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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Contradizes

A música ao violão era agradável aos ouvidos de quem chegava ao Teatro José de Alencar, na tarde desta quarta-feira, 20, para a estreia da peça Contradizes, apresentada pelo Curso de Princípios Básicos de Teatro, 2011, manhã. As pessoas recebiam as senhas no balcão e eram instadas a aguardar no pátio. 15 horas soa a campainha. Forma-se rapidamente a fila. Suspense. Aviso: “atenção, devido a um problema técnico com a iluminação, teremos um atraso de 30 minutos”. Dispersão. Os atrasados acabaram beneficiados.


15h30min. Novo sinal da campainha. A fila, já formada, aguarda mais 15 minutos para poder entrar. Palco principal. Já com os atores no cenário. Luzes apagadas. Tropeços. Busca de arquibancadas. Celulares que tocam. Pessoas que conversam.

15h45min. Começa o espetáculo. Dois grupos de atores podiam ser vistos. Uns em pé. Outros abraçados e tão bem enroscados que pareciam apenas três, ou, no máximo, quatro. Ao se desenroscarem e ficarem de pé eram sete. Ao centro, duas cadeiras, uma de frente, com um nariz de palhaço, outra de lado. Entra o primeiro personagem pelo lado, dá dez passos, dança, faz gestos, senta na cadeira que está vazia, pega o nariz de palhaço. Cada vez que o coloca sobre o nariz, toca uma música, ele se alegra; tira o nariz, a música se acaba ele se entristece.

Os 17 atores estão todos com um figurino cinza, tipo macacão, com as 20 unhas pintadas em um tom pouco mais escuro que a roupa. Atuavam em grupos distintos. Às vezes em dupla. Ora dançavam. Ora grunhiam. Os grupos, tal qual um exercício que fiz esta semana na Oficina de Dança com Andréia Pires e Daniel Pizamiglio, executavam tarefas distintas em seu espaço do palco.

Juntos cantaram: “Beijei a boca da noite e engoli milhões de estrelas, fiquei iluminado e me acordei mil anos depois por trás do Universo”. Neste momento lembrei-me de Raul Seixas. Mas, na verdade, o texto é extraído do poema Ação Gigantesca, de Mário Gomes.

Contradizes fala de mundos paralelos, fantásticos que, como diz o nome, se contrapõem. Fala também de sonhos, devaneios, ilusões. Nada é somente bom ou inteiramente mau. É tão feio ou intensamente belo. É puramente forte ou simplesmente fraco. Tudo se reflete na emoção filosófica e psicológica do ser humano. Mostra como cada indivíduo encara a vida e o significado. O nariz de palhaço significa a alegria e a retração de cada um de nós e mostra a dualidade humana.

Em cartaz de 20 de julho até domingo, 24, às 15h e 18h no Teatro José de Alencar, Centro de Fortaleza. Vale conferir.

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