhasse à Terra Santa. Comprou as passagens lá mesmo em Lovaina. A vendedora Martine, uma belga flamenga, falava um pouco de português, estivera inclusive morando alguns meses em Canoa Quebrada, no tempo em que lá era uma praia de nudistas, vendo o “de” em nossos nomes e associando ao “Von” dos nobres europeus, ela perguntou:

- Vocês são príncipes?

- Sim, somos príncipes do sertão!

Respondeu incontinente a mamãe. Era o orgulho sadio que ela tem de ser “sertaneja” onde quer que esteja.

Nessa peregrinação foi que eu me dei conta de como ela tinha um grande conhecimento da “História Sagrada”, pois ela queria visitar tudo: Betfagé, Belém, Cafarnaum, Cana de Galiléia, Cesaréia, Emaús, Jerusalém, Nazaré, Naim, Samaria, Siquém...

Em Caná da Galiléia ela quis visitar a casa onde Jesus fez o seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Eu disse:

- Mamãe, esta casa não existe mais!

- Mas como é que se derruba uma casa tão importante dessas?

Curiosamente, na minha última peregrinação à Terra Santa em julho de 2000, o nosso guia, Frei Pascoal Rota, nos levou a um local onde pesquisas arqueológicas, estão indicando ser o local da residência onde Jesus fez o seu primeiro milagre, embora não houvesse ainda uma confirmação definitiva.

Nessas suas idas e vindas ao exterior, muitas vezes viajando sozinha, foram muitos os fatos pitorescos: Uma vez no aeroporto de Frankfurt, a Lufthansa colocou-a numa sala VIP de espera, por ser ela mãe de um funcionário (o Antônio trabalhou muitos anos na Lufthansa). Na mesma sala já estava a Raquel de Queirós, A mamãe cumprimentou-a, “como vai Raquel de Queiroz?” A Raquel ficou muito admirada de ser reconhecida naquelas paragens. Começaram a conversar e a Raquel disse que voltava da Feira Internacional do Livro em Frankfurt e perguntou se a mamãe era fazendeira, ela respondeu que não e que estava no exterior visitando filhos. Ela começou a falar de sua fazenda “Não me deixes” em Quixadá, e disse que os empregados da fazenda se tornaram protestantes e agora não fumavam, não bebiam, eram fiéis às esposas... A mamãe observou: É curioso Raquel, se poderia perguntar a eles, quando foi que a Igreja católica recomendou aos seus fiéis, fumar, beber ou serem infieis às esposas... E a Raquel, achou muiito interessante a observação dela.

A última vez que eu vim com a mamãe da Alemanha, nós pegamos um ônibus no terminal do aeroporto de Frankfurt que nos levou ao pé da escada do avião. O ônibus fez um percurso um tanto sinuoso e um pouco demorado. Como sempre estávamos com muitos pacotes, entramos por último no ônibus e o motorista saiu de sua cadeira para pegar os pacotes da mamãe. Perto do fim do trajeto a mãe disse: “Como diz o Chico Araújo (1), parece que esse avião foi parar em brucutas!” O motorista, um típico alemão, deu uma bela gargalhada. Até hoje eu me pergunto o que ele entendeu ou o que seria “brucutas” em alemão.

É muito interessante como uma pessoa de pouca instrução, um ou dois cursos de poucos meses, com aqueles professores do sertão, desenvolveu um fino gosto pela arte e um certo conhecimento neste setor. É bem verdade que ela teve uma aprendizagem prática, visitando importantes museus: o Prado em Madri, o Museu Real em Bruxelas, o museu Britânico, a Tate e a National Gallery, em Londres, O Museu Vitória e Alberto também em Londres, a Casa de Rubens em Antuérpia, o Museu do Vaticano, o magnífico Museu de Antropologia do México... e outros.

Na viagem que fizemos pela Europa entre Limogenes e Bordeaux, passamos na pequena cidade de Lascaux, e a mamãe vendo uma enorme placa na entrada disse: que cidade de nome esquisito, Lascaux e o Zacha observou: não mamãe não é Lascaux, é “Lascou”, mesmo.

Com as peças curiosas que ela adquiriu pechinchando (arte em que é mestra), no Marché aux Puces (Mercado das Pulgas) de Bruxelas, na Feiras de Colônia, na agradável feira livre de Porto Belo em Londres, em Israel, em Portugal, na Espanha e no México, ela já montou interessantes bazares em Brasília. E não só do exterior, da fazenda Confiança, da madrinha Evina, em Santa Teresa (Tauá) em 2002 ela levou cerca de 15 cactos, conhecidos como “coroa de frade”, para Brasília, todas foram colocadas em jarros e foram disputadas.

Apesar dos controles, ela trouxe de Israel não apenas água do rio Jordão, mas sementes de tâmaras que plantadas na casa de Dona Rosa Morais, em Crateús, produzem tâmaras até hoje. Para o México, ela levou castanhas de caju selecionadas, que foram plantadas num Seminário em Apatzingan, no belo estado de Michoacan. Ela conheceu o Diretor deste Seminário em Bonn, na Alemanha.

(1) Esposo da tia Antonina, irmã mais nova da mamãe.

A mamãe também tem uma franqueza, que às vezes pode até parecer dura demais, diz à pessoa aquilo que ela quer dizer, embora algumas pessoas possam se sentir chateadas. Eu como a conheço entendo bem. Eis um exemplo: Uma vez estávamos na Suíça com alguns brasileiros e uma senhora do grupo começou a perguntar sobre os filhos dela, ela foi falando e disse:

- Esse é o meu terceiro filho, Frei Hermínio frade capuchinho... a senhora disse, ah, ele é padre, que bom, com certeza este é o filho de quem a senhora mais gosta!

Ao que ela respondeu:

- É não, o filho que eu mais gosto é o Zacharias, porque dos 16, ele foi o único que mamou três anos no meu peito.

Em Bonn, no ano 2002, eu encontrei o Falko (Falcão), um amigo alemão, funcionário da Cruz Vermelha, que trabalhou em Angola, e ele perguntou por ela e eu disse: Ela está bem, mas está mais velha e mais fraca, tem que ir mais ao médico... Ele retrucou: velha e fraca, mas eu tenho certeza de que se ela chegar aqui ainda vem arrastando seis malas, como antes.

A minha mãe tem um complexo, não digo isso como psicólogo, mas apenas como observador. Ela tem um complexo de mãe de todos os frades do mundo. Onde ela anda procura frades: Alemanha, Bélgica, Espanha, Inglaterra, Israel, México, Portugal, Suíça... às vezes esses filhos não a reconhecem. Uma vez lhe disseram que aquela não era hora de procurar frade, pois era hora do almoço, mas ela compreendeu. É bom dizer que esse fato não se passou no Brasil e nem na Europa.

Eu já tive grandes mestres, em Salvador da Bahia, em Lovaina, na Bélgica, em Friburgo na Suíça, mas assim como o Gabriel Garcia Márquez diz que tudo o que ele escreveu em “Cem anos de Solidão” sobre sua Macondo, foram histórias contadas por sua avó, eu posso afirmar: o essencial do que eu aprendi na vida não foi com os grandes mestres na América e na Europa, mas foi com a minha mãe, desde quando ela me ensinou o ABC. Com ela eu aprendi o essencial para a vida. Foi por seus ensinamentos e seu exemplo de vida, que eu pude vencer tantas barreiras e chegar aonde cheguei.

Frei Hermínio Bezerra de Oliveira
(Do livro: Luiza Bezerra de Oliveira: 80 anos dedicados ao próximo, 2004)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ECONOMIA ECOLÓGICA

Pricing the Planet, by Peter H. May and Ronaldo Serôa da Motta. Qual é o preço do Planeta?

Economia Ecológica: Criando uma Ciência Transdisciplinar, por Robert Costanza
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A Economia Ecológica (EE) é uma abordagem (aproximação) transdisciplinar às ciências ambientais que examina os relacionamentos interdependentes entre sistemas ecológicos e econômicos bem como entre o aumento dos problemas do ambiente global, da população, e do desenvolvimento econômico. O objetivo total é sustentar sistemas ecológicos e econômicos identificando as maneiras que os objetivos e os incentivos locais e curtos do termo (como o crescimento econômico local e interesses confidenciais) podem ser feitos consistentes com os objetivos globais e a longo prazo (como a sustentabilitdade e o bem-estar global).

Finalmente, a sustentabilidade depende de nossa habilidade de desenvolver um sistema econômico equitativo que avalie a diversidade cultural e biológica, e faça-o no interesse de todos para proteger o capital natural.

Este papel, primeiro, sumariza o estado e os objetivos deste campo transdisciplinar emergente, com respeito aos enunciados (às introduções) da sustentabilidade; segundo, fornece uma agenda trabalhando para a pesquisa, instrução, e desenvolvimento de política para a década vindoura; e terceiro, fornece alguns princípios de direção (guia) e recomendações para que as políticas consigam estes objetivos.

Algumas recomendações para operacionalizar estes conceitos são: primeiro, estabelecer uma hierarquia dos objetivos para o local, nacional, e um planejamento econômico e gerência ecológica globais; segundo, desenvolver melhores potencialidades de modelos econômicos e ecológicos regionais e globais que ilustram a escala de resultados possíveis de nossas atividades atuais; terceiro, identificar mecanismos, como preços e outros incentivos de comportamento, levar em consideração custos ecológicos globais e de longo termo, incluindo a incerteza; e quarto, desenvolver as políticas que impeçam um declínio mais adicional no estoque do capital natural.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ACORDO ORTOGRÁFICO

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deveria ter entrado em vigor dia 1° de janeiro de 1994. Mas isso não aconteceu por causa da burocracia, falta de interesse e resistências, sobretudo da parte de Portugal, onde a homologação final só ocorreu em maio de 2008. Com isso, a nova grafia entrou em vigor efetivamente a 1º de janeiro de 2009 no Brasil e em Portugal. Inicialmente, deve haver um período de adaptação ou aprendizagem das novas regras. Espera-se que o governo faça, em todos os níveis, através do Ministério da Educação e das Secretarias de Cultura, estaduais e municipais, a necessária e conveniente divulgação. Os livros, didáticos ou não, editados este anos já estão seguindo as novas normas e os dicionários do Aurélio Buarque de Holanda e da equipe do Antônio Houaïs, além do Vocbulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), editado pela Academia Brasileira de Letras, já estão seguindo as novas normas ortográficas celebradas pelo Acordo.


O texto do Acordo consta de Documento de 33 páginas, dividido em XXI Bases, que correspondem a vinte e um capítulos, alguns com várias subdivisões perfazendo um total de 100 regras. O texto é técnico e tem partes de difícil compreensão para o grande público. Algumas são muito simples:

Base I: Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
Base II: Do h inicial e final
Base III: Da homofonia de certos grafemas consonânticos
Base IV: Das sequências consonânticas
Base V: Das vogais átonas
Base VI: Das vogais nasais
Base VII: Dos ditongos
Base VIII: Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
Base IX: Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
Base X: Da acentuação das vogais tônicas, i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
Base XI: Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
Base XII: Do emprego do acento grave – Regras para o uso da crase
Base XIII: Da supressão dos acentos em palavras derivadas
Base XIV: Do trema
Base XV: Do uso do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares - Palavras compostas sem forma de ligação - Compostos grafados aglutinadamente - Gentílicos com formação atípica - Espécies botânicas e animais, bem, mal, além, aquém, recém e sem - Não se usa mais o hífen...
Base XVI: O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação -
Palavras compostas cujo segundo elemento começa por h - Palavras compostas cujo segundo elemento começa pela mesma vogal - Formação com circum- e pan-, segundo elemento iniciado por vogal m, n ou h - Formação com hiper-, inter- e super-, segundo elemento começa por r - Formação com ex-, sota-, soto-, vice- e vizo- - Formação com pós-, pré- e pró-, segundo elemento tem vida à parte - Palavras com prefixos ab- e ob- - Palavras que não utilizam o hífen
Base XVII: Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
Base XVIII: Do uso do apóstrofo
Base XIX: Das minúsculas e maiúsculas
Base XX: Da divisão silábica
Base XXI: Das assinaturas e firmas.

O livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de Frei Hermínio Bezerra de Oliveira, além de indicar a norma oficial assinada entre os países lusófonos, explica no essencial, de modo simples e exemplificado o máximo possível, todas as novas regras ortográficas. Está disponível, em Fortaleza, na Livraria Publyc, na Praça do Carmo, ou na Banca Shopping, Praça Portugal. Também pode ser pedido po reembolso pelo telefone (85) 32579583 ou pelo e-mail de contato deste blog.

O português é a sexta língua mais falada no mundo. Pela ordem: chinês (mandarim), inglês, espanhol, híndi (Índia), árabe, português, bengali, russo, japonês, alemão, francês. Com cerca de 220 milhões de falantes na América, na África, na Europa e na Oceania (Timor Leste), ela é a terceira língua mais falada no ocidente, após o inglês e o espanhol. E, das línguas neolatinas, só é superada pelo espanhol.

O Acordo, mais uma tentativa de unificação neste quase século de tentativas, traz vários benefícios: ela tornará a língua mais simples e com menos acentos; facilitará a aprendizagem, inclusive aos estrangeiros e por isso será mais utilizada também na internet, podendo vir a ser proposta como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas. As línguas oficiais da ONU são: inglês, chinês, espanhol, francês e russo. As duas últimas são menos faladas que o português.

Passaremos por alguns anos de confusão linguística, depois virá a estabilidade. Outra desvantagem da reforma é o surgimento de muitas palavras homófonas com a supressão de consoantes advindas da etimologia. Com certeza, as Academias de Letras deverão pronunciar-se sobre os casos omissos ou duvidosos.