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quinta-feira, 29 de abril de 2010

TAUTOGRAMA

No final do ano de 1940 o Cônsul do Brasil em Hamburgo, João Guimarães Rosa provocado por João Cabral de Melo Neto, Cônsul do Brasil em Barcelona, escreveu essa inteligente e belíssima peça:

Cônsul Caro Colega Cabral, compareço, confirmando chegada cordial carta. Contestando, concordo, contente, com cambiamento comunicações conjunto colegas, conforme citada Consolidação Confraria Camaradagem Consular. Conte comigo! Comprometo-me cumprir cabalmente, cabralmente, condições compendiadas cláusulas contexto clássico código. (Contristado, cumpre-me cá conjeturar – cochichando, como convém -: conseguiria comezinha Consolidação coligar cordialmente conjunto colegas?... Crês?... Crédulo! Considera!... “cobra come cobra!...” Coletividade cônsules compatrícios contém, corroendo cerne, contubérnios cubiçosos, clãs, críticos, camarilhas coligantes... Contrastando, contam-se claro corretos contratipos, capazes, camaradas completos.) Concluindo: contentemo-nos com correspondermo-nos, caro Cabral, como co-irmãos compreensivos, colaborando com companheiros camaradas, combatendo corja contumás!...

Contudo, com comedida cólera, coloco-me contra certos conceitos contidos carta caro colega, cujas conclusões, crassamente cominatórias, combato, classificando-as como corolários cavilosos, causados conturbação critério, comparável conseqüências copiosa congestão cerebral. Caso concordes cancelá-los, confraternizaremos completamente, com compreensão calorosa, cuja comemoração celebrarei consumindo cinco chopes (cerveja composta, contendo coisas capciosas: corantes complicados, copiando cevada, causando cólicas cruéis...)

Céus! Convém cobrar compostura. Cesso contumélias, começando contar coisas cabíveis,, crônica contemporânea: Como comprovo, continuo coexistindo concerto, conviventes coesos, contradizendo crença conterrâneos cariocas, certamente contendo com completa combustão, cremação, calcinação corpos cônsules caipiras cisatlânticos...

Calma completa? Contrário! Cessado crepúsculo, céu continuamente crepitante. Convergem cimo curvos clarões catanuvens, cobrindo campinas celestes, crivadas constelações. Convidados comparecem, como corujas corajosas, contra cidade camuflada. Coruscam céleres coriscos coloridos. Côncavo celeste converte-se cintilante caverna caótica, como casa comadre camarada. Crebro, cavernoso, colérico, calma colossal canhoneio. Canhões cospem cometas com cauda carmesim. Caem coisas cilídricas-cônicas, calibrosas, compactas, com carga centrífuga, conteúdo capaz converter casas cascalho, corpos compota, crânios canjica. Cavam-se ciclópicas crateras (cultura couve-colosso...). Cacos cápsulas contra-aéreas completam carnificina. Correndo, (canta, canta, calcanhar!...) conjurando Churchill, conjeturando Coventry, campeio competente cobertura, convidativo cantinho. Coso-me com chão, cautelosamente. Credo! (Como conseguir colocar-me chão carioca – Confeitaria Colombo, CC., Copacabana, Catumbi???...) Cobiço, como creme capitoso, Consulados Calcutá, Cobija!...Calma, calma! Conseguiremos conservar carcaças.

Contestando, comunico cá conseguimos comboiar cobre captado (colheita consular comum), creditando-o cofres consignatário competente. Calculo conseguilo-ás, contanto caves corajosamente.

Conforme contas, consideras cós curtos como cômoda conjuntura, configuradora cinematográficos contornos carnes cobiçáveis. Curioso: caso curtificação continue, conseguiremos conhecer coxas, calças?... Cáspité!

Continuarei contando. Com comoção consentânea com cogitações contemporâneas, costumo compor canções. Convém conheças:

C A N T A D A.

Caso contigo, Carmela,
Caso cumpras condições:
Cobrarei casa, comida,
cama, cavalo, canção,
carinho, cobres, cachaça,
carnaval camaradão,
cassino (com conta certa)
cerveja, coleira e cão,
chevrolé cinco cilindros,
canja e consideração,
calista, calefação,
chá, café, confeitaria,
chocolate, chimarrão,
casemira – cinco cortes,
cada compra – comissão,
conforto, comodidades,
cachimbo, calma, ... caixão.
Convém-te, cara Carmela?
Cherubim!... Consolação! ...
Caso contrário, cabaças!
Casarei com Conceição!...
Chega! Caceteei?
Consola-te, concluí!
Com cordial, comovido:
Colega, constante camarada,

Ass. João Guimarães Rosa.

(Cônsul, Capitão, Clínico conceituado).

Confirme chegada carta comunicando-me com cartão.

João Guimarães Rosa, romancista e João Cabral de Melo Neto, poeta, ambos Cônsules do Brasil, foram dois grandes escritores brasileiros do século XX.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Os acentos gráficos indicam sílaba tônica (refém, recém) e se a vogal é aberta (pé, pó) ou fechada (alô, você): (´), (^) e (`).

São acentuadas as palavras monossílabas tônicas terminadas por a, e, o, seguidos ou não de s:

má(s), ré(s), só(s)

SEM ACENTO

ri, ti, nu, tu, cru, mel, flor, dor

Acentuam-se igualmente as palavras oxítonas terminadas por a, e, o, seguidos ou não de s:

cará(s), café(s), pitó(s), armazém, armazéns

SEM ACENTO

aqui, ali, tupi, infantis, Itu, Bauru, Peru, angu, urubus, vez, talvez, xadrez

Também são acentuadas as palavras monossílabas e oxítonas com ditongos abertos:

éi, ói, éu: réis, papéis, lençóis, mói, destrói, céu, chapéu

Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:
l, n, r, x, ã(s): útil, inútil, pólen, ímpar, tórax, ímã(s)
i(s), u(s): júri(s), víru(s)

um, uns, ons, ps: fórum, fóruns, nêutrons, bíceps

ditongos: sítio(s), cárie(s), órgão(s)

SEM ACENTO:

ee, eia, oia, oo: creem, leem, veem, ideia, geleia, Coreia, boia, jiboia, Troia, voo, zoo, abençoo

Todas as palaras propoaroxítonas são acentuadas: música, médico, paralelepípedo

são acentuados os i e u tônicos, 2ª vogal do hiato: saída, saúde , caída

SEM ACENTO

Os i e u antes de nh (rainha), ou na mesma sílaba de l, m, n, r e u: Saul, ruim, ainda, sair, saiu

Não se acentuam o u tônico depois de ditongo nas palavras paroxítonas: baiuca, feiura; também as palavras paroxítonas que trazem i e u juntos: xiita, juuna

Acentuam-se: pôr, ele pôde, eles têm, contêm, mantêm, vêm (verbo vir), convêm. provêm

Não serão mais acentuadas palavras terminadas em:

-ei, -eia - A frase: “Disse o Arimateia: senhorita Leia, por favor, leia sua verborreia”, não tem acento.

-oi, -oide: debiloide

-oia ⁄oio: pinoia, joia...

Assinalam-se com acento circunflexo:

a) Obrigatoriamente:

- pôde (3ª. pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo, para se distinguir de pode, no presente do indicativo).

b) Facultativamente:

- dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo), para se distinguir de demos (pretérito perfeito do indicativo);

- fôrma (substantivo) para se distinguir de forma (3ª pessoa do singular do indicativo presente ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo formar).

Não recebem acento agudo ou circunflexo as palavras paroxítonas que tendo respetivamente/respectivamente vogal tônica/tónica aberta ou fechada, são homólogas de palavras proclíticas.

Atenção: não se distinguem por acento as palavras:

- para (verbo parar) de para (preposição);

- pela (subst.) de pela (flexão do verbo pelar);

- pelo (subst.) de pelo (flexão do verbo pelar) e de pelo = por-los (preposição);

- polo(s) subst. e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc.

- coa (s) flexão do verbo coar e de coa (s), combinação de com+a; comum em Portugal e também o topônimo Côa, que é a Vila Nova de Foz Côa, no Distrito de Guarda,norte de Portugal..

Atenção para a exceção: pôde (3ª. pessoa do sing. pret. perf. do indicativo).e pode (3ª. pessoa do sing. pres. do indicativo).

Agora temos apenas dois acentos diferenciais obrigatórios:

pôde e pôr forma verbal e por preposição; e mais dois facultativos: fôrma e dêmos.

Não recebem acento para distinguir paroxítonas homógrafas heterofônicas /heterofónicas, tais como:

- acerto (subst.) e acerto (flexão do verbo acertar);

- acordo (subst.) e acordo (flexão do verbo acordar);

- almoço (subst.) e almoço (flexão do verbo almoçar);

- aventura (subst.) e aventura (flexão do verbo aventurar);

- cerca (subst.) e cerca de (locução prepositiva) e cerca (verbo cercar);

- colher (subst.) e colher (flexão do verbo colher);

- conserto (subst.) e conserto (flexão do verbo consertar);

- comento (subst.) e comento (flexão do verbo comentar);

- como (conj.) e como (flexão do verbo comer);

- conforto (subt.) e conforto (flexão do verbo confortar).

- consolo (subst.) e consolo (flexão do verbo consolar);

- coro (subst.) e coro (flexão do verbo corar);

- deste (contração de de+este = deste) e deste (flexão do verbo dar);

- destroço (subst.) e destroço (flexão do verbo destroçar);

- fora (verbo ser e ir) e fora (advérbio, substantivo e interjeição);

- jogo (subst.) e jogo (do verbo jogar);

- lamento (subst.) e lamento (flexão do verbo lamentar);

- piloto (subst.) e piloto (flexão do verbo pilotar);

- reforço (subst.) e reforço (flexão do verbo reforçar); etc. ...

terça-feira, 27 de abril de 2010

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E MEIOS DE COMUNICAÇÃO

O impacto das atividades humanas sobre o ambiente natural, objeto de estudo das ciências naturais, que buscam soluções para problemas como a poluição do ar e da água, desmatamento, erosão dos solos, perda da biodiversidade e a desertificação, afeta o equilíbrio ecológico do planeta. A pesquisa “Análise da desertificação nos sertões dos Inhamuns – Ceará, no contexto das políticas públicas e o papel da mídia” tem sua área de concentração em Tauá, município aprovado pelo Unicef por suas ações em favor do meio ambiente. A contextualização histórico-geográfica e científico-cultural das políticas socioambientais, o problema na história, na música e na literatura e nas notícias veiculadas nos jornais “O Povo” e “Diário do Nordeste”, entre 1992 e 2002, a avaliação do nível de informação da população de Tauá, o comprometimento e o conhecimento dos jornalistas sobre a temática ambiental são abordados neste trabalho. A desertificação é um obstáculo para o convívio no sertão, locus de políticas públicas emergenciais, prometidas em campanhas e anunciadas pela mídia, nunca chegam de forma efetiva, representando também ameaça ao desenvolvimento socioeconômico do Estado. Faz-se necessária, portanto, a adoção pelo Poder Público de processo de educação geral sistemática e de ecologia humana, em todos os níveis, para se poder reverter o quadro de ameaça e os níveis de pobreza e miséria da população sertaneja. Ademais, é necessário melhorar a formação do jornalista para que a cobertura dos temas ambientais saia do factual para o acompanhamento do processo. Agora não basta apenas reciclar e reutilizar, é necessária a mais profunda mudança de paradigma no sistema de produção e de consumo.

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS JORNALISTAS

Os jornalistas cearenses consideram que a abordagem da questão ambiental na mídia local e nacional é insuficiente e ruim. As opiniões foram colhidas em entrevistas diretas nas redações dos jornais O Povo e Diário do Nordeste e são variadas. Algumas indicam uma acentuada falta de capacitação dos jornalistas para escrever ou falar sobre o meio ambiente e sobre as questões relativas nos veículos de comunicação em que atuam. Outras dizem que o tratamento do tema está, em geral, ligado a fatos, eventos, seminários, publicações, declarações, denúncias e não há continuidade. A cobertura ambiental acontece em forma de “movimentos pendulares” já que os jornais tratam a temática dentro da factualidade.

Os editores tendem a olhar a questão como sendo de outras editorias. Quando escrevem sobre meio ambiente nas respectivas editorias, os jornalistas limitam-se à abordagem parcial. A editoria de política só fala de depoimentos de políticos, sem qualquer aprofundamento ou comentário. Já a editoria de economia somente trata da pauta ambiental no caso de envolvimento de grande empresa ou se houver impacto econômico considerável. A editoria de cidade, por sua vez, só se interessa por eventos relativos ao tema. De um lado, existe acentuada “dificuldade”, por parte dos jornalistas, “de ver o que acontece fora da redação”; de outro lado, por parte da Academia, existe a “dificuldade de comunicar para a sociedade os resultados das pesquisas e trabalhos” e de participar na solução do processo. E mais, se o assunto colocar algum dos sócios da empresa ou grandes colaboradores (publicidade) em situação embaraçosa, o tema simplesmente não é tratado, sai da pauta imediatamente.

Há os condicionamentos econômicos inerentes à própria situação da empresa, que se aliam àqueles ligados às novas tecnologias, permitindo que, cada vez mais, todos tenham acesso ao maior número de informações de forma quase simultânea. Os jornalistas do O Povo e do Diário do Nordeste opinam que a inclusão de notícia sobre tema ambiental na pauta dos jornais acontece quando existem:

• Fatos (protestos, declarações, empresas prejudicadas, seminários) sobre o tema;
• Interesse pessoal: repórter traz temas relacionados ao meio ambiente para a reunião de pauta;
• Denúncias de fontes ou organizações.

Os jornalistas entrevistados consideram também que a contribuição dos jornais para ampliar o debate na sociedade sobre a temática ambiental é reduzida e limitada porque:

• Faltam conhecimento e preparação dos jornalistas para tratar o tema;
• Pouca gente lê jornal;
• O jornal dificilmente chega ao homem do campo, é lido só na cidade;
• Há uma avalanche de informações a serem tratadas pelos repórteres no dia-a-dia.

Para ampliar o debate e tornar a cobertura sobre meio ambiente na mídia mais efetiva e eficaz, os jornalistas que responderam à pesquisa sugerem:

• Melhorar o conhecimento dos jornalistas sobre a temática ambiental;
• Ouvir movimentos – ONGs, Associações, Sindicatos, especialistas etc.;
• Aproximar a Redação dos jornais às universidades;
• Não compartimentar a cobertura jornalística;
• Mudança de cultura e paradigma: da cobertura factual para o acompanhamento do processo.

As avaliações dos jornalistas sobre a cobertura ambiental nos jornais “O Povo” e “Diário do Nordeste” levam em consideração a factualidade, a fragmentação da Redação dos jornais em compartimentos específicos para cuidar de uma só temática, o encastelamento dos jornalistas e dos pesquisadores na Academia, a influência do poder econômico e político e até a falta de preparo específico do profissional da imprensa para lidar com o tema ambiental (Figura 1).

Avaliações dos jornalistas (O Povo e Diário do Nordeste) sobre coberturas nos veículos

FACTUALIDADE

”Encontro de desertificação, sim, é importante, dali você vai tirar outras coisas, mas você não sai dessa história, da factualidade”.

“É a cultura de mídia que temos. Essa coisa dos temas que voltam à pauta conforme o período; tem a questão da sazonalidade e da factualidade”.

COMPARTIMENTO

“Quando existem eventos na cidade que dizem respeito ao tema (encontros, seminários ou discussões) nós da Editoria de Cidade cobrimos porque o Caderno Regional, que geralmente trata dessa temática, fecha mais cedo”.

“Na área de negócios a gente só trata do assunto quando ele tem uma implicação financeira, quando o impacto ambiental influencia nos negócios”.

ENCASTELAMENTO

“Acho que deveria vir mais para a pauta, mas vem, vai e volta, o jornalista de qualquer Redação está encastelado, ninguém sai”.

“Nós que comandamos a Redação, cada um no seu núcleo, temos dificuldade de enxergar determinadas coisas porque somos presos às atividades internas”.

“A Universidade tem que deixar de pensar que jornalista não sabe escrever sobre temas que ela pesquisa. O jornalista não é obrigado a dominar conceitos, {...} ele deve dizer que a desertificação é palpável, que ela está no seu quintal, se você não parar de tirar o imbuzeiro, o pau santo, você vai começar um processo sem volta”.

INFLUÊNCIA DO PODER ECONOMICO

“Normalmente quem agride o meio ambiente são os grandes empresários, que, muitas vezes, são anunciantes do jornal, daí fica complicado. Isso limita. Qualquer jornalismo é limitado pela questão econômica, política e dinheiro”.

FALTA DE PREPARO E CONHECIMENTO DOS JORNALISTAS

“Não há repercussão. É como se as pessoas lessem e pensassem: isso não é comigo. É preciso melhorar a forma como é abordado, falta conhecimento ao jornalista para tratar o tema”.

“O meio jornalístico não está preparado. Não há consistência, nem se dá seguimento, é eventual, quando surge uma denúncia”.

“O meio jornalístico não está preparado para cuidar desse assunto. A gente sente até no meio acadêmico a falta de estrutura sólida com relação a esses questionamentos; são pontuais”.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO

Neste estudo, ficou demonstrado que Tauá é o município mais citado no período de 1992-2002 nas reportagens dos jornais “O Povo” e “Diário do Nordeste” sobre seca e desertificação e também que, apesar da relevância do tema para o Ceará, a maioria das matérias são factuais e dependem muito da disponibilidade de agendamento do meio de comunicação, pois acontecem apenas quando há seca declarada, encontros e estudos sobre seca, saques e datas comemorativas. Está claro, ainda, pelo que ficou demonstrado na variação de índices de desertificação divulgados pelos jornais pesquisados, que a cobertura do tema na imprensa local também leva à imprecisão, á confusão e desinformação da população. Os próprios jornalistas entrevistados reconhecem nas redações que eles são levados pela factualidade no agendamento das matérias. Para melhorar a qualidade da cobertura jornalística recomenda-se fazer uma ponte entre as redações e as universidades, quebrando o encastelamento dessas instituições, melhorando o nível de conhecimento dos jornalistas, o que poderia ser feito desde o seu período de formação. Esta aproximação entre a Academia e a Redação dos jornais poderia fazer com que a população tomasse conhecimento e entendesse melhor os estudos realizados sobre o tema na Universidade e também conhecesse as políticas públicas para a região. Afinal, a mídia, a Academia, a população, todos são responsáveis no processo. De nada adiantam os 1.369 artigos / reportagens sobre seca / desertificação publicados no período de 1992 a 2002, que continuam sendo publicados atualmente, se a população não toma conhecimento. Pouco vale o estudo ou pesquisa acadêmica se os governantes não aplicam o conhecimento na elaboração de suas políticas públicas.

Verifica-se, ademais, que seca e estiagem transformam-se em matérias dos jornais e são os temas mais explorados pelos políticos durante as campanhas eleitorais e eleitoreiras, que o tema da seca ajuda a todos, mas não se resolvem os problemas do homem sertanejo, agravados pela problemática da desertificação, que, aliás, é um obstáculo para o convívio no sertão e uma constante ameaça ao desenvolvimento socioeconômico do Estado. Recomenda-se, portanto, também, diante deste quadro de avassaladora realidade desta nação nordestina, que o poder público adote um processo de educação sistemática de ecologia humana, em todos os níveis de ensino, para se poder reverter o quadro de ameaça e o nível de pobreza e miséria da população.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O HÍFEN

Um dos pontos mais polêmicos, complicado mesmo, do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é o uso do hífen. Nestas breves linhas de hoje vamos falar sobre situações que o Acordo retirou o uso do hífen.

Não se usa mais o hífen

Locuções da preposição “de” com as formas monossilábicas do verbo haver: hei de, hás de, há de, heis de, hão de; nas locuções de qualquer tipo, sejam substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas, conjuncionais ou verbais: pau a pau, pau a pique, ponto e vírgula, rosa dos ventos, toma lá dá cá, por do sol, por de sol...

Substantivas. Duas ou mais palavras funcionam como um substantivo: abraço de paz, bafo de onça, cabeça de bagre, dia a dia, espírito de porco, faz de conta, gota de água, homem de palavra, idas e vindas, jardim de infância, língua de trapos, mãe de santo, nariz de cera, olho de sogra, pai de santo, quadro a quadro, rabo de cavalo, sala de jantar, terra sem lei, unha de gato, vinho de maçã, Zé dos anzóis, xixi de anjo. Atenção para os compostos já consagrados: água-de-colônia/colónia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, cor-de-rosa, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa...

Adjetivas. Há na expressão duas ou mais palavras em que a primeira é, em geral, preposição com função de adjetivo: a cântaros, a esmo, a galope...

Pronominais. Quando o conjunto de duas ou mais palavras equivale a um pronome: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja...

Adverbiais. Quando duas ou mais palavras, sendo a primeira preposição, funcionam como advérbio: à baila, à beça, a bel prazer, a calhar, a cântaros...

Prepositivas. Quando se dá a reunião de duas ou mais palavras que funcionam como uma preposição: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de... à cata de, à custa de, a despeito de, à espera de, à maneira de, a modo de, a par de, a ponto de, a poucos passos de...

Conjuncionais. Quando duas ou mais palavras funcionam como uma conjunção: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que...

Atenção

A partícula “ré” não tem qualquer uso de hífen. A partícula “reto” só tem hífen em reto-romance, reto-românica e reto-romano e a partícula “retro” só tem hífen nas palavras retro-oclusão, retro-ocular, retro-operar, retro-ovárico.

domingo, 25 de abril de 2010

ECOLOGIA

O que você entende por ecologia?

Literalmente é o “estudo da casa”. Estudo científico do ambiente compreendendo componentes orgânicos e inorgânicos.

Permeabilidade: envolvimento com a geologia, a física, a química e a matemática. Estende interface às interações humanas: estética, ética, política, sociedades, leis, economia.

Abordagem reducionista: estudo das espécies individualmente.

Holística: totalidade do ambiente do planeta.

Primeiros ecólogos: Hominídeos, Theophrastus e Aristóteles.

Termo criado por Hanns Reitter, definido pelo biólogo alemão Ernst Haeckel, em 1866: “Ecologia é o corpo científico que se preocupa com a economia da natureza – a investigação das relações totais dos animais, tanto com seu ambiente inorgânico, quanto com o orgânico”.

1905: “ciência da comunidade” (Fredrick Clemens, ecólogo vegetal estadunidense).

1913: criada a Sociedade Ecológica Britânica.

1915: Sociedade Ecológica da América (Estadunidense).

1927: “história natural científica” ligada à “sociologia e ecologia dos animais” (Britânico Charles Elton).

1958: “ciência do ambiente” ou “Umweltlehre” (Karl Friedrichs).

1959: “estudo das estruturas e funções da natureza”; 1962; “estudo das estruturas e funções dos ecossistemas” (Eugene Odum).

Ecossistema ou sistema ecológico: unidade organizacional constituída por todas as coisas – vivas e não vivas – que ocorrem em um espaço particular.

Abordagem antropológica: estudo da diversidade biológica e comportamental no lócus geográfico no tempo e no espaço.

Cultura: conjunto de conhecimentos adquiridos (comportamento, valores, linguagem, tecnologia), em oposição ao que é herdado pela genética.

Antropologia ecológica: convivência de grupos humanos em diversos ambientes e a forma como a ecologia dessas populações influencia nas características culturais associadas a cada grupo.

Determinismo ambiental: de teoria dos humores (sangue, pigarros e biles amarela e negra), de Hipócrates até a idéia de que características ambientais têm um efeito causal sobre a presença de traços culturais específicos. Talvez seja a mais antiga das abordagens da ecologia humana; engloba a visão das relações humanos-meio-ambiente, de Hipócrates.

Ao longo da história de civilização ocidental a abordagem predominante da ecologia humana era considerá-la no seu todo. No século XVIII Montesquieu atribuiu uma relação de causa e efeito entre o ambiente e o fenômeno social, pela qual o clima tinha uma influência direta sobre o comportamento e a personalidade.

sábado, 24 de abril de 2010

OS NÍVEIS DE LINGUAGEM

Podemos considerar a língua como sendo um dos códigos de que se serve o homem para elaborar mensagens e para se comunicar. Mas há outras formas de comunicação entre um emissor e um receptor.

Há duas modalidades de língua: a língua culta ou padrão, que deve, por exemplo, ser utilizada pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas), cuja função é a de serem aliados da escola na divulgação da norma culta da língua e a língua funcional, coloquial ou popular, utilizada no nosso cotidiano.

A norma culta é normalmente ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. A linguagem popular é mais espontânea e até admite certos desvios da linguagem padrão, admitindo-se, inclusive, a utilização de gíria. É necessário que se conheça as duas modalidades e que se compreenda o momento em que se pode utilizar uma e outra.

Não vamos tratar aqui de erro, mas de desvios ou transgressões da norma culta da língua. Estes pequenos deslizes podem ser admitidos no nosso dia a dia entre amigos e familiares, mas jamais em ocasiões formais e muito menos por repórteres ou articulistas que se utilizam dos meios de comunicação para divulgar suas ideias. Os jornalistas são lidos escutados por estudantes em processo de formação, por isso não se admite que cometam deslizes ou transgressões da norma culta da língua.

Obviamente que a língua é viva e dinâmica. Está constantemente em evolução e em processo de criação, segundo o uso que dela se faz. Os gramáticos e dicionaristas acabam adotando como padrão o que vai sendo consagrado pelo uso. Portanto não cabe aqui tratar de “erros” ou de fazer “correções”, mas apenas registrar o que está sendo usado e como está sendo usado pelos meios de comunicação para estimular o processo de aprendizado e de discernimento do que é normal, culto ou padrão, segundo a gramática vigente.

Enquanto professor cabe a cada um ensinar as duas modalidades, mostrando as características de cada uma. O mais importante é que se aprenda como e quando utilizá-las. Nem tudo deve ser admitido, claro, e, no que diz respeito à ortografia, a correção é fundamental.

A língua escrita deverá sempre ser mais elaborada que a língua falada, porque é isso que vai manter a unidade linguística de um povo. Por isso é muito importante saber o que determina a gramática para poder escrever bem um texto. Importante é fazer o educando perceber que o nível da linguagem, a norma lingüística, deve variar de acordo com a situação em que se desenvolve o discurso.

É o ambiente sociocultural que determina o nível de linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. Deve-se ter muito cuidado com a linguagem técnica ou específica de cada profissão. Ao falar de economia, o jornalista deve ter cuidado para não se esmerar demais no “economês”. O padre ou o pastor deve usar uma linguagem distinta daquela que utiliza na missa ou no culto religioso. O engenheiro não pode empregar termos técnicos demais ao falar para pedreiros. Nenhum de nós será pedante o suficiente para utilizar no cotidiano apenas a norma culta da língua, mas devemos conhecê-la para utilizá-la na escrita.