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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sustentabilidade: Comunicação e mudança


Por Vilmar S. D. Berna

Distantes mais de 4 mil quilômetros um do outro, mas unidos com um mesmo propósito. A comunicação ambiental foi o tema de pauta de dois importantes encontros nos extremos do Brasil, o VII Fórum Água em Pauta, em Fortaleza, CE, o 1º Fórum de Jornalismo Ambiental, na Fiema Brasil 2012, em Bento Gonçalves (RS).

Estes eventos sinalizaram o quanto a sociedade e os profissionais da comunicação estão cada vez mais conscientes sobre a importância estratégica da comunicação como fator de mudança para a sustentabilidade, não só por que promove a democratização da informação ambiental, mas por possibilitar o diálogo e a negociação de conflitos, naturais numa democracia.

Em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, o evento foi organizado pela Revista Imprensa, no VII Fórum Água em Pauta ( www.portalimprensa.com.br/forumagua ), reunindo no auditório do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS técnicos, jornalistas, e outros interessados em torno da pauta da comunicação para a sustentabilidade. O Ceará não foi escolhido por acaso, nem o DNOCS. O órgão completou recentemente 100 anos de existência, um marco num país com tradição de descontinuidade administrativa, e neste período, o DNOCS investiu cerca de 20 bilhões de dólares a preços atuais para tornar o semi-árido nordestino no mais povoado e desenvolvido entre as regiões semelhantes do mundo. O Estado do Ceará tem ainda uma tradição em gestão compartilhada da água que serve de exemplo para o Brasil, através dos seus Comitês Integrados de Bacias. Em 2010, sediou o XII Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas e nos anos ímpares, nos meses de novembro, sedia o Encontro Intercontinental sobre a Natureza - O2, organizado pelo Clodionor Araújo, do Instituto Hidroambiental Águas do Brasil – IHAB, e que tem contribuído para estimular, promover e divulgar o conhecimento técnico- científico sobre a água, meio ambiente e conscientizar a sociedade da importância de proteger e usar racionalmente os recursos naturais para a produção limpa e os negócios sustentáveis, visando a melhoria da qualidade de vida.

Cerca de 4,2 mil quilômetros de Fortaleza, em Bento Gonçalves, no Estado do Rio Grande do Sul, durante a 5ª edição da Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente, a Fiema Brasil 2012, cerca de 300 expositores nacionais e internacionais demonstravam para um enorme público interessado o quanto a criatividade, o empreendedorismo, o conhecimento técnico-científico em meio ambiente e sustentabilidade já estão disponíveis para a sociedade. Talvez, agora, a maior exigência seja investir ainda mais em comunicação para a sustentabilidade, mostrando que os sonhos já começaram a se transformar em realidade, e que é possível mudar. Para promover o debate sobre sustentabilidade e Meio Ambiente em Pauta – possibilidades, abordagens e desajustes, o Jornalismo Ambiental virtual – a cobertura feita nas mídias sociais, sites e blogs e Rio + 20, a FIEMA realizou seu Iº Fórum de Jornalismo Ambiental (http://www.fiema.com.br/pt/eventos-simultaneos/forum-de-jornalismo-ambiental.html ), com a participação de Ricardo Voltolini, da empresa Ideia Sustentável, Alan Dubner, consultor em Comunicação Interativa, especializado em Mídia Social, integrante do portal Jornalismo Ambiental e Paulina Chamorro, gerente de Meio Ambiente do grupo Estadão e apresentadora das rádios Eldorado e Estadão ESPN, Henrique Camargo, editor do Mercado Ético, Reinaldo Canto, do portal Envolverde, especialista em Sustentabilidade, Cláudia Piche, do Ideia Sustentável.

Os desafios ainda são enormes, conforme apontados por vários debatedores, principalmente por que a consciência ambiental não é igual para todos. Ainda somos um país com um grande índice de analfabetismo, real e maior ainda funcional, por isso o rádio exerce um papel fundamental como meio de comunicação, não requer a alfabetização nem que o ouvinte tenha de parar seus afazeres.

Ao lado disso, e apesar da exclusão digital ainda ser enorme, os incluídos digitalmente no Brasil reúnem parcelas significativas e importantes dos segmentos de opinião pública, especialmente entre os formadores e multiplicadores de opinião, o que torna as redes sociais e os blogs em fenômenos de comunicação ainda pouco compreendidos. Se antes, os leitores precisavam de intermediadores para suas relações com a informação e a produção de conhecimento, agora os próprios leitores produzem e divulgam quase instantaneamente textos, imagens, opiniões, comentários, e também mobilizam, protestam, organizam abaixo-assinados, sem fronteiras, sem censura, num processo ainda não tão bem compreendido sobre qual será o papel dos profissionais e dos veículos de comunicação tradicionais neste novo cenário.

Apesar disso, constata-se um enorme grau de analfabetismo e desmobilização ambiental, não só pela falta de informação ambiental de qualidade e em quantidade suficiente, mas principalmente pela oferta de informações comprometidas com o consumismo e na contramão da sustentabilidade, o que compromete a velocidade da mudança e da mobilização da sociedade.

A REBIA esteve presente, a convite dos organizadores, tanto através de membros dos Fóruns REBIA NORDESTE, em Fortaleza, quando da REBIA SUL, em Bento Gonçalves, e através do editor da Revista do Meio Ambiente e do moderador da REBIA NACIONAL, Ivan Ruela.

* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente ( www.portaldomeioambiente.org.br ). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas - www.escritorvilmarberna.com.br