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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Cidade Sustentável


Eleições

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna*


Cada eleição, especialmente as municipais, é mais uma boa oportunidade para os eleitores e cidadãos mudarem a sua cidade através do voto em alguém melhor, por que o voto nulo só acaba favorecendo aos atuais detentores do Poder, que mereciam ser mudados.


Um meio ambiente adequadamente bem cuidado é condição fundamental para a qualidade de vida que todos merecem. Entretanto, meio ambiente não é só cuidar das plantas e dos bichos, mas também das pessoas, pois somos natureza também, e conscientes de nós próprios.

Para nos, a realidade é mais que apenas a parte física que vemos, percebemos com os nossos sentidos, mas é também o que sonhamos, as utopias de um mundo melhor que queremos para nós e para nossos filhos, e que começa em nós em primeiro lugar, em seguida à nossa volta, em nossas cidades, para aí sim alcançar o Estado, o País, o Mundo.

Os Estados, os países, são abstrações jurídicas. Vivemos, de verdade, é nas cidades.

Entretanto, entre nossos sonhos de viver numa cidade melhor, e efetivamente ver estes sonhos transformados em realidade, isso irá requerer muito mais que apenas aprender a votar melhor, mas também a fazer a nossa parte, por que a cidade melhor que queremos não começa em nosso vizinho ou nos políticos, mas começa em nós. Quem espera que o mundo melhor comece no outro, ou está se iludindo, ou está agindo de má vontade para não querer colaborar.

A boa notícia é que a sociedade, de uma maneira geral, está cada vez mais consciente ambientalmente. Talvez não saibamos ainda exatamente que caminhos percorrer, como nos desembaraçar das confusões em que nos metemos e dos problemas que criamos, mas seguramente sabemos os caminhos a evitar.

E, neste sentido, as questões ambientais ou da sustentabilidade não são privilégio ou domínio deste ou daquele partido, ou ONG, mas é uma responsabilidade comum, de todos, cada um de acordo com sua responsabilidade e capacidade.

Os problemas todos já conhecem. Podem ser mais ou menos, diferentes aqui ou ali, mas todas as nossas cidades possuem carências de um estilo de vida baseada no consumismo, no crescimento sem planejamento, no descarte meio irresponsável de nossos resíduos, na pouca importância com que tratamos nosso voto, delegando um poder a representantes que irão agir em nosso nome, definir políticas, aplicar nosso dinheiro, e sequer lembramos o nome deles alguns dias depois das eleições.

Entre os principais cuidados para se ter e se pensar uma cidade sustentável está o de romper com a atual tendência da compartimentalização dos assuntos ambientais e da sustentabilidade em estruturas esquálidas, sem recursos, sem importância política, que geralmente são as últimas a saberem dos assuntos na Administração.

É preciso ECOLOGIZAR E MUNICIPALIZAR A GESTÃO AMBIENTAL.

Preservar o meio ambiente não pode - nem deve - ser tarefa de uma secretaria ou órgão específico, mas de todos, muito menos ser tarefa apenas do poder público, mas também das empresas, ONGs, sociedade em geral.

Os caminhos para essa ‘ecologização’ na administração podem ser vários, depende mesmo é da decisão política dos dirigentes e fundamentalmente de indicadores de resultados democráticos e realistas e de um sistema horizontal de comunicação em que todos possam ter amplo acesso às informações de interesse público.

Uma sugestão pode ser utilizar a própria estrutura ambiental existente para ampliar a discussão, promover a capacitação necessária, estimular e monitorar a evolução de uma forma de administrar, compartimentalizada, para outra, ecologizada.

O atual Conselho Municipal de Meio Ambiente poderia ser fortalecido e valorizado e se tornar a ponta de lança para o debate em torno desta mudança, definir os indicadores e as metas, definir as formas de avaliação de resultados, definir os mecanismos de transparência e comunicação, onde os diversos setores da sociedade, os diversos órgãos dos poderes executivo, legislativo, judiciário poderiam definir que ‘ecologização’ é possível.

A iniciativa privada e as ONGs também devem participar, por exemplo, através de seminários e audiências públicas em cada bairro ou comunidade. Outra tarefa fundamental é a capacitação e treinamento dos funcionários municipais para ecologizarem a administração - uma parceria que poderia nascer com as universidades sediadas na cidade -, afinal, a mudança não resulta do acaso e não se pode pressupor que todos dominam este assunto. Esta capacitação já deveria levar em conta a tendência do governo Federal e Estadual de repassar cada vez mais responsabilidades aos municípios, por exemplo, com o licenciamento e fiscalização ambiental.

Neste contexto, seria importante instituir uma OUVIDORIA AMBIENTAL, com instalações públicas condignas e aparelhadas para atender a todo cidadão que deseje formular reclamações ambientais, as quais serão processadas e respondidas no prazo máximo de 20 dias, inclusive passando a contar com a LINHA DIRETA AMBIENTAL, um telefone com ligações grátis para recebimento de denúncias e sugestões da população.

Também estabelecer uma POLÍTICA ECOLÓGICA DE COMPRAS na Administração optando por materiais menos agressivos ao meio ambiente, que sejam mais duráveis, de melhor qualidade, recicláveis ou que possam ser reutilizáveis e incluiremos, entre as exigências básicas para contratação de prestadores de serviços e fornecedores, que comprovem a adoção de práticas ambientais de gestão, indicadores de ecoeficiência e de treinamento ambiental de seus funcionários e demonstrem a eficácia dos resultados de projetos de responsabilidade sócio-ambiental corporativas.

Vilmar é escritor com 15 livros publicados. Na Paulus, publicou “Como Fazer Educação Ambiental”, “Comunicação Ambiental”, “O Desafio do Mar”, “O Tribunal dos Bichos”, entre outros, e nas Paulinas, “Pensamento Ecológico” e “A Administração com Consciência Ambiental”, transformados em curso à distância pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e em 2003 o Prêmio Verde das Américas. É fundador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e editor do Portal (www.portaldomeioambiente.org.br ) e da Revista do Meio Ambiente (www.revistadomeioambiente.org.br ). Mais informações sobre o autor:www.escritorvilmarberna.org.br ). Contatos: vilmar@rebia.org.br

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