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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Magri e o neologismo

O ex-sindicalista Antônio Rogério Magri, nascido em Guarulhos, São Paulo, a 26 de outubro de 1940, foi ministro do Trabalho durante o governo Fernando Collor de Mello. Magri foi eleito presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo para o período de 1978 a 1990. Em maio de 1989 foi eleito presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). Essa posição de destaque na CGT e o apoio pessoal durante a campanha, fizeram com que, após a vitória eleitoral, ele fosse chamado a compor a lista de ministros do novo governo. Envolvido nas acusações de corrupção que atingiram todo o entorno de Collor, Magri foi acusado de ter recebido 30 mil dólares. Foi demitido em janeiro de 1992, afastando-se definitivamente da política e do sindicalismo atuante. O principal feito de Magri em sua passagem pelo Ministério, além da pecha de ter sido acusado de receber propina, foi ter criado um neologismo na década de 1990, quando se referiu ao plano Collor (plano econômico do governo Collor) como sendo "imexível".

1. Por que o ministro foi criticado pelas elites e pela mídia ao dizer que o Plano Collor era “imexível”?
2. Poderia existir esta palavra no léxico da língua portuguesa? Como se dá a sua formação?
3. Que outros exemplos de neologismos criados você conhece na história?
4. Em que situações e de que maneira você poderia criar neologismos?
5. Explique: como se dá o processo de criação de novas palavras?

NEOLEXIA

Utilizando sufixos, prefixos e termos gregos e latinos, bem como os elementos de outras línguas, qualquer um pode “criar” novas palavras. A palavra “criar” não deve ser confundida com inventar. Pode-se inventar um neologismo grotesco, ilógico e sem nenhum sentido. Mas o que se propõe é um trabalho intelectual e criterioso de combinação de elementos léxicos, como prefixos e sufixos, dentro de uma lógica que dá sentido à nova palavra criada. A neolexia, do grego neo = novo, + lexia, de lexis = palavra, é uma parte da linguística que trata da criação de palavras. Você pode não se tornar um destacado neologista, mas poderá, com este exercício, passar a melhor compreender neologismos encontrados e a decifrar palavras clássicas de raro uso, à primeira vista, incompreensíveis, mas que podem ser decifradas a partir da separação dos elementos de que se compõem. O que, às vezes, não é tão difícil, mas implica em certo conhecimento e reflexão. A neolexia que também é chamada onomaturgia = trabalho de fazer nomes, é uma atividade antiquíssima. Platão em Crátilo, já faz referência a ela, dizendo ser uma arte cada vez mais raramente encontrável entre os homens.

Palavras criadas por escritores clássicos e modernos

Foram muitos os escritores clássicos e modernos que criaram palavras. Homero, de tão embevecido com o belo amanhecer na Grécia, escreveu: “Quando apareceu a filha da manhã, a Aurora rododáctila...” (Ilíada 1,477 e Odisseia 2,1) et passim. Nesse trecho ele cria o termo “rododáctila”, unindo as palavras: “rodos” = rosa + dáctilo = dedo. Portanto ele antropomorfiza Eo, a deusa da aurora, simbolizando-a na rosada mão aberta, fazendo desaparecer as trevas e trazendo o tom rosáceo, prenúncio da luz de um novo e lindo dia. Artistóteles em sua Retórica (1405 b) usa o termo e faz um acurado comentário sobre a beleza, a correção e a exatidão que o mesmo encerra. A Homero, também é atribuído um neologismo grego surgido no seu tempo, numa obra em forma de paródia intitulada: Batracomiomaquia. Esse termo é a simples junção de três nomes: Batráko+mio+maquia = “Batalha das rãs com os ratos”. A autoria nunca foi provada. É bom saber que o termo “mio” em grego, tem um homônimo que é “músculo”.

O escritor francês, François Rabelais *1494+1553, em Pantagruel, criou o personagem Panúrgio, nome composto de pan = tudo, mais urgio, de ergon = trabalho. O termo tem o sentido de esperto, malino, impossível... Panúrgio comprou caro o carneiro mais velho do rebanho de seu desafeto e ato contínuo, jogou-o no mar. Imediatamente todo o rebanho precipitou-se atrás dele. O inimigo perdeu seu rebanho. Por associação pode-se entender as palavras com mesmo final como: cirurgia, dramaturgia, liturgia, meliturgia, metalurgia. mineralurgia, siderurgia, taumaturgia... O economista francês Jean-Claude M. Vincent *1712+1759, em um momento de luminosa inspiração “criou” a palavra: bureaucratie, que é a união da palavra francesa “bureau” = mesa com a palavra grega “cracia” = poder. Em português transformou-se em “burocracia”. Esta foi uma palavra muito bem aceita em todas as línguas ocidentais , o que demonstra ser este um problema universal. Esta palavra é uma feliz criação, pois retrata exatamente o que a burocracia representa: “o poder da mesa”. O sujeito senta-se atrás de uma mesa e tome ordens, exigências para chatear as pessoas... Aqui entre nós brasileiros esta palavra, às vezes, é também traduzida como “burrocracia”, em uma clara alusão de que seriam medidas tomadas por pessoas com poder, mas pouca inteligência.

No início dos anos 60 os russos criaram a palavra “cosmonauta” (que pela nova grafia pode ser “kosmonauta”, pois vem do grego kosmós = universo). No auge da guerra fria, os americanos, “revidaram” criando a palavra “astronauta”. Hoje as duas palavras são usadas igualmente. Em maio de 1998, quando os chineses começaram a explorar o espaço sideral. O chinês Chiew Lee Yih teve a ideia de “criar” um novo nome para designar “um chinês navegando no espaço”. Ele concebeu a palavra “taikonauta”, que é a junção de “taikong” = espaço em chinês (mandarino) + a palavra grega e também latina, “nauta”. É por isso que um chinês navegando no espaço não é um argonauta, não é um kosmonauta, nem um astronauta, mas sim, um “taikonauta”. E a palavra tem tudo para entrar no uso comum mesmo no ocidente.

O escritor palestino Imil Habibi *1922+1996, em livro publicado em 1974, “criou” o termo “pessotimista” com que designa uma pessoa que está num dilema entre o pessimismo e o otimismo, ou que avaliando a realidade concreta gostaria de ser otimista, mas o pessimismo barra-o a meio caminho. O livro foi traduzido para o espanhol e a palavra “pesoptimista” (em espanhol) bastante discutida e utilizada na década de 1990 na Espanha e em países de língua hispânica. O escritor indiano Jairam Ramesh, em 2005, publicou o livro Making Sense of Chindia, (India Research Press, Bangalore). Ele refere-se a um possível novo país CHINDIA, que seria a fusão da China com a Índia, cujos cidadãos seriam os “chindianos”. Esse país com o “software” da Índia e o “hardware” da China desequilibraria o mercado mundial da informática e periféricos.

Exemplos

01 – Os bebês são galactófagos, já os bisavós, em geral, tendem a ser galactófugos.
02 – Quase toda modelo, quando não sofre de anorexia, sofre de mogiorexia.
03 – Os anacoretas do deserto da Núbia eram austeros oligólogos.
04 – Hoje são muito poucos os países do mundo nos quais ainda existem cinódromos.
05 – A ablutomania é uma prática comum das pessoas escrupulosas para livrar-se da culpa.
06 – O candidato, antes das eleições, é um perfeito demófilo, depois das eleições, nem tanto.
07 – Jânio Quadros, um notório alectorófobo, enquanto presidente, proibiu a alectoromaquia.
08 – Os oncologistas aconselham aos habitantes das regiões equatoriais a serem heliófugos.
09 – A incomensurável filarquia dos ditadores, quase sempre, leva-os a cometer excessos.
10 – A moça era dotada de notável eutaxia, mas as amigas levaram-na a optar pela anarquia.
11 – A televisão promoveu uma verdadeira logomaquia entre os candidatos a presidente.
12 – De notória politopia, como era da família Pontes, apelidaram-no de “Saulo Ponteaérea”.
13 – Na Semana Santa, a perigosa piromaquia é a grande atração de Cruz das Almas (BA).
14 – A luta entre as religiões era tão acirrada, que um ateu sugeriu a criação de um teódromo.
15 – Após a lida diária vem a noite e o sertanejo extasia-se com a bela visão da panselene.

Solução

01 – Galactó, = leite, +fagos =beber; galató, = leite + fugos = que evita, foge.
02 – Anorexia = falta de apetite; mogiorexia = dificuldade para se alimentar.
03 – Oligólogo = de olígos, i. é, pouco + logos = palavra. (Eram silenciosos).
04 – Cinódromo = de cynos, i. é, cachorro + dromo= local de corrida.
05 – A ablutomania é a prática obsessiva de lavar as mãos. Do verbo latino abluere = lavar.
06 – Demófilo, de demos = povo, + filo = amigo.
07 – Alectorófobo, de aléctoro = galo, + fobo = medo; alectoromaquia, maquia = briga.
08 – Heliófugos, de hélios = sol, + fugo, do verbo grego, phugô = fugir.
09 – Filarquia, de phílos = amigo, + arquia de arxé = poder.
10 – Éutaxia, de eu = bem, + taxia = ordem; anarquia, de an = privativo, + arquia = norma, lei...
11 – Logomaquia, logos = palavra, + maquia = combate. (Guerra de palavras).
12 – Politopia, de poli = muitos, múltiplos + topos = lugares. (Que visita muitos países).
13 – Piromaquia, de píro = fogo, + maquía = combate. (Luta com fogos de artifício).
14 – Teódromo, de Téo = Deus, + drômo = lugar de corrida.
15 – Panselene, de pan = total, + selene = lua. (A visão da lua cheia).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

SARAMAGO

A vida é apenas uma passagem e nesse aspecto somos todos passageiros, inclusive o cobrador e o motorista. A falta que fazemos é temporal, mas a vida que vivemos é atemporal, se é que me entendem. Saramago acaba de fazer a sua passagem e deixou aqui na Terra um grande legado, que o leva, como a tantos outros à imortalidade.

No seu mais recente livro, cujo título é “Caim”, ele tem Caim, personagem bíblico que matou seu irmão Abel, como um dos protagonistas principais. Outro personagem é o próprio Deus e outro, ainda, somos nós, a própria humanidade nas suas diferentes expressões.

"Tanto neste livro, como nos anteriores, “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, por exemplo, o autor não recua diante de nada nem procura subterfúgios no momento de abordar o que, durante milênios, em todas as culturas e civilizações foi considerado intocável e não nomeável: a divindade e o conjunto de normas e preceitos que os homens estabelecem em torno a essa figura para exigir a si mesmos - ou talvez fosse melhor dizer para exigir a outros - uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício, ou matar em nome de Deus".

Morreu Saramago. Viva Saramago.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O ACORDO ORTOGRÁFICO E A ACENTUAÇÃO

• Trema: Não se usa mais o trema na letra u, para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que e qui: aguentar, arguir, frequência, tranquilo, lingüiça; mas o trema permanece nas palavras estrangeiras e em suas derivadas: Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano, Bündchen.

• Ditongos abertos EI e OI de palavras paroxítonas: Não se usa mais o acento nos ditongos abertos tônicos EI e OI de palavras paroxítonas: ideia, colmeia, apoia, celuloide, mas continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em ÉIS, ÉU(S), ÓI(S): fiéis, papéis, troféu, herói.

• I e U tônicos depois de ditongos em palavras paroxítonas: Não se acentuam mais I e U tônicos que aparecem depois de um ditongo em palavras paroxítonas: baiuca, feiura, mas continuam a ser acentuadas as oxítonas com I e U na posição final depois de um ditongo: Piauí, teiú, tuiuiú.

• Palavras terminadas em EEM e OO(S): Não se usa mais o acento circunflexo: leem, creem, doo, enjoo, voos.

• Não se usa mais o acento diferencial em membros de alguns pares: para, pela, pelo, polo, pera, forma (opcional, para conferir clareza à frase), mas permanece o acento diferencial nos pares: pôde / pode, pôr / por, têm / tem, vêm / vem; derivados de ter e vir (mantém / mantêm, convém / convêm, detém / detêm).

• Presente do indicativo e do subjuntivo de arguir, redarguir: Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas rizotônicas do presente do indicativo e do subjuntivo: arguo, arguis, argui, arguem, argua, arguas, argua, arguam.

Zacharias Bezerra de Oliveira

domingo, 13 de junho de 2010

LIBERDADE DE EXPRESSÃO X RESPONSABILIDADE DE INFORMAÇÃO

Muitos transtornos ocorreram para que a liberdade de expressão fosse um direito de todos e de forma bastante ofensiva fomos conquistando nosso espaço parta expor nossos sentimentos representados em música, salmos, crônicas e artigos para jornal.

A Internet como meio de comunicação instantânea, o que deveria ser um apoio ao estudante passou a ser uma faca de dois gumes. A ferramenta de pesquisa mais completa, hoje, é uma verdadeira dor de cabeça para professores por conta de alunos metidos a espertos, que usam e abusam de forma indevida de informações já publicadas na Rede, sem dar os devidos créditos. Ou repassam informações, sem saber da real procedência e veracidade.

Isso mostra a insuficiência no desenvolvimento nos estudos dos alunos, a falta de pesquisa em livros,leva à busca fácil e ilegal. Textos sem autorias (anônimos) e publicados sem responsabilidade deveriam ser tratados como pirataria. Copiar textos da Internet e entregá-los ao professor ou divulgá-los como seu, deveria acarretar em uma punição maior ao aluno metido a esperto.