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segunda-feira, 31 de maio de 2010

ACRÔNIMO

A palavra formada pelas primeiras letras de uma locução ou frase ou pelas letras principais de uma palavra é denominada acrônimo, acrograma ou acrógrafo. Os acrônimos são comumente usados na comunicação pela Internet e também na aviação para etiquetar as bagagens despachadas nas viagens com o seu destino, como, por exemplo: BSB para Brasília e THE para Teresina (Piauí). Na aviação este acrônimo pode referir-se ao nome do aeroporto de destino: GIG indica o aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro e JFK, o aeroporto internacional John Fitzgerald Kennedy, em Nova Iorque (Estados Unidos da América).

Na Internet utiliza-se muito ABS para dizer abraços e, curiosamente, ABS é também o o acrônimo para a expressão alemã Antiblockier-Bremssystem, mais frequentemente traduzido para a inglesa Anti-lock Braking System, um sistema de frenagem que evita o bloqueio da roda ao se frear bruscamente e, consequente,  evitar a derrapagem. SAS ou SDS para saudações e BJ para beijo são outros acrônimos utilizados por nós lusófonos.

O Dicionário de Comunicação (2002), de Carlos Rabaça e Gustavo Barbosa, traz uma série de acrônimos utilizados por todos os que falam ou se comunicam na língua de Shakespeare, que predomina na etimologia das palavras que dominam a Internet:

AFAIK: as far as I know - até onde eu sei
BBL: be back later - estarei de volta mais tarde
CUL: see you later - vejo você mais tarde
IMHO: in my humble opinion - em minha humilde opinião
ISTM: it seems to me - parece-me
FAQ: frequently asked questions - dúvidas frequentemente perguntadas
HHOJ: ha, ha, only joking - ha, ha, estava brincando
WYSIWYG: what you see is what you get - o que você vê é o que você tem
TNX ou TKS: thanks - obrigado
TTYL: talk to you later - falo com você mais tarde
VC: virtual community - comunidade virtual
RUOK: are you OK? - você está bem?
ROFL: roll on floor laughing - rolar no chão de tanto rir
MOTOS: member of the opposite sex - membro do sexo oposto
MORF: male or female? - homem ou mulher?
JAM: just a minute - só um minuto
GA: go ahead - vá em frente
F2F: face to face - cara a cara
B4: before - antes
DWISNWID: do what I say, not waht I do - faça o que eu digo, não o que faço

Acrônimos dos estados brasileiros


AC: Acre
AL: Alagoas
AM: Amazonas
AP: Amapá
BA: Bahia
CE: Ceará
DF: Distrito Federal
ES: Espírito Santo
GO: Goiás
MA: Maranhão
MG: Minas Gerais
MS: Mato Grosso do Sul
MT: Mato Grosso
PA: Pará
PB: Paraíba
PE: Pernambuco
PI: Piauí
PR: Paraná
RJ: Rio de Janeiro
RN: Rio Grande do Norte
RO: Rondônia
RR: Roraima
RS: Rio Grande do Sul
SC: Santa Catarina
SE: Sergipe
SP: São Paulo
TO: Tocantins

sexta-feira, 28 de maio de 2010

GRANDEZES E LIMITES DA ECOLOGIA

A grande contribuição da ecologia foi e continua sendo nos fazer tomar consciência dos perigos que ameaçam o planeta como consequência do atual modelo de produção e consumo. O crescimento exponencial das agressões ao meio ambiente e a ameaça crescente de uma ruptura do equilíbrio ecológico configuram um quadro catastrófico que coloca em questão a própria sobrevivência da vida humana. Estamos diante de uma crise de civilização que exige mudanças radicais.

Os ecologistas se enganam se crêem poder abrir mão da crítica marxiana do capitalismo: uma ecologia que não leve em conta a relação entre “produtivismo” e lógica do lucro está destinada ao fracasso – ou pior, à sua recuperação pelo sistema. Os exemplos não faltam... A ausência de uma postura anticapitalista coerente levou a maior parte dos partidos verde europeus – França, Alemanha, Itália, Bélgica – a tornar-se simples parceiro “ecoreformista” da gestão social-liberal do capitalismo pelos governos de centro-esquerda.

Considerando os trabalhadores irremediavelmente destinados ao produtivismo, alguns ecologistas ignoram/descartam o movimento operário e inscrevem em suas bandeiras: “nem esquerda, nem direita”.

Ex-marxistas convertidos à ecologia declaram apressadamente “adeus à classe operária” (André Gorz), enquanto outros autores (Alain Lipietz) insistem na necessidade de abandonar o “vermelho” – isto é, o marxismo ou o socialismo – para aderir ao “verde”, novo paradigma que trará uma resposta a todos os problemas econômicos e sociais.

O ecossocialismo

O que é então o ecossocialismo? Trata-se de uma corrente de pensamento e ação ecológicos que toma como suas as aquisições fundamentais do marxismo – ao mesmo tempo que se livra de seus entulhos produtivistas.

Para os ecossocialistas a lógica do mercado e do lucro – bem como aquela do defunto do autoritarismo burocrático, o “socialismo real” – são incompatíveis com as exigências de preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo que criticam a ideologia das correntes dominantes do movimento operário, eles sabem que os trabalhadores e suas organizações são uma força essencial para uma transformação radical do sistema e para a construção de uma nova sociedade socialista e ecológica.

Essa corrente está longe de ser politicamente homogênea, mas a maior parte de seus representantes compartilha alguns temas. Rompendo com a ideologia produtivista do progresso – em sua forma capitalista e/ou burocrática – e oposta à expansão ao infinito de um modo de produção e consumo destruidor da natureza, o ecossocialismo representa uma tentativa original de articular as ideias fundamentais do socialismo marxista com as contribuições da crítica ecológica.

O raciocínio ecossocialista se apoia em dois argumentos essenciais:

1) o modo de produção e consumo atual dos países capitalistas avançados, fundado sobre uma lógica de acumulação ilimitada (do capital, dos lucros, das mercadorias), desperdício de recursos, consumo ostentatório e destruição acelerada do meio ambiente, não pode de forma alguma ser estendido para o conjunto do planeta, sob pena de uma crise ecológica maior. Segundo cálculos recentes, se o consumo médio de energia dos EUA fosse generalizado para o conjunto da população mundial, as reservas conhecidas de petróleo seriam esgotadas em 19 dias. Esse sistema está, portanto, necessariamente fundado na manutenção e agravamento da desigualdade entre o Norte e o Sul;

2) de qualquer maneira, a continuidade do “progresso” capitalista e a expansão da civilização fundada na economia de mercado – até mesmo sob esta forma brutalmente desigual – ameaça diretamente, a médio prazo (toda previsão seria arriscada), a própria sobrevivência da espécie humana, em especial por causa das consequências catastróficas da mudança climática.

A racionalidade limitada do mercado capitalista, com seu cálculo imediatista das perdas e lucros, é intrinsecamente contraditória com uma racionalidade ecológica, que leve em conta a temporalidade longa dos ciclos naturais.

Não se trata de opor os “maus” capitalistas ecocidas aos “bons” capitalistas verdes: é o próprio sistema, fundado na competição impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida pelo lucro rápido, que é destruidor dos equilíbrios naturais. O pretenso capitalismo verde não passa de uma manobra publicitária, uma etiqueta buscando vender uma mercadoria, ou, no melhor dos casos, uma iniciativa local equivalente a uma gota-d’água sobre o solo árido do deserto capitalista.

Contra o fetichismo da mercadoria e a autonomização reificada da economia pelo neoliberalismo, o que está em jogo no futuro para os ecossocialistas é pôr em prática uma “economia moral” no sentido dado por Edward P. Thompson a este termo, isto é, uma política econômica fundada em critérios não monetários e extraeconômicos: em outras palavras, a reconciliação do econômico no ecológico, no social e no político.

As reformas parciais são totalmente insuficientes: é preciso substituir a microrracionalidade do lucro pela macrorracionalidade social e ecológica, algo que exige uma verdadeira mudança de civilização . Isso é impossível sem uma profunda reorientação tecnológica, visando a substituição das fontes atuais de energia por outras não poluentes e renováveis, como a eólica ou solar . A primeira questão colocada é, portanto, a do controle sobre os meios de produção e, principalmente, sobre as decisões de investimento e transformação tecnológica, que devem ser arrancados dos bancos e empresas capitalistas para tornarem-se um bem comum da sociedade.

Certamente, a mudança radical se relaciona não só com a produção, mas também com o consumo. Entretanto, o problema da civilização burguês-industrial não é – como muitas vezes os ecologistas argumentam – “o consumo excessivo” pela população e a solução não é uma “limitação” geral do consumo, sobretudo nos países capitalistas avançados. É o tipo de consumo atual, fundado na ostentação, no desperdício, na alienação mercantil, na obsessão acumuladora, que deve ser colocado em questão.

Ecologia e altermundialismo

Sim, nos responderão, é simpática essa utopia, mas por enquanto é preciso ficar de braços cruzados? Certamente não! É preciso lutar por cada avanço, cada medida de regulamentação, cada ação de defesa do meio ambiente. Cada quilômetro de estrada bloqueado, cada medida favorável aos transportes coletivos é importante; não somente porque retarda a corrida em direção ao abismo, mas porque permite às pessoas, aos trabalhadores, aos indivíduos se organizar, lutar e tomar consciência do que está em jogo nesse combate, de compreender, por sua experiência coletiva, a falência do sistema capitalista e a necessidade de uma mudança de civilização.

É nesse espírito que as forças mais ativas da ecologia estão engajadas, desde o início, no movimento altermundialista. Tal engajamento corresponde à tomada de consciência de que os grandes embates da crise ecológica são planetários e, portanto, só podem ser enfrentados por uma démarche resolutamente cosmopolítica, supranacional, mundial. O movimento altermundialista é sem dúvida o mais importante fenômeno de resistência antisistêmica do início do século XXI.

Essa vasta nebulosa, espécie de “movimento dos movimentos” que se manifesta de forma visível nos Fóruns Sociais – regionais e mundiais – e nas grandes manifestações de protesto – contra a Organização Mundial do Comércio (OMC), o G8 ou a guerra imperial no Iraque – não corresponde às formas habituais de ação social ou política. Ampla rede descentralizada, ele é múltiplo, diverso e heterogêneo, associando sindicatos operários e movimentos camponeses, ONGs e organizações indígenas, movimentos de mulheres e associações ecológicas, intelectuais e jovens ativistas. Longe de ser uma fraqueza, essa pluralidade é uma das fontes da força, crescente e expansiva, do movimento.

Pode-se afirmar que o ato de nascimento do altermundialismo foi a grande manifestação popular que fez fracassar a reunião da OMC em Seattle, em 1999. A cabeça visível desse combate era a convergência surpreendente de duas forças: turtles and teamsters, ecologistas vestidos de tartarugas (espécie ameaçada de extinção) e sindicalistas do setor de transportes. Portanto, a questão ecológica estava presente, desde o início, no coração das mobilizações contra a globalização capitalista neoliberal. A palavra de ordem central desse movimento, “o mundo não é uma mercadoria”, visa também, evidentemente, o ar, a água, a terra, isto é, o ambiente natural, cada vez mais submetido aos ditames do capital.

Podemos afirmar que o altermundialismo comporta três momentos: 1) o protesto radical contra a ordem existente e suas sinistras instituições: o FMI, o Banco Mundial, a OMC, o G8; 2) um conjunto de medidas concretas, propostas passíveis de serem imediatamente realizadas: a taxação dos capitais financeiros, a supressão da dívida do Terceiro Mundo, o fim das guerras imperialistas; 3) a utopia de um “outro mundo possível”, fundado sobre valores comuns como liberdade, democracia participativa, justiça social e defesa do meio ambiente.

A dimensão ecológica está presente nesses três momentos: ela inspira tanto a revolta contra um sistema que conduz a humanidade a um trágico impasse, quanto um conjunto de propostas precisas – moratória sobre os OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), desenvolvimento de transportes coletivos gratuitos –, bem como a utopia de uma sociedade vivendo em harmonia com os ecossistemas, esboçada pelos documentos do movimento. Isso não quer dizer que não existam contradições, fruto tanto da resistência de setores do sindicalismo às reivindicações ecológicas, percebidas como uma “ameaça ao emprego”, quanto da natureza míope e pouco social de algumas organizações ecológicas. Mas uma das características mais positivas dos Fóruns Sociais, e do altermundialismo em seu conjunto, é a possibilidade do encontro, debate, diálogo e da aprendizagem recíproca de diferentes tipos de movimentos.

É preciso acrescentar que o próprio movimento ecológico está longe de ser homogêneo: é muito diverso e contem um espectro que vai desde ONGs moderadas habituadas ao lobby como forma de pressão, até os movimentos combativos inseridos num trabalho de base militante; da gestão “realista” do Estado (no nível local ou nacional) às lutas que colocam em questão a lógica do sistema; da correção dos “excessos” da economia de mercado às iniciativas de orientação ecossocialista.

Essa heterogeneidade caracteriza, diga-se de passagem, todo o movimento altermundialista, mesmo com a predominância de uma sensibilidade anticapitalista, sobretudo na América Latina. É a razão pela qual o Fórum Social Mundial, precioso lugar de encontro – como explica tão bem nosso amigo Chico Whitaker – onde diferentes iniciativas podem fincar raízes, não pode se tornar um movimento sociopolítico estruturado, com uma “linha” comum, resoluções adotadas por maioria etc.

É importante sublinhar que a presença da ecologia no “movimento dos movimentos” não se limita às organizações ecológicas – Greenpeace, WWF, entre outras. Ela se torna cada vez mais uma dimensão levada em conta, na ação e reflexão, por diferentes movimentos sociais, camponeses, indígenas, feministas, religiosos (Teologia da Libertação).

Um exemplo impressionante dessa integração “orgânica” das questões ecológicas por outros movimentos é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que, com seus camaradas da rede internacional Via Campesina, é um dos pilares do Fórum Social Mundial e do movimento altermundialista. Hostil desde sua origem ao capitalismo e sua expressão rural, o agronegócio, o MST integrou cada vez mais a dimensão ecológica no seu combate por uma reforma agrária radical e um outro modelo de agricultura. Durante a celebração do vigésimo aniversário do movimento, no Rio de Janeiro em 2005, o documento dos organizadores declarava: nosso sonho de “um mundo igualitário, que socialize as riquezas materiais e culturais”, um novo caminho para a sociedade, “fundado na igualdade entre os seres humanos e nos princípios ecológicos”.

Isto se traduziu nas ações – por diversas vezes à margem da “legalidade” – do MST contra os OGMs, o que é tanto um combate contra a tentativa das multinacionais – Monsanto, Syngenta – de controlar totalmente as sementes, submetendo os camponeses à sua dominação, como uma luta contra um fator de poluição e contaminação incontrolável do campo. Assim, graças a uma ocupação “selvagem”, o MST obteve em 2006 a expropriação do campo de milho e soja transgênicos da Syngenta Seeds no Estado do Paraná, que se tornou o assentamento camponês Terra Livre. É preciso mencionar também seu enfrentamento às multinacionais de celulose que multiplicam, sobre centenas de milhares de hectares, verdadeiros “desertos verdes”, florestas de eucaliptos (monocultura) que secam todas as fontes d’água e destroem toda a biodiversidade. Esses combates são inseparáveis, para os quadros e ativistas do MST, de uma perspectiva anticapitalista radical.

As cooperativas agrícolas do MST desenvolvem, cada vez mais, uma agricultura biologicamente preocupada com a biodiversidade e com o meio ambiente em geral, constituindo assim exemplos concretos de uma forma de produção alternativa. Em julho de 2007, o MST e seus parceiros do movimento Via Campesina organizaram em Curitiba uma Jornada de Agroecologia, com a presença de centenas de delegados, engenheiros agrônomos, universitários e teólogos da libertação (Leonardo Boff, Frei Betto).

Naturalmente, essas experiências de luta não se limitam ao Brasil, sendo encontradas sob formas diferentes em muitos outros países, não apenas no Terceiro Mundo, constituindo-se numa parte significativa do arsenal combativo do altermundialismo e da nova cultura cosmopolítica da qual ele é um dos portadores.

O fracasso retumbante da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, de dezembro de 2009, confirma mais uma vez, para quem ainda tinha dúvidas, a incapacidade de governos à serviço dos interesses do capital em enfrentar o problema. Em vez de um acordo internacional obrigatório, com reduções substanciais de emissões de gazes com efeito estufa nos países industrializados – um mínimo de 40% seria necessário – seguida de medidas mais modestas nos países emergentes (China, Índia, Brasil), os Estados Unidos impuseram, com o apoio da Europa e a cumplicidade da China, uma “declaração” completamente vazia, que faz senão reiterar o óbvio : precisamos impedir que a temperatura do planeta suba mais de 2°C.

A única esperança é o movimento social, altermundialista e ecológico, que se expressou em Copenhagen numa grande manifestação de rua – 100 mil pessoas – com o apoio de Evo Morales, cujas declarações anticapitalistas sem ambiguidades foram uma das poucas expressões criticas na conferencia “oficial”. Os manifestantes, assim como o Fórum alternativo KlimaForum, levantaram a palavra de ordem “Mudemos o sistema, não o clima!” Evo Morales convocou um encontro de governos progressistas e movimentos sociais em Cochabamba (abril de 2010) com o objetivo de organizar a luta para salvar a Mãe-Terra, a Pacha-Mama, da destruição capitalista.

Fonte: Revista Margem Esquerda

terça-feira, 25 de maio de 2010

EFEMÉRIDE: DIA DA ÁFRICA




Angop
África é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com cerca de 800 milhões de habitantes
África é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com cerca de 800 milhões de habitantes

Luanda – O "continente negro" celebra hoje , 25 de Maio, 47 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.

O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.

No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e "partilha da África").

Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.

O dia representa também um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.

A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África.

Entretanto, de todos esses pressupostos, é facto reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.

Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática.

A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto os golpes de estados e as guerras civis no continente.
 
Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.

Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.

Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.

Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que em 1963 criaram a OUA.

Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.

Apesar de se registarem actualmente em África alguns conflitos de carácter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.

De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Leshoto, Marrocos e Swazilândia.

Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.

A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra.  Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.
 
É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com  aproximadamente 800 milhões de habitantes.

Basicamente agrário, pois cerca de 63 porcento  da população habita no meio rural, enquanto somente 37 % mora em cidades. No geral, é um continente que  apresentando baixos índices de desenvolvimento económico.

O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um  porcento do produto mundial. Grande parte dos países possui parques industriais poucos desenvolvidos, enquanto outros nem sequer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.

O principal bloco económico é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), formada por 14 países: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Para saudar a data, que se comemora este ano sob o lema "2010, ano da paz e da segurança", realizam-se em Angola várias actividades, destacando-se o colóquio internacional, dedicado "A Paz e Segurança em África", a realizar-se  no Centro de Convenções Talatona, em Luanda.

Fonte: www.portalangop.co.ao

domingo, 23 de maio de 2010

COMUNICAÇÃO E JORNALISMO AMBIENTAL

Bruno Latour (1994) descreve a proliferação de híbridos na imprensa e comenta artigo que mistura reações químicas e políticas com ciências, ficção, esoterismo e globalização da ecologia. Trazendo esta situação para o tema da seca e desertificação no semiárido pode-se encontrar matérias e reportagens que colocam no mesmo patamar as queimadas, saques a prefeituras e armazéns, políticas públicas e políticas partidárias, a falta de chuva, distribuição da água em carros pipas, meteorologistas e adivinhos, mesclando conhecimento, interesse, poder e política com o tema ambiental.

Latour (1994) aponta para a crise da crítica, indicando três repertórios distintos para se falar do mundo: naturalização, socialização e desconstrução. O primeiro, segundo ele, ao falar de fatos naturalizados, exclui a sociedade, o sujeito e a forma de discurso. O segundo, quando se refere ao poder sociologizado, deixa de lado a ciência, a técnica, o texto e o conteúdo. E o terceiro, “... fala de efeitos de verdade, seria atestado de grande ingenuidade acreditar na existência real dos neurônios do cérebro ou dos jogos de poder” (Op. Cit. p. 11). Tal como a modernidade, indicada por Latour, o ser ambiental terá tantos sentidos quantos forem os jornalistas.

Uma das grandes preocupações dos participantes da Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais (RBJA) é justamente a definição do que é “jornalismo ambiental”. Um longo debate ocorrido na Rede Internet sobre a natureza do jornalismo ambiental trouxe à luz comparações e opiniões diversas.

Para o professor da Universidade Vale do Itajaí, Sérgio Luís Boeira, existe a parte do jornalismo ambiental que é marginalizada e a outra que é ressaltada. O "bom" jornalismo ambiental é, nesta ótica, o que faz os remendos institucionais e ensina os cidadãos a se comportarem direitinho (fusão com a educação ambiental convencional, acrítica, e também com o chamado "marketing verde"), enquanto o "mau" jornalismo ambiental é aquele que insiste em denúncias, investigações e ataques generalizados ao sistema ou às grandes corporações.

Boeira explica que “as limitações da expressão Jornalismo Ambiental estão fundamentalmente na ideia de que ela serve de campo (no sentido que Bourdieu dá ao termo), quando na realidade ela é subcampo do campo mais antigo denominado Jornalismo Científico”. Para o autor, o desafio do Jornalismo Ambiental é “não só defender o diálogo entre as ciências, mas também desfazer os nós institucionais que mantêm a disciplinaridade, o funcionalismo, o paradigma disjuntor-redutor literalmente ‘no poder’”. Enfim, ser ambiental no jornalismo está além das clássicas perguntas, o quê?, quem?, como?, onde? e por quê? Tempo, espaço e mudança de paradigmas são fundamentais para o bom jornalismo e o jornalismo ambiental deve perpassar todas as editorias do periódico.

O Diretor de Redação da Agência Envolverde, Adalberto Wodianer Marcondes, disse no I Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (2005), em Santos, São Paulo, que espera ver extinto o jornalismo ambiental, “uma vez que todas as pautas deveriam ter a transversalidade dos temas ambientais juntamente com os econômicos e sociais”:
Estamos mergulhados em uma era de transformações. A famosa e prevista sociedade da informação já está nos atravessando como uma imensa onda. O volume de dados e informações disponíveis para a sociedade e para os jornalistas nunca foi tão grande. O desafio para os jornalistas é atuar como um gestor desta informação e, ao mesmo tempo, ser capaz de buscar a relevância em seu trabalho cotidiano.
A pauta ambiental, pois, acompanha o jornalista para toda a vida. É consenso entre os jornalistas da RBJA que a matéria ambiental “reproduz o contexto, examina as relações, produz tensões e evidencia as desigualdades, escancarando as cumplicidades e as contradições”. Mas não é tão simples realizar o trabalho jornalístico quando se sabe que não existe sistema de produção neutro. “Tenho a absoluta convicção de que o jornalismo neutro, equidistante, o de ouvir equilibradamente os dois lados não existe”, costuma dizer e repetir o jornalista e professor de jornalismo da ECA/USP, Wilson da Costa Bueno.

Audálio Dantas em matéria sobre “catadores de caranguejos” usa o ponto de vista dos caranguejos. Exagero? Não. “O jornalismo ambiental, assim como a questão ambiental em si, abraça todas as variáveis, processos e estruturas e exige olhar mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais profundo”, diz Bernardo Heisler Mota.

O jornalismo ambiental é “multi, trans, interdisciplinar; é elaborado dentro do espírito crítico mais aguçado e traduz o jargão ecológico para o entendimento popular”, opina o secretário-geral do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, Roberto Villar Belmonte. A reportagem é mais ampla, abrangente e complexa, pois “leva em consideração, o saber tradicional, o povo da floresta”, complementa Wilson Bueno, da Rede Ethos de Jornalistas.

O advogado e jornalista Washington Novaes, quando é apresentado como “ambientalista” ou “jornalista especializado em meio ambiente” costuma dizer que é apenas “jornalista”. Uma coisa não deve, não pode estar dissociada da outra, pois “é preciso ver tudo nessa teia de relações”. A Década do Impasse (2002), série de artigos escritas por Novaes entre 1992 e 2002 e publicados em diferentes periódicos nacionais, é um verdadeiro manual de jornalismo ambiental. Para Novaes, “não é possível fazer de conta que a chamada problemática ambiental seja separada do econômico, do social, do cultural”.

André Trigueiro, jornalista e professor da PUC, Rio de Janeiro no livro Mundo Sustentável (2005) mostra como a problemática ambiental deve ser tratada na mídia (Rádio, TV, Jornal) trazendo ampla abordagem sobre o que é o “consumo consciente”.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O ACORDO ESSENCIAL

Normas de 1911


Portugal tomou a iniciativa de elaborar normas para se escrever a língua portuguesa nomeando em 1910 uma Comissão de 9 membros chefiada por Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, da qual faziam parte os dicionaristas: Cândido de Figueredo e Carolina Michaelis.

Aniceto dos Reis já escandalizara o país em 1904 publicando o livro ORTOGRAFIA NACIONAL, em vez de ter escrito: ORTHOGRAPHIA NACIONAL. A tese de Aniceto:

a) eliminar da escrita os grupos ph, rh, th e o “y”;
b) eliminar as consoantes dobradas, exceto “rr” e “ss” (se escrevia cavallo, gallo...);
c) eliminar as consoantes não pronunciada, se essas não influíssem na vogal anterior;
d) regularizar a acentuação gráfica.

Venceu a tese de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana e a grafia do português foi simplificada e oficializada em 01/09/1911. Em outra palavras: a grafia que se regia pela etimologia, passou a orientar-se pela fonética. O Brasil, que já tinha a ABL, fundada por Machado de Assis e um grupo de escritores em 20/01/1897, recebeu uma comunicação oficial do fato em 17/01/1912, portanto três meses depois da oficialização das regras.

Entre relutante e opositivo, o Brasil aderiu a essas normas em 1915, mas com resistências e reservas. Havia uma insatisfação em muitos setores. Em 1919 o poeta e membro da ABL, Osório Duque Estrada, o autor da letra do Hino Nacional, conseguiu que o Brasil revogasse a aprovação dada em 1915. Assim voltamos a escrever: aphérese, azymo, cavallo, choro, cylindro, cýmbalo, cýnico, cysne, glycerina, hydra, phalange, photo, phantasma, pharmácia, phósforo, labyrintho, lágryma, lymphoma, lyra, lynce, lyrio, theatro, myxoscopia, martyr, mýope, mytho, neóphito, nympha, orthodoxia, philosophia, protótypo, rhetórica, rhinite, rhombo, rhonco, rhýthmo, tyreoide, thema, theologia, thesouro, tohrax, tracheia, tricephalo, typho, typo, xysto, zygoto...

Acordo de 1931

A partir de 1929 começaram os entendimentos para se estabelecer um modelo ortográfico para a língua portuguesa que satisfizesse a todos os países lusófonos. Após longas e difíceis tratativas, o Acordo foi concluído em 30/04/1931, em Lisboa. Na prática, o Acordo ratificou a proposta de 1911, com pequenos ajustes. O Acordo tinha a resistência de diversos grupos dos vários países participantes.

Em 1932 aconteceu no Brasil a chamada Revolução Constitucionalista com Getúlio Vargas. Foi lançada uma nova Constituição, em 1934, que extinguiu o Acordo Ortográfico de 1931, restaurando a ortografia vigente em 1891, sob os protestos da Academia Brasileira de Letras, de Universidades, de professores, de juristas... Em 1938 foi estabelecido que voltaria a vigorar o Acordo de 1931. Vocês podem imaginar a confusão, sobretudo para os mais idosos e para as crianças.

Acordo de 1945

No início da década de quarenta, Portugal e Brasil decidiram estabelecer novo Acordo Ortográfico para o uso da língua portuguesa. Após três anos de trabalho, conseguiram organizar um vocabulário comum que, na realidade, não era tão completo e foi pouco divulgado. Na assinatura, em agosto de 1945, o que era para ser Acordo virou desacordo.

No centro da polêmica estavam as consoantes mudas, sobretudo o “c” e o “p”, que o Brasil queria retirar, seguindo a proposta de 1911 ratificada em 1931, mas Portugal não aceitava. Outro ponto de discórdia era o uso do trema em certas palavras, que, ao contrário das consoantes, o Brasil queria conservar e Portugal queria retirar.

O Acordo foi assinado em setembro de 1945, mas com a cláusula do respeito mútuo às opções divergentes. Em outras palavras: Houve um Acordo assinado mas não a tão desejada unificação da ortografia da língua portuguesa, antes o contrário.

Portugal adotou as consoantes não articuladas, mas o Brasil eliminou-as da escrita. Isso pode parecer secundário, mas representa, no contexto Geral da língua, uma grande diferença. Deu-se aí a consolidação da separação da língua entre os dois países. Parafraseando o dramaturgo, G. Bernard Shaw: “Brasil e Portugal são dois países separados pela mesma língua!”

O Acordo de 1990

Em 12/10/1990, após longas discussões foi assinado mais um Acordo para a unificação da língua portuguesa. Este é o primeiro que faz jus ao nome, pois na realidade foi o único em que houve anuência todos os participantes a todos os pontos propostos. Mas isso só foi conseguido com concessões de todas as partes. A rigor é só meio Acordo. O Documento final do Acordo, com cerca de 100 normas visando a sonhada unificação da língua, não pode ser considerado o Acordo ideal, mas é o melhor que já se conseguiu. É um grande passo para uma futura unificação total de nossa língua.

Aproveitando a experiência adquirida ao longo do século XX, após acaloradas discussões, todos aceitaram como fato inegável ser impossível unificar a variação fonética da nossa língua e encontrar a grafia que satisfaça plenamente a todas essas variações. O impasse foi resolvido com a aceitação da dupla grafia, tanto com relação ás consoantes mudas, (vide exemplos, na Base IV), como em relação ao uso do acento agudo ou circunflexo, (vide exemplos, na Base XI).

O Acordo previa a elaboração até 01/01/1993 de Vocabulário Ortográfico comum da Língua Portuguesa (VOLP), normalizador das terminologias técnicas e científicas. O Acordo entraria em vigor em 01/01/1994. No entusiasmo da assinatura do Acordo, a Comissão esqueceu a lentidão com que se aviam decisões em nossos países. O prazo da entrada em vigor extrapolou sem que os diversos governos tivessem conseguido organizar essa mudança. O início da entrada em vigor foi remarcado para 2007, depois para 2008 e, finalmente, para 2009. Em Portugal só iniciou em 01/01/2010.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CRASE SEM MISTÉRIOS

Crase é a combinação é a união da preposição a com o artigo a ou com o a dos demonstrativos aquele, aquilo, aquela transfrmando-os em um único a longo. O gramático Ernesto Ribeiro Carneiro, em sua Nova Gramática Portuguesa (1955) traz algumas expressões empregadas com o acento grave: vestir à francesa, sair à noite, à tarde; às avessas, às vezes; vir água à boca, a estes dei passas, queijo àquele; ir à quinta, à herdade, à caça, à chácara, à Bahia...

Ribeiro Carneiro explica que também utilizam crase as expressões: andar à toa, comprar à vista, comer à força, ir à rédea solta, fazer a barba à navalha, à matroca, à viva força, à revelia, à ufa...

É sempre bom lembrar que a crase é sempre utilizada diante de palavras femininas, exceto no caso de referir-se àquilo, àquele etc. Quando se refere a ir a alguma localidade, basta fazer a pergunta: quando você volta do lugar você diz ue volta de ou da? Se a resposta é da, então, coloca-se a crase. Exemplo: Você já foi à Bahia? Você voltou da Bahia? Você já foi a Brasília? Você voltou de Brasília?

A crase não tem mistérios e para utilizá-la bem, basta saber se existe a junção de um a com outro a!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

Sem educação não há liberdade. Somente conhecendo qual é o seu papel na sociedade é que o homem pode eivindicar os seus direitos. É com base nesses conceitos que Paulo Freire trabalhou na educação do homem e escreveu a obra "Pedagogia do Oprimido".

A violência dos opressores que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação - a dos ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. e esta luta somente tem sentido quando os primidos, ao buscar recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos. E aí está a grande tarefa humanista e histórica dos orprimidos - libertar-se a si e aos opressores. Estes que oprimem, exploram e violentam, em razão de seu poder, não podem ter, neste poder, , a força de libertação dos oprimidos nem de si mesmos. Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente forte para libertar a ambos. Por isto é que o poder dos opressores, quando se pretende amenizar ante a debilidade dos oprimidos, não apenas quase sempre se expressa em faixa generosidade, como jamais a ultrapassa. Os opressores, falsamente generosos, têm necessidade para que a sua "generosidade" continue tendo oportunidade de realizar-se da permanência da injustiça. A "ordem" social injusta  é a fonte geradora, permanente, desta "genrosidade" que se nutre da morte, do desalento  e da miséria.
O homem oprimido, pois, sobrevive das migalhas que lhes deixam cair os poderosos. É a busca permanente do saber que irá tirá-los do marasmo e libertá-los do jugo do opessor. É o conhecimento, a educação que irá diminuir a desigualdade social brutal e que subjuga os oprimidos. A pedagogia do oprimido é a pedagogia do homem. E uma verdadeira revolução sem armas. É o despertar do homem para saber ser humano, livre e independente da política, dos políticos e da corrupção. A educação é a busca permanente da sua libertação.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

ARISTÓTELES E A TRANSDISCIPLINARIDADE

É curioso pensar que Aristóteles não foi um filósofo grego, mas um professor macedônico. Hoje sabemos que a Macedônia, um dos países que surgiu com a divisão da Iugoslávia, é distinta da Grécia, com quem faz divisa. E mesmo no Século IV a.C, era um reino independente, com seus próprios monarcas. O fato é que Aristóteles nasceu na Macedônia, em uma cidade chamada Estagira, perto da então capital macedônica, Pella, cerca de 400 km ao norte de Atenas. Não é errado, assim, chamar Aristóteles de “macedônico”.

Somente com 17 anos é que Aristóteles foi para Atenas, onde foi ser aluno de Platão. Lá ficou até a idade de 37 anos, quando então Platão morreu. Mas Aristóteles tinha profundas divergências com Espeusipo, sobrinho de Platão e que o sucedeu à frente da Academia. Por isso, saiu da Academia e instalou-se em Assos, cidade do Peloponeso, bem próxima a Corinto.

Pouco tempo depois, o rei macedônico Felipe II pediu para Aristóteles, com então 41 anos, voltar para a Macedônia para ser preceptor de seu filho, um garoto de 13 anos chamado Alexandre. Por sete anos, Aristóteles instruiu Alexandre. No “plano de ensino”, quase tudo, a natureza, a lógica, os animais, a sociedade, a matemática, a política, a poesia, a física e a ética. Aristóteles era um generalista, com grande visão e não há como negar sua influência nesse jovem, o qual, com a morte trágica do pai, tornou-se rei da Macedônia aos 20 anos e iniciou uma jornada que o transformaria em “Alexandre, o Grande”.

A grande lição que Aristóteles deixa a todos aqueles que escolheram a carreira do magistério é a mente aberta, a visão do todo. É o ensino amplo, eclético e holístico. É compreender que a divisão do conhecimento em especialidades cada vez menores é uma arbitrariedade humana e ensinar o aluno apenas pequenas peças, desconexas de um todo maior, é algo sem sentido, ou no mínimo ineficiente. É perceber que nossas modernas academias deixaram de valorizar esse professor mais amplo e passaram a prestigiar aqueles que cada vez sabem mais, sobre cada vez menos coisas, aqueles que Nietzsche viria a definir como “especialistas em rachar fios de cabelo ao meio”.

Antes que chegue o dia em que tais especialistas saibam tudo sobre nada, aproveitemos o exemplo vivo do “professor” Aristóteles, fazendo da transdisciplinaridade não somente um vazio discurso bonito, mas uma prática concreta no dia-a-dia de nossas aulas.

Prof. Dr. Maurício Garcia
Vice-Presidente de Planejamento e Ensino
DeVry Brasil
mgarcia@devrybrasil.com.br
Fonte: Flor do Mandacaru

sábado, 8 de maio de 2010

MÃE

DONA LUIZA BEZERRA.
Com ela eu aprendi o essencial para a vida

Falar sobre minha mãe é paradoxalmente fácil e difícil. Fácil porque são muitos os fatos que eu gostaria de relatar. Difícil porque devo escolher o que relatar.

De minha inesquecível, por que agradável, infância, eu guardo a imagem de uma mulher ativa, muito criativa e dinâmica. A figura de uma mãe enérgica, mas também carinhosa com os filhos, ao lado de um pai um pouco fechado, mais exigente e rígido do que ela.

Desde cedo eu senti a vida pelo lado duro do trabalho. A situação econômica de meus pais era difícil: pequenos agricultores na Caieira e no Riacho Seco; e depois pequenos comerciantes em Crateús, antes de fugirem, literalmente, da seca de 1958, do Ceará para Goiânia.

Meu pai, Miguel Fernandes de Oliveira, era tão econômico que nós catávamos com ele o arroz e ele se dava ao trabalho de descascar uma a uma as escolhas (grãos com casca), fossem, cem, duzentas, trezentas ou mais. Eu nunca entendi a sua atitude como miserabilidade ou coisa parecida, mas como senso de economia e parcimônia .

A mamãe até hoje, também junta toda e qualquer coisa que possa ser útil amanhã: um prego, um pedaço de arame ou de cordão, um retalho, um saquinho de papel ou de plástico, uma rolha...

Nessa realidade difícil, minha mãe fazia de tudo para completar o orçamento doméstico: cocadas, bolos, doces, tapiocas... e costurava roupas masculinas para a Dona Senhora do Sr. José do Vale, que ainda hoje lembra com estima, de sua costureira especial.

Eu, com oito anos de idade, ia ao interior comprar ovos e galinhas mais baratos, vendia frutas nas ruas especialmente maracujá. O doce de ovos que ela fazia era muito apreciado, eu sempre vendia todo rapidamente. Tudo isso acontecia por iniciativa de minha mãe.

Uma lembrança inesquecível foi a de quando ela me ensinou o ABC. Ainda hoje eu me lembro do meu incomensurável interesse em aprender a ler. A minha ansiedade era tanta, que uma vez, eu mostrei quatro nomes muito grandes, que estavam na contra capa do livro perguntei a ela:

- “Mamãe, quando a gente chegar no fim do livro eu saberei ler esses enormes nomes?”

- “Vai meu filho, com certeza.”

Eu me entusiasmei para aprender a ler. E realmente no fim do livro eu fui capaz de ler os enormes nomes: “Marca Registrada” e “Edições Melhoramentos”. Para mim, foi fantástico! E desde o dia em que fui capaz de ler aquelas quatro palavras, tornei-me um leitor voraz.

Mais ou menos em 1953 ou 1954 um vizinho nosso, de nome Clodoaldo, fez um cacimbão e a mamãe teve a iniciativa de pedir a ele as pedras e nós, entre 19 e 22 horas, quebrávamos as pedras e fazíamos concreto, papai, mamãe, o Gonzaga, o Antônio e eu. A Maria José, muito pequena ficava olhando até adormecer e ser levada para o berço. Eu passei a vender os doces e a oferecer concreto; onde eu encontrava uma construção, perguntava se eles queriam comprar concreto. O concreto era vendido medido em latas de querosene Jacaré.

Após uma missão dos frades franciscanos em Crateús em 1954, eu pedi à minha mãe para ser frade. Através de umas primas dela Julia e Julieta Bomfim, eu consegui uma vaga no Seminário de Messejana onde ingressei em 20 de janeiro de 1957. Elas foram sempre muito atenciosas conosco e sem o interesse delas dificilmente eu teria vindo para o Seminário Seráfico de Messejana. Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a Júlia e Julieta Bomfim.

Uma característica do sertanejo, que via na casa de meus avós e de minha mãe, era a abundância, mesmo na pobreza e na simplicidade. No final do ano de 1957 a mamãe levou para mim no Seminário em Messejana, um enorme vidro de doce de caju feito por ela, com mais de 40 centímetros e bastante largo, para admiração dos 80 seminaristas, que tiveram sobremesa para dois ou três dias.

Em abril de 1958, a mamãe visitou-me em Messejana e disse que ela e o papai tinham resolvido se mudar para Goiânia, em Goiás com os filhos e me perguntou se eu iria com eles. Eu falei que estava gostando do Seminário e que preferia ficar em Messejana. Eles foram e eu recebia e dava noticias ao menos duas vezes por ano. Em 1963, antes de ir para o noviciado, eu fui à casa de meus pais. Depois voltei lá em 1966, o Paulo Afonso tinha dois ou três anos de idade e eu não o conhecia. A mamãe me apresentou a ele dizendo:

- Paulo Afonso, esse é o Frei Hermínio, seu irmão, ao que ele respondeu:

- Meu irmão, como? Eu nunca vi esse cara!

A partir de 1969 eu passei a fazer Teologia em Salvador na Bahia e pude ir com mais freqüência a Brasília e fazer amizade com meus próprios irmãos, especialmente os mais novos.

Em 13 de janeiro de 1973 eu me ordenei na Igreja do Coração de Jesus, em Fortaleza, com a presença de meus pais. Fomos até à Vila Coutinho (hoje Quiterianópolis), onde celebrei a minha primeira missa.

A mamãe sempre foi uma pessoa aberta e dentro do possível atualizada. Após a minha ordenação as amigas, Fernanda Matos Brito e Irmã Marciana, convidaram a mim e a meus pais para um almoço numa casa de praia. A irmã Marciana, de mentalidade avançada, não usava hábito e me pediu: “não diga a sua mãe que eu sou freira, para ela não se escandalizar, pois toda mãe de padre é cafona”. Foi essa a primeira coisa que eu disse à mamãe ao apresentá-la e a mamãe elogiou a irmã por estar atualizada. A irmã Marciana me disse: “foi a primeira mãe de padre que eu conheci que não é conservadora”.

Meu pai faleceu no Natal de 1978, deixando a família consternada, mas como bons cristãos, conseguimos superar a imensa tristeza pela pesada perca que “desabou” sobre todos nós, e tocar a vida para frente.

A partir de 1983 a mamãe passou a morar no exterior: Alemanha, Bélgica, Inglaterra, México e Estados Unidos, sempre acompanhando filhos o Zacharias, a Lúcia de Fátima, o Paulo Afonso, o João Bosco e o Luis Bezerra.

Em julho de 1983, eu estudava em Lovaina, na Bélgica e a mamãe morava em Bonn com o Zacharias. Ele me pediu que eu a acompanhasse à Terra Santa. Comprou as passagens lá mesmo em Lovaina. A vendedora Martine, uma belga flamenga, falava um pouco de português, estivera inclusive morando alguns meses em Canoa Quebrada, no tempo em que lá era uma praia de nudistas, vendo o “de” em nossos nomes e associando ao “Von” dos nobres europeus, ela perguntou:

- Vocês são príncipes?

- Sim, somos príncipes do sertão!

Respondeu incontinente a mamãe. Era o orgulho sadio que ela tem de ser “sertaneja” onde quer que esteja.

Nessa peregrinação foi que eu me dei conta de como ela tinha um grande conhecimento da “História Sagrada”, pois ela queria visitar tudo: Betfagé, Belém, Cafarnaum, Cana de Galiléia, Cesaréia, Emaús, Jerusalém, Nazaré, Naim, Samaria, Siquém...

Em Caná da Galiléia ela quis visitar a casa onde Jesus fez o seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Eu disse:

- Mamãe, esta casa não existe mais!

- Mas como é que se derruba uma casa tão importante dessas?

Curiosamente, na minha última peregrinação à Terra Santa em julho de 2000, o nosso guia, Frei Pascoal Rota, nos levou a um local onde pesquisas arqueológicas, estão indicando ser o local da residência onde Jesus fez o seu primeiro milagre, embora não houvesse ainda uma confirmação definitiva.

Nessas suas idas e vindas ao exterior, muitas vezes viajando sozinha, foram muitos os fatos pitorescos: Uma vez no aeroporto de Frankfurt, a Lufthansa colocou-a numa sala VIP de espera, por ser ela mãe de um funcionário (o Antônio trabalhou muitos anos na Lufthansa). Na mesma sala já estava a Raquel de Queirós, A mamãe cumprimentou-a, “como vai Raquel de Queiroz?” A Raquel ficou muito admirada de ser reconhecida naquelas paragens. Começaram a conversar e a Raquel disse que voltava da Feira Internacional do Livro em Frankfurt e perguntou se a mamãe era fazendeira, ela respondeu que não e que estava no exterior visitando filhos. Ela começou a falar de sua fazenda “Não me deixes” em Quixadá, e disse que os empregados da fazenda se tornaram protestantes e agora não fumavam, não bebiam, eram fiéis às esposas... A mamãe observou: É curioso Raquel, se poderia perguntar a eles, quando foi que a Igreja católica recomendou aos seus fiéis, fumar, beber ou serem infieis às esposas... E a Raquel, achou muiito interessante a observação dela.

A última vez que eu vim com a mamãe da Alemanha, nós pegamos um ônibus no terminal do aeroporto de Frankfurt que nos levou ao pé da escada do avião. O ônibus fez um percurso um tanto sinuoso e um pouco demorado. Como sempre estávamos com muitos pacotes, entramos por último no ônibus e o motorista saiu de sua cadeira para pegar os pacotes da mamãe. Perto do fim do trajeto a mãe disse: “Como diz o Chico Araújo (1), parece que esse avião foi parar em brucutas!” O motorista, um típico alemão, deu uma bela gargalhada. Até hoje eu me pergunto o que ele entendeu ou o que seria “brucutas” em alemão.

É muito interessante como uma pessoa de pouca instrução, um ou dois cursos de poucos meses, com aqueles professores do sertão, desenvolveu um fino gosto pela arte e um certo conhecimento neste setor. É bem verdade que ela teve uma aprendizagem prática, visitando importantes museus: o Prado em Madri, o Museu Real em Bruxelas, o museu Britânico, a Tate e a National Gallery, em Londres, O Museu Vitória e Alberto também em Londres, a Casa de Rubens em Antuérpia, o Museu do Vaticano, o magnífico Museu de Antropologia do México... e outros.

Na viagem que fizemos pela Europa entre Limogenes e Bordeaux, passamos na pequena cidade de Lascaux, e a mamãe vendo uma enorme placa na entrada disse: que cidade de nome esquisito, Lascaux e o Zacha observou: não mamãe não é Lascaux, é “Lascou”, mesmo.

Com as peças curiosas que ela adquiriu pechinchando (arte em que é mestra), no Marché aux Puces (Mercado das Pulgas) de Bruxelas, na Feiras de Colônia, na agradável feira livre de Porto Belo em Londres, em Israel, em Portugal, na Espanha e no México, ela já montou interessantes bazares em Brasília. E não só do exterior, da fazenda Confiança, da madrinha Evina, em Santa Teresa (Tauá) em 2002 ela levou cerca de 15 cactos, conhecidos como “coroa de frade”, para Brasília, todas foram colocadas em jarros e foram disputadas.

Apesar dos controles, ela trouxe de Israel não apenas água do rio Jordão, mas sementes de tâmaras que plantadas na casa de Dona Rosa Morais, em Crateús, produzem tâmaras até hoje. Para o México, ela levou castanhas de caju selecionadas, que foram plantadas num Seminário em Apatzingan, no belo estado de Michoacan. Ela conheceu o Diretor deste Seminário em Bonn, na Alemanha.

(1) Esposo da tia Antonina, irmã mais nova da mamãe.

A mamãe também tem uma franqueza, que às vezes pode até parecer dura demais, diz à pessoa aquilo que ela quer dizer, embora algumas pessoas possam se sentir chateadas. Eu como a conheço entendo bem. Eis um exemplo: Uma vez estávamos na Suíça com alguns brasileiros e uma senhora do grupo começou a perguntar sobre os filhos dela, ela foi falando e disse:

- Esse é o meu terceiro filho, Frei Hermínio frade capuchinho... a senhora disse, ah, ele é padre, que bom, com certeza este é o filho de quem a senhora mais gosta!

Ao que ela respondeu:

- É não, o filho que eu mais gosto é o Zacharias, porque dos 16, ele foi o único que mamou três anos no meu peito.

Em Bonn, no ano 2002, eu encontrei o Falko (Falcão), um amigo alemão, funcionário da Cruz Vermelha, que trabalhou em Angola, e ele perguntou por ela e eu disse: Ela está bem, mas está mais velha e mais fraca, tem que ir mais ao médico... Ele retrucou: velha e fraca, mas eu tenho certeza de que se ela chegar aqui ainda vem arrastando seis malas, como antes.

A minha mãe tem um complexo, não digo isso como psicólogo, mas apenas como observador. Ela tem um complexo de mãe de todos os frades do mundo. Onde ela anda procura frades: Alemanha, Bélgica, Espanha, Inglaterra, Israel, México, Portugal, Suíça... às vezes esses filhos não a reconhecem. Uma vez lhe disseram que aquela não era hora de procurar frade, pois era hora do almoço, mas ela compreendeu. É bom dizer que esse fato não se passou no Brasil e nem na Europa.

Eu já tive grandes mestres, em Salvador da Bahia, em Lovaina, na Bélgica, em Friburgo na Suíça, mas assim como o Gabriel Garcia Márquez diz que tudo o que ele escreveu em “Cem anos de Solidão” sobre sua Macondo, foram histórias contadas por sua avó, eu posso afirmar: o essencial do que eu aprendi na vida não foi com os grandes mestres na América e na Europa, mas foi com a minha mãe, desde quando ela me ensinou o ABC. Com ela eu aprendi o essencial para a vida. Foi por seus ensinamentos e seu exemplo de vida, que eu pude vencer tantas barreiras e chegar aonde cheguei.

Frei Hermínio Bezerra de Oliveira
(Do livro: Luiza Bezerra de Oliveira: 80 anos dedicados ao próximo, 2004)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

ECONOMIA ECOLÓGICA

Pricing the Planet, by Peter H. May and Ronaldo Serôa da Motta. Qual é o preço do Planeta?

Economia Ecológica: Criando uma Ciência Transdisciplinar, por Robert Costanza
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A Economia Ecológica (EE) é uma abordagem (aproximação) transdisciplinar às ciências ambientais que examina os relacionamentos interdependentes entre sistemas ecológicos e econômicos bem como entre o aumento dos problemas do ambiente global, da população, e do desenvolvimento econômico. O objetivo total é sustentar sistemas ecológicos e econômicos identificando as maneiras que os objetivos e os incentivos locais e curtos do termo (como o crescimento econômico local e interesses confidenciais) podem ser feitos consistentes com os objetivos globais e a longo prazo (como a sustentabilitdade e o bem-estar global).

Finalmente, a sustentabilidade depende de nossa habilidade de desenvolver um sistema econômico equitativo que avalie a diversidade cultural e biológica, e faça-o no interesse de todos para proteger o capital natural.

Este papel, primeiro, sumariza o estado e os objetivos deste campo transdisciplinar emergente, com respeito aos enunciados (às introduções) da sustentabilidade; segundo, fornece uma agenda trabalhando para a pesquisa, instrução, e desenvolvimento de política para a década vindoura; e terceiro, fornece alguns princípios de direção (guia) e recomendações para que as políticas consigam estes objetivos.

Algumas recomendações para operacionalizar estes conceitos são: primeiro, estabelecer uma hierarquia dos objetivos para o local, nacional, e um planejamento econômico e gerência ecológica globais; segundo, desenvolver melhores potencialidades de modelos econômicos e ecológicos regionais e globais que ilustram a escala de resultados possíveis de nossas atividades atuais; terceiro, identificar mecanismos, como preços e outros incentivos de comportamento, levar em consideração custos ecológicos globais e de longo termo, incluindo a incerteza; e quarto, desenvolver as políticas que impeçam um declínio mais adicional no estoque do capital natural.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ACORDO ORTOGRÁFICO

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deveria ter entrado em vigor dia 1° de janeiro de 1994. Mas isso não aconteceu por causa da burocracia, falta de interesse e resistências, sobretudo da parte de Portugal, onde a homologação final só ocorreu em maio de 2008. Com isso, a nova grafia entrou em vigor efetivamente a 1º de janeiro de 2009 no Brasil e em Portugal. Inicialmente, deve haver um período de adaptação ou aprendizagem das novas regras. Espera-se que o governo faça, em todos os níveis, através do Ministério da Educação e das Secretarias de Cultura, estaduais e municipais, a necessária e conveniente divulgação. Os livros, didáticos ou não, editados este anos já estão seguindo as novas normas e os dicionários do Aurélio Buarque de Holanda e da equipe do Antônio Houaïs, além do Vocbulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), editado pela Academia Brasileira de Letras, já estão seguindo as novas normas ortográficas celebradas pelo Acordo.


O texto do Acordo consta de Documento de 33 páginas, dividido em XXI Bases, que correspondem a vinte e um capítulos, alguns com várias subdivisões perfazendo um total de 100 regras. O texto é técnico e tem partes de difícil compreensão para o grande público. Algumas são muito simples:

Base I: Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados
Base II: Do h inicial e final
Base III: Da homofonia de certos grafemas consonânticos
Base IV: Das sequências consonânticas
Base V: Das vogais átonas
Base VI: Das vogais nasais
Base VII: Dos ditongos
Base VIII: Da acentuação gráfica das palavras oxítonas
Base IX: Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas
Base X: Da acentuação das vogais tônicas, i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
Base XI: Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas
Base XII: Do emprego do acento grave – Regras para o uso da crase
Base XIII: Da supressão dos acentos em palavras derivadas
Base XIV: Do trema
Base XV: Do uso do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares - Palavras compostas sem forma de ligação - Compostos grafados aglutinadamente - Gentílicos com formação atípica - Espécies botânicas e animais, bem, mal, além, aquém, recém e sem - Não se usa mais o hífen...
Base XVI: O hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação -
Palavras compostas cujo segundo elemento começa por h - Palavras compostas cujo segundo elemento começa pela mesma vogal - Formação com circum- e pan-, segundo elemento iniciado por vogal m, n ou h - Formação com hiper-, inter- e super-, segundo elemento começa por r - Formação com ex-, sota-, soto-, vice- e vizo- - Formação com pós-, pré- e pró-, segundo elemento tem vida à parte - Palavras com prefixos ab- e ob- - Palavras que não utilizam o hífen
Base XVII: Do hífen na ênclise, na tmese e com o verbo haver
Base XVIII: Do uso do apóstrofo
Base XIX: Das minúsculas e maiúsculas
Base XX: Da divisão silábica
Base XXI: Das assinaturas e firmas.

O livro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de Frei Hermínio Bezerra de Oliveira, além de indicar a norma oficial assinada entre os países lusófonos, explica no essencial, de modo simples e exemplificado o máximo possível, todas as novas regras ortográficas. Está disponível, em Fortaleza, na Livraria Publyc, na Praça do Carmo, ou na Banca Shopping, Praça Portugal. Também pode ser pedido po reembolso pelo telefone (85) 32579583 ou pelo e-mail de contato deste blog.

O português é a sexta língua mais falada no mundo. Pela ordem: chinês (mandarim), inglês, espanhol, híndi (Índia), árabe, português, bengali, russo, japonês, alemão, francês. Com cerca de 220 milhões de falantes na América, na África, na Europa e na Oceania (Timor Leste), ela é a terceira língua mais falada no ocidente, após o inglês e o espanhol. E, das línguas neolatinas, só é superada pelo espanhol.

O Acordo, mais uma tentativa de unificação neste quase século de tentativas, traz vários benefícios: ela tornará a língua mais simples e com menos acentos; facilitará a aprendizagem, inclusive aos estrangeiros e por isso será mais utilizada também na internet, podendo vir a ser proposta como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas. As línguas oficiais da ONU são: inglês, chinês, espanhol, francês e russo. As duas últimas são menos faladas que o português.

Passaremos por alguns anos de confusão linguística, depois virá a estabilidade. Outra desvantagem da reforma é o surgimento de muitas palavras homófonas com a supressão de consoantes advindas da etimologia. Com certeza, as Academias de Letras deverão pronunciar-se sobre os casos omissos ou duvidosos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

ENSINAR: ARTE DE DIFÍCIL COMPREENSÃO

A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces (Aristóteles, 384-322 a. C.) O cotidiano na sala de aula mostra-nos que a prática docente é um permanente desafio epistemológico, social, estrutural e até ecológico no que constitui a relação professor-aluno. Na escola moderna o aluno é considerado e tratado como um “cliente” muito especial que paga caro por um serviço que ele espera ter, às vezes, mesmo sem apresentar a contrapartida que é estudar. Alguns não possuem noções de limites, direitos e deveres, nem de ecologia humana.

A pedagogia de Paulo Freire (1983) requer hoje um educador ou educadora “percebedor/a” e “problematizador/a” da realidade. É preciso conhecer essa realidade e respeitar a individualidade de cada aluno, de cada aluna. São necessários envolvimento, inclusive emocional, e um código de convivência, ajuda e respeito mútuos. O ensino não é uma via de mão única. Como diz Paulo Freire: “Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes”. Todos nós temos algo a aprender e a ensinar. Cabe aos mestres mostrar isso, com a ajuda da música, do teatro, da arte e da ação-razão para, pouco a pouco, ir obtendo o envolvimento da classe e transformando-a pelo saber e aprendizado, pois ensinar é uma arte de difícil compreensão.

Este blog que estou desenvolvendo, graças ao incentivo do programa Mandacaru, instrumento colocado à disposição de todos os professores das Faculdades Fanor, Área 1, Ruy Barbosa e FTE, pretende ser um instrumento de ensino e aprendizado para alunos, professores e todas as pessoas interessadas nos temas da educação, mídia, ecologia, língua e cultura. Através da música, do compartilhamento de opiniões e conhecimentos podemos crescer e aprender sempre mais. Sejam todos bem-vindos e bom proveito. Não hesite em participar com seus comentários ou sugerindo temas. Muito obrigado!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

EDUCOMUNICAÇÃO

Neologismo criado na década de 1970, no século passado, junta os verbos educar + comunicar + agir e utilizado numa perspectiva dialógica da comunicação, de forma inter e multidisciplinar pelo educador no sentido de preservar a natureza e os direitos de todos os habitantes do Planeta. É a prática de educar pela comunicação e através da ação e do entendimento e empoderamento da mídia. As ideias pedagógicas de Paulo Freire podem ser consideradas precursoras da educomunicação.

Segundo o professor Ismar de Oliveira Soares (ECA-USP), “o conceito de Educomunicação reúne o objetivo de construção de cidadania mediado por uma relação entre a comunicação e a educação, é um campo de convergência não só da comunicação e da educação, mas de todas as áreas das ciências humanas”. O objetivo, afirma, é formar cidadãos capazes de produzir jornais, programas de rádio, fanzines, revistas e atuar em outros veículos de comunicação a fim de que desenvolvam o senso crítico para lidar com as diferentes informações veiculadas na mídia.

O objetivo da educomunicação é a construção da cidadania pelo exercício do direito a que todos temos à informação, à educação e à comunicação e na perspectiva freireana de que tanto ensinsa quem aprende quanto aprende quem ensina. Ninguém é tão provido de conhecimento que nada tenha a aprender ou tão desprovido que nada possa ensinar. É o diálogo que torna tudo mais eficiente. A comunicação é a base de tudo. É importantíssimo a linguagem inter, multi, transdisciplinar no processo. Novas práticas educativas ajudam a lidar com diferentes faixas etárias ou a tratar com pessoas com dificuldades de aprendizado. Também vale desenvolver novas técnicas de organização e aproveitamento do espaço da sala de aula e utilizar novas ferramentas no processo de ensino-aprendizagem que ampliem a visão dos alunos.

domingo, 2 de maio de 2010

ECOLOGIA HUMANA

A ecologia humana objetiva estudar a relação do ser humano com o Meio Ambiente, que, de acordo com a Teoria Geral dos Sistemas de Bertalanffy (1972), é a relação entre todos os elementos e constituintes da sociedade e deve ser tratada em todos os campos do conhecimento científico.

O termo ecologia vem do grego (Eco: Habitat/Lugar de vida/Sistema de relação e Logia: Estudo/Ciência). É o estudo dos sistemas. Vivemos um momento de crise ecológica sem precedentes no mundo e necessitamos urgentemente de um consenso mínimo entre os homens em busca de um ethos mundial (Boff. 2000) para que o mundo não entre em colapso. Precisamos todos e todas saber e reconhecer que o Homem não é o centro do universo e o controlador absoluto da natureza. Tudo está interligado. O que você mexe aqui hoje vai influenciar em outro canto do mundo agora ou mais tarde. O relatório Nosso Futuro Comum de Gro Brundtland (1987) traz informações relevantes para quem se ineressa pelo tema. E todos os alunos de todos os cursos deveria cursar essa disciplina de Ecologia Humana, que poderia ser obrigatória, pois todos nós devemos levar em consideração o meio ambiente, tanto na vida profissional, quanto pessoal.

 A ecologia humana pode proporcionar o conhecimento e o entendimento de que esta é uma introdução a uma ferramenta fundamental para o exercício da profissão: o saber ambiental. Essencial a todo professor ou professora (não apenas aos de Ciências ou de Biologia), responsável junto com a família, pela Educação Ambiental de crianças e jovens estudantes. Indispensável ao Arquiteto, para que entenda porque um projeto que agride o Meio Ambiente é ruim para todos os habitantes do Planeta; ao estudante de comunicação, para que tenha consciência da importância da comunicação ambiental em todos os temas de reportagens e editorias e nas peças publicitárias que acabam induzindo ao consumo e contribuindo para a degradação do Meio Ambiente também quando são enganosas ou abusivas; enfim, ao engenheiro, advogado, médico, psicólogo, enfermeiro, pois todo ser humano faz parte do Meio Ambiente e é também responsável para que o mundo seja ambientalmente saudável e socialmente justo para todos seres viventes.

Comece aprendendo ou descobrindo o que você entende por Ecologia. Estude a Agenda 21. O que é? Como surgiu? Para que serve este instrumento, um dos mais importantes documentos da Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Alia ao conceito de Desenvolvimento Sustentável a necessidade de um diálogo entre Governo e sociedade e evoca uma radical mudança de paradigma, em que todos precisam repensar políticas, valores, práticas e hábitos de consumo para que a vida, tal como a conhecemos continue a existir no Planeta. Leia a Carta da Terra. Uma discussão sobre valores e princípios para um futuro sustentável. Discutir com o grupo os dois instrumentos.

Tome conhecimento da crise ambiental. O que é o consumismo e a crise dos recursos naturais. O que é consumo sustentável. Conceitos básicos de consumo e desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade, consumo e gênero. O que o consumo tem a ver com gênero. A perspectiva ecológica. Tudo na natureza interage. Nenhum organismo é independente ou vive em isolamento (Capra. 2002. p. 23).

População, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Degradação ambiental e consumo. “Menos de um quarto da população mundial consome 80% dos bens e mercadorias produzidos pelo homem” (Martine. 1993. p. 25). Mais e mais países ascendem a um padrão de consumo de nações industrializadas. Quem polui mais? O rico que produz e consome mais que o necessário para sua sobrevivência? Ou o pobre que super-utiliza os recursos da natureza além da sua capacidade de suporte para apenas sobreviver? O que você acha?

Consumo consciente. O que é isso? Educomunicação. Como se dá esse processo? Comunicação e Meio Ambiente. Os processos interativos Homem-Meio Ambiente. Cultura e Meio Ambiente. Tem o ser humano o direito de controlar a natureza sem pensar nas outras formas de vida? Ou é melhor conviver e respeitar a natureza? Qual a sua opinião? Pense nessas questões. Faça uma avaliação e diga o que você está fazendo para melhorar o mundo em que vive. Você acredita que também é parte do meio ambiente?