Translate

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Descartes e o modelo de desenvolvimento

Vivemos, atualmente, uma crise ambiental sem precedentes. Essa crise, pode-se dizer, vem sendo construída desde a época dos descobrimentos começou a ser urdida com mais intensidade no período da Revolução Industrial (século XIX) e passou a ser mais evidenciada e discutida a partir da segunda metade do século passado. Na realidade, as alterações ambientais acompanham a história da humanidade desde as sociedades mais primitivas, pois o homem sempre procurou adaptar o ambiente às suas necessidades, apropriando-se dos recursos naturais sem levar em conta a necessidade de estabelecer limites para esta exploração.

A antropocentrização do mundo, estabelecida por um modelo cartesiano de desenvolvimento que perdura até hoje, é o que tem determinbado o desenvolvimento econômico, que tem causado um impacto negativo significativo sobre o meio ambiente, deixando a humanidade à beira do colapso, pondo em risco a própria sobrevivência humana.

Atualmente, as atividades econômicas têm buscado satisfazer as ilimitadas necessidades do homem, através da utilização dos recursos naturais, em nome do maior bem-estar social. Mas é paradoxal, que o desenvolvimento atual deixe de pensar nas gerações futuras e promova, para a geração atual, melhores condições de vida sem considerar o equilíbrio ambiental. Nenhuma atividade econômica pode ser viável se a natureza, fornecedora dos insumos e receptora dos resíduos, estiver comprometida. É necessário, pois, uma radical mudança em nosso modelo de produção e consumo. Não basta, agora, portanto, reciclar, reutilizar, repor, é preciso consumir menos e também produzir menos.

Descartes e o modelo de ensino

O modelo cartesiano de ensino é aquele que privilegia a transmissão rígida dos saberes como a única maneira de ensinar, transformando os alunos em meros receptores passivos do conhecimento. Esse modelo de ensino utiliza-se de recursos tecnológicos, mas apenas como um meio para aplicação de exercícios mecânicos e de repetição.

René Descartes (1596-1650), Filósofo francês, cientista e matemático, é considerado o fundador da filosofia moderna e que acabou estabelecendo as bases da ciência moderna. Descartes criou um sistema de pensamento, no qual ele questiona a própria existência do mundo. Descartes desconfiava dos sentidos. Segundo ele, todas as ideias do mundo são falsas e, por isso, é preciso rejeitá-las. É o racionalismo (razão) em oposição ao empirismo (experimentação).

Penso, logo existo é a base da filosofia Cartesiana. Para Descartes, a dúvida é natural, própria dos seres racionais, ou seja, aqueles que pensam. Através da razão, é possível estabelecer a dúvida metódica e até revisar todos os conhecimentos adquiridos ou por adquirir.

O método da dúvida cartesiana apoia-se em quatro princípios:

1º) Não aceitar como verdade nada que não seja claro e distinto, ou seja, eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias; o certo ´se só aquilo que é irrefutável;

2º) Decompor os problemas em suas partes mínimas, isto é, todos os problemas devem ser propostos à investigação científica;

3º) Deixar o pensamento ir do simples ao complexo e não acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar;

4º) Revisar o processo para ter certeza de que não ocorreu erro para chegar ao verdadeiro conhecimento de tudo.

As principais obras de Descartes são:

1628 - Regras para a orientação do espírito, que traz conceitos do método cartesiano.
1637 - Geometria, com reflexões sobre a matemática, a física e a geometria.
1637 - Discurso do Método, mostra a razão como busca da verdade na ciência.
1641 - Meditações, com reflexões do discurso do método.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Desenvolvimento Sustentavel

Enrique Leff (2000), em seu estudo sobre ecologia, capital e cultura acredita que o desenvolvimento sustentável é possível se tiver como base uma perspectiva ecossistêmica, na qual o crescimento se dá a partir de um processo “ecologicamente sustentável, economicamente sustentado e socialmente justo e eqüitativo” (LEFF, 2000, p. 140). Mas o autor adverte que o desenvolvimento sustentável somente será viável com o avanço dos direitos de apropriação de comunidades rurais e do incremento da capacidade de autogestão deste setor. Leff, coordenador da Rede de Formação Ambiental para a América Latina e Caribe, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), considera o ambiente como a visão de relações complexas e sinérgicas entre processos de ordem física, biológica, termodinâmica, econômica, política e cultural. O hábitat é o suporte ecológico do habitar ou a inscrição da cultura no espaço geográfico, onde o fator urbano torna-se insustentável.

O capital assumiu tal poder no atual modelo de desenvolvimento, de produção e de consumo que acabou transformando a cidade em um amontoado de pessoas, onde se congestiona o consumo, degrada-se a energia e acumula-se o lixo. A superexploração dos recursos naturais acontece no campo e na cidade e as consequências são: a desestruturação do entorno ecológico, o dessecamento dos lençóis freáticos, a extração dos recursos hídricos além da capacidade de suporte dos aquíferos e a saturação do ar. Tráfico, violência, turismo sexual, desigualdade social, pedintes, sem terra, sem escola, sem teto, sem comida, sem o mínimo necessário a uma vida digna são um “contrassenso da ideologia do progresso” (BOEIRA, 2002, p. 2). O “inchaço” das cidades está se dando porque o homem está sendo expulso do campo por falta de infraestrutura básica e, essencialmente, de políticas públicas adequadas para mantê-lo ali.

O saber ambiental é um processo complexo e em construção porque envolve aspectos variados e mudança de paradigma, tanto de quem consome, quanto de quem produz. Mas nem todos parecem dispostos a fazer esta mudança de hábito. A lógica do capital é o dinheiro, porém a capacidade de suporte do planeta é limitada. Por isso, talvez, haja uma tendência a condenar, por princípio, a modernidade e o liberalismo. Leff, de certa forma, parece permitir a compreensão da complexidade do saber ambiental, sem deixar ver que relação existe entre o saber e a modernidade. O pesquisador Genebaldo Freire, doutor em Ecologia, analista ambiental do IBAMA e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), em palestra no Ceará, em 2007, intitulada "Desenvolvimento Sustentável – Arrogância e Utopia", declarou:

Mantidos o cinismo das formas de produção, crescimento populacional, aumento do consumo e políticas totalmente afastadas da relação ser humano-ambiente, não há a menor possibilidade de desenvolvimento sustentável. Nem teoricamente. Esse termo é extremamente arrogante. O que precisamos é de "Desenvolvimento de Sociedades Sustentáveis". Essa história de "salvar o planeta" é bobagem. Primeiro porque o planeta não está em risco, segundo porque não teríamos condições de salvá-lo, nem ele precisa disso. O planeta sempre esquentou, passou por períodos de glaciação e vai continuar sua escalada. Daqui a sete e meio bilhões de anos o sol apaga, congela... (entrevista à repórter Natercia Rocha, Diário do Nordeste, 25/11/2007).
No Brasil a discussão sobre desenvolvimento sustentável ganha ênfase na mídia a partir da Conferência da ONU em Estocolmo, Suécia, em 1972, como discurso político-ecológico da relação do homem com a natureza. Foi, inclusive, a partir da década de 1970 que a “acumulação de capital tomou forte impulso em escala mundial com o desenvolvimento técnico, científico, dos meios de comunicação e de transporte” (MARTINEZ, 2006, p. 12).

A mídia tem papel relevante na construção da Agenda 21 local e, portanto, deve contribuir mais para informar a população sobre a existência de políticas públicas para o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. André Trigueiro (2003) diz que os jornalistas precisam da transversalidade para transformar conhecimento em experiências e vice-versa. O autor explica que, além de informar, a imprensa deve adotar papel educacional, esclarecedor e orientador das políticas governamentais e das ações ambientais que devem ser aplicadas pelo homem para evitar prejuízos ao meio ambiente.

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, é sempre celebrado com muitas ações por organizações ambientais, educacionais e governamentais. Livros sobre o tema são lançados, conferências são realizadas. Mas que não nos percamos todos pela efeméride e nos esqueçamos do meio ambiente no resto do ano. Todo dia é dia do meio ambiente. E, só lembrando, nós também fazemos parte do meio ambiente. Portanto, é preciso cuidar de cada um, em particular.

sábado, 11 de setembro de 2010

A Escola Vila

Os amigos costumam avaliar a qualidade de vida em Fortaleza pela proximidade do mar e de acesso às belas praias que nos oferece o Estado do Ceará. Mas para mim essa qualidade se manifesta pela qualidade de ensino que a Escola Vila tem para oferecer desde o maternal ao ensino fundamental. Quando nos mudamos para Fortaleza em 1994, nossa maior preocupação era essa: encontrar uma escola para nossa filha, então no maternal, com a qualidade oferecida pela que ela frequentava em Brasília. Foi uma surpresa. Encontramos uma melhor.

Por quê? A Escola Vila sempre leva em consideração o perfil do aluno e não enfoca seu ensino na preparação para o ENEM ou para o Vestibular. Na Escola Vila tem importância verdadeira o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento criativo e do senso crítico de cada um. É uma escola humana, onde todos se conhecem e são considerados como parte da teia da vida. E, apesar de ser uma escola paga, os alunos têm oportunidade de conviver com alunos bolsistas, pertencentes a classes de poder aquisitivo distintos e os amigos e amigas são escolhidos por afinidade.

Na Escola Vila, desde pequenos, os alunos são colocados em contato com a natureza, aprendendo, na convivência e na prática a respeitar os animais, que co-habitam em seu pomar, a plantar e colher plantas medicinais; são apresentados à economia solidária, estimulando o consumo à base de troca e não da compra; a solidariedade e o respeito aos mais velhos são trabalhados todos os anos com a visita a abrigos de idosos e distribuição de produtos não perecíveis arrecadados.

As artes, a cultura, a filosofia são trabalhados em todos os níveis do ensino e a inclusão social, com o atendimento e a aceitação de crianças especiais, que são inseridas nas salas junto com todos os outros alunos. Lembro-me de um período de hiperatividade de nosso filho, Nabar, na Vila desde que completou seu primeiro ano e começou a dar seus primeiros passos, em que ele estava constantemente na sala da diretora “danação”. A diretora, Fátima Limaverde, tranquilizou-nos com estas palavras: “Não se preocupem, essa geração de crianças índigos é mesmo assim inquieta e nós temos que aprender a aceitá-la”.

A Escola Vila, que acolheu nossa filha Nahia desde os seus 2 anos de idade, preparou-a tão bem que ela passou na prova de acesso para estudar Filologia Inglesa na Universidade do País Basco, Espanha, com disciplinas que iam desde português e história até filosofia e língua espanhola. Desde lá, Nahia enviou o seguinte depoimento:

Ainda que só tenha reconhecido depois de ter saído dessa escola, a Vila foi, principalmente durante minha infância, como uma segunda casa. Lá, aprendi valores que não esqueci, conheci pessoas das quais até hoje sou amiga e formei parte da minha personalidade e caráter. Gosto de que, diferente de outros colégios de Fortaleza, a Vila mantenha um contato mais próximo entre professores, direção e alunos, fazendo com que os alunos se sintam parte da escola. Além disso, o sistema de ensino também me agrada, pois não prepara os alunos apenas para enfrentar o vestibular, mas também a vida, coisa que o colégio tem como prioridade, em vez da citada prova. Reconheço que enquanto estudava lá, não dava à escola o devido valor, mas, agora que saí, percebo quão bons e proveitosos foram os anos que passei lá (Nahia Uribe de Oliveira, Donosti, Espanha).

Aos que pensam que a Escola Vila não prepara para a vida, esse depoimento pessoal de nossa filha, agora com 18 anos, não deixa margem a dúvidas. A Escola Vila prepara os alunos para o ENEM, para o Vestibular e, principalmente, para a vida. E isso é o que eu considero mais importante em uma escola.

Zacharias Bezerra de Oliveira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Avaliação

De repente, na Grécia Antiga, na Polis, naquelas homéricas assembleias que discutem, discutem e nada decidem, mas que iniciam ao que se veio a conhecer como Democracia. Tal qual o presepeiro Macunaíma diante de dismantelados desafios acompanho Zeus na subida dos três mil metros do Monte Olimpo, o ponto mais alto do país, situado ao norte, às margens do mar Egeu. Chego ao cimo bufando e com meio palmo de língua para fora. Com a baladeira enfrento o Minotauro e qual Teseu encontro a saída do Labirinto cretense com a ajuda de Ariadne. Com a (pré) tensão de enfrentar os Ciclopes transformo-me em Hades e sigo o caminho montado em Cérbero.

Montado em Pégaso sou Belerofonte e enfrento Amazonas com lamparina na mão; mato a Quimera e abro a caixa de Pandora, onde está encerrada a esperança. Na hora de pega pra capar, ajeito os cambitos e saio correndo. Não quero dar uma de Ícaro e escapo, assim, de morrer afogado nas águas do mar Egeu, como o filho de Dédalo. Moleque, safado, sacana, tal qual Macunaíma travestido de Hermes roubo o tridente de Poseidon, dou sumiço nas flechas de Apolo, engulo as espadas de Ares e resolvo honestar com o cinto de Afrodite.

Da Grécia passo à civilização Romana e apaixono-me por Vênus. Caio doente e quase morro de febre virulenta. Tal qual Fênix, ressurjo em forma de Pã e mergulho no lago Paranoá com a ninfa Salmácis, não consigo abraçá-la e imploro aos deuses do Planalto que nossos corpos não se separem jamais arriscando a terminar os dias Hermafrodito. Posso ter assumido a postura denominada pelos filósofos gregos de “admiração” pelos meus pares e ímpares. Em contrapartida, a proximidade ajuda-me na observação do objeto e a vê-lo também não apenas pelo que me parece, mas pelo que é; a ver com método e com mais precisão o quanto aprendi e ensinei na disciplina Didática no Ensino Superior. Agora, sim, sei que estou preparado para o desafio de ensinar e de aprender. Parabéns, parabéns e abraços a todos e todas. Esta é a minha forma de estar presente nesta festa. Um abraço, do Zacka.